(…)
Ricardo Robles, que se teve de demitir por um
caso bem menos problemático do que os do primeiro-ministro ou dos deputados do
Chega.
(…)
A integridade é o segundo atributo mais
determinante para o voto, depois da proximidade ideológica.
(…)
[Na Madeira] o Partido-Estado até se reforça
quando as pessoas têm de escolher entre a honestidade dos eleitos e a
estabilidade política.
(…)
O eleitorado de Oeiras, que é o mais
qualificado do país, nunca deixou de votar num autarca que cumpriu pena de
prisão.
(…)
Montenegro quis ir a votos porque sabe o que a
casa gasta.
(…)
Extraordinário é que tenha o descaramento de o
dizer depois de ter passado semanas a culpar a oposição.
(…)
Acredita que, no fim, isso é que conta [ou
seja, o momento orçamental e o momento económico].
(…)
As falhas éticas dos dirigentes tendem a ser
determinantes quando uma crise nos tira conforto.
(…)
A maioria do país só ficou realmente irritada
com a desonestidade de Sócrates quando as nuvens económicas e orçamentais se
adensaram.
(…)
Tendemos a explicar a decadência dos regimes
com a degenerescência ética das elites.
(…)
Mas, o mais das vezes, só reparamos na ética
quando os regimes decaem.
(…)
E quando caem de vez [é a ordem que
preocupa a maioria].
(…)
Quando nos damos conta do preço da ordem,
costuma ser tarde demais.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
Em Miami, o célebre alinhamento de torres de
apartamentos edificado praticamente em cima do mar, levou as companhias de
seguros a fazer o inevitável: subir o preço das apólices à medida do risco.
(…)
[Em Portugal] será o Estado, ou seja, todos nós
com os nossos impostos, que iremos compensar a burla que todos os dias, à
frente de todos, o Estado continua a deixar que aconteça.
(…)
No dia em que o leitor lê estas linhas
continuam a ser aprovados e edificados projetos cujos promotores insistem
ardilosamente em instalar-se em domínio público marítimo, sobre cordões dunares
de proteção, …
(…)
[Atualmente conhecem-se bem] os riscos hoje
acrescidos de construção em leitos de cheia e frentes de mar expostos ao murro
meteorológico que as alterações climáticas implicam.
(…)
Tudo isto acontece no momento em que deveria
estar a acontecer exatamente o contrário: não construir em cima do mar! Nem
aqui nem em lado algum.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
Para
os mais de mil investigadores com projectos de investigação financiados pela
NSF (Organização de saúde pública com sede em Ann Arbor, Michigan que testa e
certifica alimentos, água e produtos de consumo) a decorrer no Pólo Sul este é um momento de
triplo I: indefinição, incerteza e irritação.
(…)
O
corte na NSF foi tal que dos directores de programas, essenciais para aprovação
de projectos e para a gestão da logística dos cientistas que estão isolados do
mundo no extremo sul do planeta, restou apenas um a tempo inteiro.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Aquilo
que no presente é, provavelmente, mais caro aos portugueses é a recuperação da
confiança num sistema de saúde que lhes assegure o tratamento atempado, competente
e humano, seja qual for a sua condição económica.
(…)
Um
serviço de saúde acessível, equitativo e eficaz, importante pilar de coesão
social, não pode ser amputado naquilo em que é insubstituível.
(…)
Há o
tempo e a obrigação de elaborar e apresentar, para estas eleições, propostas
com compromissos, prioridades, conceitos do que se pretende que seja o Serviço
Nacional de Saúde.
(…)
O SNS
foi criado há cerca de 45 anos. Desde então, a sociedade alterou-se
radicalmente e o SNS nunca foi repensado e consequentemente reformulado.
(…)
[Com muitos e variados fatores a ter em conta] a
despesa disparou vertiginosamente, levando ao subfinanciamento do SNS, que se
foi acumulando ao longo de anos.
(…)
Gastaram-se
verbas elevadíssimas para remendar buracos, sobretudo os mais mediáticos. Sem
renovar a estrutura apodrecida, os buracos continuarão a aparecer e o dinheiro
a esvair-se.
(…)
É uma
hipocrisia dizer-se que há consultas de todas as especialidades no SNS, quando,
na prática, há dois ou três anos de espera para algumas delas.
(…)
Por
favor, metam mãos à obra, concentremo-nos no que é realmente importante para as
pessoas: o SNS e a paz. Estão em causa a doença, saúde e a morte.
(…)
Está a
ser ponderado um investimento colossal do nosso dinheiro, sem que o povo tenha
sido ouvido, numa guerra onde estão a morrer milhares de jovens, ucranianos e russos.
Donde vai ser tirado este dinheiro, da Saúde, da Educação, da Justiça?
(…)
Senhores
políticos, será que “não sabem nem sonham” que milhões de portugueses ou têm o
SNS ou não têm nada, pois não podem pagar outras alternativas?
(…)
Se o
nosso sistema público de saúde colapsar, serão afetados mais dramaticamente,
como sempre, os pobres, mas também toda a classe média.
(…)
Qualquer
instituição, pública ou privada, que use o sofrimento de alguém com fins
carreiristas ou de negócio terá, a médio prazo, os dias contados.
(…)
Quando
a doença grave nos toca, sentimos o bom que é sermos tratados generosa e
incondicionalmente, com competência e compaixão autêntica.
António Sarmento, “Público” (sem link)
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