quarta-feira, 25 de setembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (122)

 
Regressei de férias com o país em chamas.

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Somando-se a certeza de que este tipo de catástrofe recorrente tende a piorar com o avançar dos anos e das alterações climáticas, apertava mais o peito a cada inspiração. A distopia é agora.

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Penso todos os dias na impossibilidade de não sucumbir à ansiedade climática.

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Como é que uma civilização suicida, que põe o lucro acima da vida humana (…) pode esperar que as suas crianças e jovens, tão expostos à informação como estão (aliás como nenhuma outra geração esteve tão cedo na vida), vivam otimistas e tranquilos?

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Como é que uma geração consciente de que viverá num mundo em colapso, com escassez dos mais básicos recursos e com muito poucas condições de segurança, pode aspirar, projetar, ambicionar?

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O niilismo vai ocupando o lugar da esperança. Tudo passa a receber um Para quê?

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Outra dimensão do problema é a forma como lidamos com o que é inevitável. 

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Pouco se fala do que podemos fazer para estarmos mais preparados, para minimizar os impactos, para sabermos o que fazer.

Capicua, JN

 

Ao longo dos tempos, temos visto sucessivas tentativas hostis de aumentos do custo de vida e, consequentemente, do custo de um diploma do ensino superior.

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Enquanto estudante e enquanto sujeito com espírito crítico, não posso ser complacente e submisso com quem, cêntimo a cêntimo, quer distanciar ainda mais todos os estudantes do Ensino Superior.

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Porque a verdade é que começa com uns cêntimos na refeição, e depois é o possível descongelamento da propina, e depois são as residências que aumentam os seus preços.

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Ao permitir os pequenos retrocessos sociais no acesso e na frequência no Ensino Superior estamos a abrir uma porta que, enquanto estudantes, não conseguimos controlar.

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Não podemos olhar para o que é, temos de olhar para o que pode vir a ser.

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Bem sabemos também que este tipo de retrocessos encontra a sua origem toda no mesmo lugar: o subfinanciamento crónico do Ensino Superior.

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Acabe-se a ambiguidade nas posições e a mão mole nas negociações, acabem-se os retrocessos no acesso ao Ensino Superior.

Francisco de Jesus, “Público” (sem link)

 

A principal premissa do sistema universal de saúde em Portugal mantém-se desde então [15 de setembro de 1979]: garantir a todos os cidadãos portugueses e residentes cuidados de saúde de qualidade independentemente da sua condição económica e social.

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O SNS é a grande conquista do 25 de Abril, que garantiu que a saúde passava a ser um direito de todos e não um privilégio de quem tem dinheiro.

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O direito à proteção da saúde constitui uma da responsabilidade conjunta das pessoas, diz a lei, o que tem tanto de poético como de pragmático.

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É um imperativo de consciência, pessoal e coletiva, defendermos este tesouro.

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O SNS tem enfrentado vários desafios ao longo destas quatro décadas e meia, mas os ganhos em saúde – que lhe devemos – são inegáveis.

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Vivemos mais e melhor.

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Nos primeiros 40 anos de SNS a esperança de vida dos portugueses aumentou uma década.

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Reduzimos abruptamente a mortalidade infantil: em 1974, Portugal era o país da União Europeia onde morriam mais crianças com menos de um ano; em 2022, éramos um dos dez dos países com menos taxa de mortalidade infantil.

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[O SNS] é o garante do direito constitucional à saúde.

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É um símbolo da sociedade democrática do país com que sonhámos em 1974, um Portugal livre, fraterno, solidário e feliz.

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Não há liberdade sem saúde.

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A nossa dívida para com aqueles que o ajudaram a construir é incomensurável – somos um país mais feliz, mais justo e com mais espaço para a esperança, porque há Serviço Nacional de Saúde.

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O SNS faz 45 anos e estamos todos de parabéns.

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Poucas reformas foram tão importantes parta a dignidade das pessoas e para o equilíbrio social, em Portugal.

Martha Mendes, “diário as beiras” (sem link)

 

Há quem receie que [nos EUA] a democracia esteja em risco e, em muitos aspectos, é difícil discordar.

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Em Orbán, e na trajectória da Hungria, temos uma história exemplar de como a democracia pode ser destruída a partir de dentro, de uma forma rápida e definitiva.

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Na altura [noite em que Orbán foi reeleito], muitos observadores consideraram improvável que Orbán pudesse mudar muita coisa, dada a integração do país na UE e nos mercados globais.

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Aquela noite marcou o início de uma tentativa deliberada de esvaziar a democracia na Hungria.

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À semelhança do Partido Republicano, o Fidesz de Orbán está irreconhecível desde há várias décadas. 

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As antigas elites conservadoras deram-lhe o apoio para a adopção de uma forma de política altamente divisionista.

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O que se seguiu [à vitória eleitoral esmagadora de Orbán pós 2008] foi uma experiência histórica para construir um regime iliberal dentro da União Europeia e, simultaneamente, questionar abertamente uma ordem baseada em regras.

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Com uma maioria dificilmente imaginável em qualquer país ocidental, o Fidesz de Orbán alterou a lei eleitoral através de uma extensa prática de gerrymandering (redefinição de círculos eleitorais para benefício político).

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Alterou a Constituição húngara 13 vezes para enfraquecer e desorientar a sua oposição.

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Estas medidas permitiram a Viktor Orbán encher as principais instituições do Estado com lealistas nomeados a longo prazo.

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Orbán impôs um maior controlo sobre a comunicação social do país.

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Tudo isto tem ajudado a controlar a informação difundida pelo Governo.

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Durante as eleições, o Fidesz colabora constantemente com os conglomerados de comunicação social do país para alimentar os receios do público.

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Este domínio de pilares fundamentais do Estado torna quase impossível a saída de Orbán do poder.

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Orbán construiu um círculo de cúmplices, que beneficiam dos fundos de desenvolvimento da UE atribuídos ao Estado. 

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Ao longo de 14 anos, Orbán aperfeiçoou um sistema que vai contra todos os princípios fundamentais de uma democracia liberal.

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A Hungria continua a ser o laboratório preferido da política nativista de extrema-direita na Europa e nos EUA. 

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Ainda que Orbán seja afastado do poder, não será fácil restaurar a independência institucional na Hungria.

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Quando a democracia se eclipsar, será extremamente difícil recuperará.

Zsuzsanna Szelényi, “Público” (sem link)


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