sexta-feira, 22 de julho de 2022

CITAÇÕES

 
[Isaac Newton] terá concluído que é mais fácil descobrir os segredos das estrelas do que compreender a loucura dos seres humanos.

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Pelo contrário, Walpole [o primeiro primeiro-ministro efetivo do Reino Unido] enriqueceu com a fraude.

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[Numa reunião de cinco antigos primeiros-ministros do Reino Unido] um deles, Callaghan, perguntou aos seus colegas o que teriam em comum, e MacMillan, um conservador que exercera funções duas décadas atrás, terá sugerido “a falta de princípios”.

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As mentiras que levaram à demissão de Boris Johnson têm ilustres precedentes. 

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Qual é o futuro de uma democracia governada ao longo dos tempos por tal falta de princípios.

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[Essa falta de princípios] é uma banalidade, se não, porventura, o modo deslavado de descrever as constelações dos interesses na sombra e na luz de Governos poderosos.

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[Por exemplo] o filho de Thatcher teria aproveitado os fulgores do poder para ser intermediário em vendas de armas aos sauditas.

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[Por exemplo] catadupas de governantes aparecem nos Panama Papers e em cada uma das revelações posteriores.

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[Por exemplo] Trump continua a esquivar-se à investigação sobre a sua trafulhice nos impostos.

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[Falta de princípios?] Trata-se, em todos estes casos, de decisões consistentes segundo o princípio do exercício do poder. 

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O discurso de Bolsonaro aos embaixadores acreditados em Brasília para justificar um golpe militar contra as próximas eleições é evidência do modo de governar dentro da toca do coelho.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Durante muito tempo [as democracias] foram formas de coordenação da dominação, excluindo as mulheres, os pobres e os escravos.

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Também continuaram a ser o espaço de disputa de direitos sociais pelas classes dominadas. 

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Democracias foram aniquiladas por populismos (…) e tuteladas por dinastias (…), em ambos os casos presumindo a estabilidade do poder.

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Se o bem comum é substituído pela vantagem pessoal dos mandarins ou pela arte da mentira, onde soçobra a lei sobra a força.

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Hoje, só a guerra distrai e confirma a mentira.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O desespero dos autarcas, sobretudo durante estes dois últimos anos, com os percalços do processo de descentralização, aparenta ter um fim tácito no momento em que se celebra um acordo parcial.

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Quatro anos depois do aperto de mão entre António Costa e Rui Rio, o poder central encarregou-se de nos mostrar todo um cardápio de horrores, entre atrasos e incapacidades, obstáculos e indecisões, incompetências ou negligências.

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Com este processo de descentralização, que não trabalha nem culmina no passo seguinte da regionalização, o engodo materializa-se num faz de conta ou num a ver vamos.

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Com este acordo que chega tarde e a más horas, cambaleante, não podemos esquecer todo o processo travado a solavancos e o engodo sobre a regionalização espelhado na absoluta incapacidade do poder central para cumprir um desígnio constitucional com 46 anos.

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Com ou sem referendo, com ou sem acerto ou alteração constitucional, a classe política que ocupa o poder desde o 25 de Abril continua a mentir ao país sobre a regionalização.

Miguel Guedes,JN

 

Os artigos de opinião publicados nas últimas semanas podem soar a discussões intelectuais e etéreas, mas chegam à maior parte das pessoas LGBTI+ que os leem como atos de bullying.

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Os opinion-makers parecem querer atirar areia para os olhos e ignorar a realidade dolorosa de milhares de pessoas LGBTI+ que ainda sofrem com o silêncio, com o medo e com a discriminação infligida pela sociedade portuguesa.

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Entre 2020 e 2021, os pedidos de apoio psicológico recebidos pela ILGA Portugal aumentaram 60%.

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Milhares de pessoas trans continuam em lista de espera durante anos para conseguir aceder a cuidados de saúde que lhes são negados.

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Na UE, uma em cada cinco pessoas sente-se discriminada no seu local de trabalho e uma em cada duas pessoas trabalhadoras LGBTI+ foi vítima de assédio e ameaças.

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A maioria das pessoas LGBTI+ jovens em Portugal ainda são vítimas preferenciais de cyberbullying e de bullying em contextos como a escola, o espaço público e também na família.

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E a cereja no topo do bolo: o Orçamento do Estado continua a fazer de conta que as pessoas LGBTI+ não existem.

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Venham trilhar connosco o caminho tortuoso da reivindicação dos nossos direitos novamente ameaçados.

Ana Aresta, “Público” (sem link)

 

A Uber é um caso evidente de uma nova tecnologia que nos facilitou a vida.

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Uma revolução destas não chega a um mercado sem provocar ondas de choque, muito menos num tão regulado como o dos táxis, onde tudo, desde o preço à entrada no mercado obedece a regras estritas.

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Portanto, a chegada da Uber iria sempre ser intempestiva, independentemente do método.

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Mas a fuga de informação revelada pelo The Guardian mostra mais do que a intempestividade normal deste tipo de inovações nos mercados.

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Em primeiro lugar, a Uber agiu fora da lei, sabia perfeitamente disso, e tinha até orgulho nesse facto.

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A Uber agiu à margem da lei de proteção de privacidade dos clientes e condutores.

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A Uber desenvolveu estratégias para fintar deliberadamente o controlo das autoridades.

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O que não é aceitável são reuniões secretas com responsáveis políticos, que em muitos países têm de revelar a sua agenda publicamente devido às regras que regulam a atividade de lobbying.

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Os files sugerem que a Uber perdeu dinheiro, vendendo serviços baratos relativamente ao que pagava a quem conduzia, com o objetivo de conquistar clientes e motoristas.

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Quando o objetivo desta prática é aniquilar a concorrência, ela até pode parecer muito boa no imediato, mas acaba por prejudicar os consumidores a prazo.

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Parece evidente que a Uber não oferece uma relação normal de emprego, até porque estes não têm horário de trabalho fixo.

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Uma coisa é reconhecer que as leis normais do trabalho dependente e independente não estão adaptadas a esta realidade, outra aceitar que vale tudo.

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Em suma, a Uber prosseguiu deliberadamente uma estratégia de facto consumado. Entrou em centenas de cidades de forma assumidamente ilegal.

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Depois [a Uber] confrontou os responsáveis eleitos com a sua existência de facto, forçando alterações legais que se adaptaram à Uber, em vez do contrário.

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A vertigem da tecnologia não vai parar e por isso outras Ubers, porventura mais sofisticadas e sinistras, podem estar ao virar da esquina ou já entre nós.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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