quarta-feira, 26 de março de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (148)

 
É óbvio que o cartaz do Chega sobre Montenegro é indecoroso e insultuoso. Não tanto como anos de perseguição e ódio a quem menos se pode defender, mas inaceitável.

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E precisava, já agora, de alguma coerência por parte do queixoso.

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Felizmente, os tribunais portugueses têm sido sensíveis à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, equilibrado na defesa da liberdade de expressão e dos direitos dos cidadãos.

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Tenho curiosidade por conhecer a posição de José Pedro Aguiar-Branco sobre os limites da liberdade de expressão do Chega.

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É expectável que o tema que levou Luís Montenegro a impor umas eleições esteja presente na propaganda dos partidos.

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O paralelo, [com os cartazes do Chega] com que o PSD sempre flirtou, não incomodou então Luís Montenegro.

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O problema não pode ser, portanto, a comparação com Sócrates.

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O próprio Montenegro, para poder partilhar a vitória de Miguel Albuquerque na Madeira, comparou a sua situação política à de um arguido.

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Não é difícil adivinhar o que diria hoje Montenegro se o PS fizesse um cartaz a falar de corrupção, como a AD fez há um ano. Que usava a linguagem do Chega.

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O PSD está a reescrever a sua própria história recente ao tentar interditar mensagens mais agressivas sobre este caso. 

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Compreendo a indignação de Luís Montenegro. Mas nem bate certo com a doutrina do PSD e de Aguiar-Branco, quando eram outros os alvos do Chega, nem com o comportamento da AD na última campanha, depois da demissão de Costa.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Não são “os jovens” que sentem que os políticos estão distantes. Os políticos estão mesmo afastados da população, e não só dos jovens já agora.

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Não é com a democracia que as pessoas estão insatisfeitas.

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O problema é que a política institucional é cada vez menos democrática em detrimento de lutas interpartidárias fúteis e esvaziamento do espaço para a sociedade civil.

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É natural que, as pessoas sintam cada vez mais que o seu voto não faz a diferença, sobretudo quando não há uma cultura de prestação de contas da parte dos decisores políticos.

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Se os decisores políticos não estão nesta luta para salvar a democracia, os cidadãos estarão. Não vamos desistir.

Pedro Franco, “Público” (sem link)

 

Entrar no mercado de trabalho já é complicado. A falta de oportunidades, os salários baixos, os contratos temporários…

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Por alguma razão, o mercado continua a funcionar como se estivéssemos numa realidade alternativa onde “igualdade” é só um conceito bonito para relatórios de sustentabilidade.

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As mulheres jovens continuam a ter mais dificuldades para conseguir emprego, enfrentam mais precariedade e, quando finalmente conseguem um trabalho, ganham menos do que os homens.

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Em Portugal e na maior parte da Europa, são as mulheres que estão mais tempo sem emprego.

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Mesmo entre quem tem ensino superior, as taxas de desemprego continuam mais altas para as mulheres.

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A precariedade não afecta toda a gente da mesma forma – as mulheres estão sempre mais expostas ao trabalho temporário e a tempo parcial.

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O trabalho a tempo parcial involuntário é um óptimo exemplo.

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As mulheres acabam presas a este tipo de trabalho com muito mais frequência do que os homens.

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O estudo confirma que as mulheres ganham menos em todos os níveis de escolaridade.

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É o suficiente para que um homem licenciado ganhe mais, em média, do que uma mulher com mestrado ou doutoramento.

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É um mercado de trabalho que continua a valorizar de forma diferente aquilo que, em teoria, deveria ser igual.

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[O problema] resolve-se ao perceber que, independentemente do esforço, a balança continua a pesar para o mesmo lado.

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Se o mercado de trabalho já é um campo minado para os jovens, para as mulheres jovens é um percurso de obstáculos onde, no fim, o prémio continua a ser menor.

Constança Soares Seborro, “Público” (sem link)

 

[A Iniciativa Legislativa] subscrita por mais de 24 mil pessoas, propunha o alargamento da licença parental inicial de 4 para 6 meses, pagos a 100%.

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[Trata-se] tão só de ver contemplado no Código de Trabalho o alargamento da licença parental inicial.

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Os partidos no poder e o maior partido da oposição impediram que o projeto fosse votado na especialidade antes das novas eleições.

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Apontava (mas não só) para a viabilização efetiva da prática do aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida.

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São sobejamente conhecidos os benefícios que advêm do aleitamento materno, tanto na saúde da criança ao longo da sua vida como na da mãe.

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Porém, em Portugal, a percentagem de crianças amamentadas em exclusivo até aos 6 meses ainda é demasiado baixa, estando identificados os diversos constrangimentos das famílias.

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Mesmo que a amamentação esteja presente na ponderação, as assimetrias salariais entre mulheres e homens, a precariedade nos vínculos laborais e outras iniquidades de género marcam de forma ineludível as opções.

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[Muitas mulheres não amamentam ou deixam de amamentar precocemente não é razão] para que as crianças noutro regime alimentar não possam usufruir da presença das mães ou dos pais mais tempo junto de si, em igualdade de direitos.

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Assim, aumentar a licença parental inicial constituirá um benefício para todas as crianças nascidas, estando ou não a usufruir de aleitamento materno.

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Tal fomenta o reforço do vínculo com a mãe e com o pai, evita a entrada precoce dos bebés na creche e pode prevenir uma maior carga de doença para as crianças.

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É curioso verificar que vários dos partidos que votaram “a favor” da Iniciativa, na generalidade, são habitualmente considerados progressistas e defensores da igualdade entre homens e mulheres.

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Partidos que se dizem “defensores da família” votaram contra o diploma.

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Será por isso interessante e desejável que, na campanha eleitoral que se avizinha, os partidos venham a terreiro justificar o sentido de voto adotado e debatam com a sociedade civil o que pretendem fazer no futuro, a propósito deste assunto.

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Recordem-se de que mais de 24 mil pessoas assinaram esta Iniciativa Legislativa e que o site criado para este movimento de cidadãos teve, só nas últimas semanas, mais de 2 milhões de visualizações.

Ana Lúcia Torgal, “Público” (sem link)


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