sábado, 28 de setembro de 2024

MAIS CITAÇÕES (301)

 
No início do ano académico, as faculdades enchem-se de preto.

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É impossível ignorar os grupos de estudantes universitários a submeterem-se a actividades humilhantes que chegam a causar constrangimento a quem passa por perto.

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É difícil explicar como é que a praxe sobrevive.

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É intrigante perceber como é perpetuada por uma geração de jovens que se orgulha de romper com as tradições retrógradas.

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Estes estudantes escolhem acreditar que a reforma da praxe faz dela aceitável, quando a única mudança relevante foi tornar-se voluntária.

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Não vêem que o preferível talvez fosse voltar à origem da praxe, onde os estudantes se organizavam para explicar o funcionamento da faculdade aos novos alunos, sem nunca os submeter a qualquer humilhação.

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Este sistema deixa qualquer um [estrangeiro] perplexo.

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A verdade é que, por vezes, parece que as universidades não se apercebem do espaço que a praxe ocupa.

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Esta prática extremamente antiuniversitária está na raiz do insucesso relativo de todos os outros eventos e clubes que a faculdade organiza.

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A energia dos estudantes que se deixam entrar na rotina da humilhação podia ser canalizada para outros grupos, como clubes de debate, desporto ou artes.

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É difícil compreender a passividade de muitas universidades relativamente ao fenómeno.

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A praxe prejudica a formação académica dos aluno.

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Tenho muitos colegas e amigos que aceitaram juntar-se à praxe. Não creio que nenhum deles o tenha feito por genuíno gosto, nunca apreciaram receber ordens aleatórias, fazer flexões ou cantar músicas brejeiras.

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Todos os meus amigos, quando olham para trás, percebem que a praxe é algo a que não se deviam ter submetido, que vai contra os seus valores e o verdadeiro espírito académico.

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Penso que, no primeiro ano da faculdade, sentiram culpa e renitência no momento de aderir, mas cederam ao instinto de seguir a maioria e à vontade de fazer parte de um grupo.

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Pergunto-me por quanto mais tempo a sociedade vai escolher banalizar a violência a que os estudantes são sujeitos nas faculdades portuguesas.

Helena Halpern, “Público” (sem link)

 

Esta semana, em Nova Iorque, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de uma centena de líderes políticos, de outros tantos países, fizeram discursos sobre o futuro para o Mundo com conteúdos que nos apresentam esse mesmo Mundo a desmoronar-se debaixo dos nossos pés.

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O futuro, em grande medida, é feito de respostas ao presente contínuo. 

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Neste conclave, a maioria dos participantes mais determinantes não apresenta propostas para tratar os problemas de hoje.

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Apesar do esforço do secretário-geral da ONU e de muitos negociadores que com ele se empenham, o amplo conjunto de áreas inerentes aos “Objetivos do desenvolvimento sustentável” não vão obter compromissos geradores de novas dinâmicas. 

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Há governantes, poderes, corporações, indivíduos, plataformas digitais e outras que se colocam acima da lei.

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Para vencer [o sofrimento profundo] é necessário solidariedade, cooperação e criação de esperança.

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Biden e todos os que não agem, na medida dos seus poderes, nesse sentido, tolhem o futuro.

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Várias vezes [Guterres] tem dito, com tristeza e vergonha, que a ONU está sem meios suficientes e é desrespeitada.

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O Mundo que conhecemos não sobrevirá ao agravamento do confronto entre as forças até aqui dominantes e as emergentes.

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À tristeza e vergonha que sentimos temos de opor a esperança.

Carvalho da Silva, JN

 

A União Europeia (UE) não cessa de mostrar sintomas da sua doença incurável.

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Os titulares das [instituições existentes] não revelam nem a formação, nem o talento ou a vontade de aprender indispensáveis para o razoável desempenho dos cargos.

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Parlamento Europeu (PE) escolheu [um enfrentamento direto NATO-Rússia, capaz de incendiar grande parte do mundo].

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A Moção, grosseiramente russófoba, cheia de exigências aos Estados da UE, é mais brutal do que muitas declarações de guerra registadas pela historiografia.

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O clímax guerreiro dos eurodeputados foi atingido, contudo, quando insistem em “que todos os EM da UE devem comprometer-se a apoiar anualmente a Ucrânia militarmente com não-menos de 0,25% do seu PIB.” 

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Os eurodeputados portugueses que querem mísseis a destruir Moscovo, nem que para isso seja preciso empobrecer ainda mais os portugueses, são todos os da AD, PS (exceção da abstenção de Bruno Gonçalves) e IL. 

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Os dois sensatos e residuais votos contra, respetivamente, do PCP e do BE, comprovam que Descartes errou (ou seria ironia fina?) quando escreveu que: “O bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo.”

Viriato Soromenho Marques, DN

 

Mas, umas vezes por pequenos períodos de tempo, de forma irregular e imperfeita, a força da liberdade permite aos homens governarem-se com base na igualdade e fraternidade, e a isso tem-se chamado democracia.

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Uma das forças da democracia, e não são muitas, é absorver as imperfeições, os conflitos de interesses e ideológicos, as diferenças, as contradições por meio de procedimentos que, mantendo a vontade popular expressa pelo voto,

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O maior risco numa democracia já com certo grau de consolidação não vem do voto (há excepções, Trump), mas da contaminação dos seus procedimentos pela sua irmã gémea, a demagogia.

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Na actual situação portuguesa há um impasse governativo, resultado das fragilidades do PSD e do PS, perante a emergência do Chega.

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Pelos vistos, os portugueses (que são, aliás, nestas coisas uma entidade abstracta) não querem eleições e estariam dispostos a punir quem as provocasse.

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Os dois partidos têm uma política que oscila entre o receio e a hesitação, um medir forças retórico e uma interiorização da ingovernabilidade.

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[O objetivo do ciclo de bebesses a que agora assistimos é] preparar eventuais eleições antecipadas, e pressionar o PS para tornar penalizadora a reprovação do Orçamento, que bloquearia muitas dessas benesses.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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