(…)
E precisava, já agora, de alguma coerência por
parte do queixoso.
(…)
Felizmente, os tribunais portugueses têm sido
sensíveis à jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, equilibrado na defesa da liberdade de expressão e dos
direitos dos cidadãos.
(…)
Tenho curiosidade por conhecer a posição de José Pedro Aguiar-Branco sobre os limites da liberdade de expressão do Chega.
(…)
É expectável que o tema que levou Luís Montenegro
a impor umas eleições esteja presente na propaganda dos partidos.
(…)
O paralelo, [com os cartazes do Chega] com que
o PSD sempre flirtou, não incomodou então Luís Montenegro.
(…)
O problema não pode ser, portanto, a comparação
com Sócrates.
(…)
O próprio Montenegro, para poder partilhar a
vitória de Miguel Albuquerque na Madeira, comparou a sua situação política à de
um arguido.
(…)
Não é difícil adivinhar o que diria hoje
Montenegro se o PS fizesse um cartaz a falar de corrupção, como a AD fez há um
ano. Que usava a linguagem do Chega.
(…)
O PSD está a reescrever a sua própria história
recente ao tentar interditar mensagens mais agressivas sobre este caso.
(…)
Compreendo a indignação de Luís Montenegro. Mas nem bate certo com a
doutrina do PSD e de Aguiar-Branco, quando eram outros os alvos do Chega, nem
com o comportamento da AD na última campanha, depois da demissão de Costa.
Não são “os jovens” que sentem que os políticos
estão distantes. Os políticos estão mesmo afastados da população, e não
só dos jovens já agora.
(…)
Não é com a democracia que as pessoas estão
insatisfeitas.
(…)
O
problema é que a política institucional é cada vez menos democrática em
detrimento de lutas interpartidárias fúteis e esvaziamento do espaço para a
sociedade civil.
(…)
É
natural que, as pessoas sintam cada vez mais que o seu voto não faz a
diferença, sobretudo quando não há uma cultura de prestação de contas da parte
dos decisores políticos.
(…)
Se os decisores políticos não estão nesta luta
para salvar a democracia, os cidadãos estarão. Não vamos desistir.
Pedro Franco, “Público”
(sem link)
Entrar no mercado de trabalho já é complicado.
A falta de oportunidades, os salários baixos, os contratos temporários…
(…)
Por
alguma razão, o mercado continua a funcionar como se estivéssemos numa
realidade alternativa onde “igualdade” é só um conceito bonito para relatórios
de sustentabilidade.
(…)
As
mulheres jovens continuam a ter mais dificuldades para conseguir emprego,
enfrentam mais precariedade e, quando finalmente conseguem um trabalho, ganham
menos do que os homens.
(…)
Em Portugal e na maior parte da Europa, são as
mulheres que estão mais tempo sem emprego.
(…)
Mesmo entre quem tem ensino superior, as taxas
de desemprego continuam mais altas para as mulheres.
(…)
A
precariedade não afecta toda a gente da mesma forma – as mulheres estão sempre
mais expostas ao trabalho temporário e a tempo parcial.
(…)
O trabalho a tempo parcial involuntário é um
óptimo exemplo.
(…)
As mulheres acabam presas a este tipo de
trabalho com muito mais frequência do que os homens.
(…)
O estudo confirma que as mulheres ganham menos
em todos os níveis de escolaridade.
(…)
É o
suficiente para que um homem licenciado ganhe mais, em média, do que uma mulher
com mestrado ou doutoramento.
(…)
É um mercado de trabalho que continua a
valorizar de forma diferente aquilo que, em teoria, deveria ser igual.
(…)
[O problema] resolve-se ao perceber que,
independentemente do esforço, a balança continua a pesar para o mesmo lado.
(…)
Se o
mercado de trabalho já é um campo minado para os jovens, para as mulheres
jovens é um percurso de obstáculos onde, no fim, o prémio continua a ser menor.
Constança Soares Seborro, “Público” (sem link)
[A Iniciativa Legislativa] subscrita
por mais de 24 mil pessoas, propunha o alargamento da licença parental inicial
de 4 para 6 meses, pagos a 100%.
(…)
[Trata-se]
tão só de ver contemplado no Código de Trabalho o
alargamento da licença parental inicial.
(…)
Os
partidos no poder e o maior partido da oposição impediram
que o projeto fosse votado na especialidade antes das novas eleições.
(…)
Apontava
(mas não só) para a viabilização efetiva da prática do aleitamento materno
exclusivo durante os primeiros seis meses de vida.
(…)
São
sobejamente conhecidos os benefícios que advêm do aleitamento materno, tanto na
saúde da criança ao longo da sua vida como na da mãe.
(…)
Porém,
em Portugal, a percentagem de crianças amamentadas em exclusivo até aos 6 meses
ainda é demasiado baixa, estando identificados os diversos constrangimentos das
famílias.
(…)
Mesmo
que a amamentação esteja presente na ponderação, as assimetrias salariais entre
mulheres e homens, a precariedade nos vínculos laborais e outras iniquidades de
género marcam de forma ineludível as opções.
(…)
[Muitas mulheres não amamentam ou deixam
de amamentar precocemente não é razão] para que as crianças
noutro regime alimentar não possam usufruir da presença das mães ou dos pais
mais tempo junto de si, em igualdade de direitos.
(…)
Assim,
aumentar a licença parental inicial constituirá um benefício para todas as
crianças nascidas, estando ou não a usufruir de aleitamento materno.
(…)
Tal
fomenta o reforço do vínculo com a mãe e com o pai, evita a entrada precoce dos
bebés na creche e pode prevenir uma maior carga de doença para as crianças.
(…)
É
curioso verificar que vários dos partidos que votaram “a favor” da Iniciativa,
na generalidade, são habitualmente considerados progressistas e defensores da
igualdade entre homens e mulheres.
(…)
Partidos que se dizem “defensores da família”
votaram contra o diploma.
(…)
Será
por isso interessante e desejável que, na campanha eleitoral que se avizinha,
os partidos venham a terreiro justificar o sentido de voto adotado e debatam
com a sociedade civil o que pretendem fazer no futuro, a propósito deste
assunto.
(…)
Recordem-se
de que mais de 24 mil pessoas assinaram esta Iniciativa Legislativa e que o site criado para este
movimento de cidadãos teve, só nas últimas semanas, mais de 2 milhões de
visualizações.
Ana Lúcia Torgal, “Público” (sem link)
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