quarta-feira, 19 de março de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (147)

 
Apesar de as sondagens indicarem, neste momento, uma tendência de queda, a boa situação económica (herdada) e a distribuição de dinheiro (com o excedente herdado) podem dar nova vitória a Montenegro.

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Certo é que as histórias que vêm de um tempo em que Montenegro juntava a sua rede política aos seus negócios não vão desaparecer. Mesmo se vencer as eleições.

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Mas virá uma CPI, marcada pelo PS ou por outro partido.

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Como primeiro-ministro, Montenegro será, como já escrevi, uma bomba-relógio.

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[Se o PSD vencer em minoria] a vitória vai revigorar o governo durante uns meses. O suficiente para passar o tempo em que o parlamento não pode ser dissolvido.

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Será um governo vulnerável e frágil, que cairá ao mínimo sopro económico externo ou face a novas revelações sobre Montenegro.

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[Se] o PS vence em minoria e Pedro Nuno Santos fica na exata situação em que estava Luís Montenegro.

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Pedro Nuno Santos tem um ano, até porque não pode haver dissolução, e o PSD, ferido com estes acontecimentos, deixa passar o primeiro OE enquanto trata da sucessão de Montenegro. 

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[Pode acontecer uma] geringonça ao contrárioo PS vence, mas Montenegro alia-se ao Chega. Só que, desta vez, o “não é não” poderia vir do Chega.

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[O Chega pode] perceber que seria um suicídio a curto prazo, perante um primeiro-ministro triplamente fragilizado: pelos casos, pela derrota e pela aliança que disse que nunca faria.

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Os dois cenários prováveis resultarão num novo miniciclo.

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Aqui como no resto da Europa, essa espiral de instabilidade política só se ultrapassa anulando o motivo do bloqueio: a extrema-direita

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Esta ainda não deve ser a eleição que retoma os ciclos longos.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

No Carnaval saímos à rua para ridicularizar políticos e denunciar injustiças.

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Basta olhar para os carros alegóricos de certos países (Alemanha, estou a olhar para ti): os alvos são sempre os mesmos – Trump, Putin e Xi Jinping.

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Não sou contra que a denúncia de regimes opressivos estrangeiros. O que me surpreende é a falta de crítica interna. E na Europa, está tudo bem? São só os outros que não respeitam os direitos humanos? Parece que sim.

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Afinal, a Europa é o berço da democracia (…) um modelo a seguir, pensamos nós.

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Na Europa, os direitos humanos tornaram-se descartáveis – usados quando convém e ignorados quando atrapalham.

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Se servem os interesses do meu país, defendo os direitos humanos. Caso contrário, olho para o lado e finjo demência.

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Os Estados negociam benefícios em vez de seguirem princípios ideológicos.

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Só me importo com violações de direitos humanos quando são cometidas por países que não me dão nada em troca.

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A autoridade moral dos direitos humanos está à beira da morte, pois só sobrevive se for aplicada sem dois pesos e duas medidas.

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Como se não bastasse, em toda a Europa crescem os movimentos de extrema-direita que desafiam o status quo e prometem uma "limpeza" do sistema, afectando a confiança nas instituições e polarizando a política.

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[Na Alemanha] as autoridades restringiram o direito a protestos pacíficos, e o uso desproporcional da força policial contra quem se recusa a calar-se torna-se cada vez mais evidente.

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Por toda a Europa, o direito ao protesto pacífico está sob ataque.

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Os Estados estigmatizam, criminalizam e reprimem manifestantes com uma intensidade crescente.

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Outra táctica recorrente é rotular os manifestantes como “terroristas”, “criminosos”, “extremistas”, e outras palavras mágicas.

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É importante entender que não se posicionar [optando pela neutralidade] é o mesmo que escolher o lado do opressor.

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A neutralidade beneficia sempre quem está no poder e é aliada do fascismo.

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Os europeus não entendem que o fascismo já não está só a bater à porta, mas já entrou e já se sentou no sofá?

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Se queremos que ela vá embora, está na altura de parar de lhe servir café e bolo.

Ana Rita Póvoas, “Público” (sem link)

 

A dor está dentro de nós, nas sinopses de um povo que que passou décadas a ser treinado para obedecer, calar e aceitar.

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A verdadeira transformação (…) acontece dentro do cérebro de cada um que, num instante, tem de reaprender a viver sem medo.

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E, se há coisas que os regimes, os sistemas e as dinâmicas de poder fazem com mestria é controlar as palavras para dominar as consciências.

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Quando se cala uma sociedade, não são só as palavras que se perdem. É o próprio pensamento que se atrofia.

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Quando a liberdade se instala, não nos devolve apenas a capacidade de falar. Devolve-nos a capacidade de pensar.

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Mas o que acontece quando os ventos da história começam a soprar na direção contrária?

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Quando o progresso se torna uma miragem e o presente parece repetir os erros do passado?

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A crescente radicalização política, uma Europa militarizada, e em convulsão económica são sintomas de algo mais profundo.

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O medo está de volta, infiltrando-se nos circuitos emocionais, condicionando as nossas decisões e reconfigurando a nossa perceção do mundo.

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Olhamos para a Europa e não reconhecemos a paisagem.

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Assistimos à erosão do pensamento crítico, substituído ppor um imediatismo emocional que vive da indignação fácil e da manipulação mediática.

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O cérebro humano sempre teve dificuldade em distinguir ameaça real e ameaça fabricada.

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Quando essa vulnerabilidade é explorada para concentrar poder, a história raramente acaba bem.

Alexandre Bogalho, “Diário de Coimbra” (sem link)


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