domingo, 17 de julho de 2016

ENTREVISTA DE CATARINA MARTINS À REVISTA E DO EXPRESSO


De uma longa entrevista que a líder do Bloco de Esquerda concedeu à Revista E do Expresso (16/7/2016) retirámos as seguintes afirmações por as considerarmos mais importantes.

- A esquerda deixou-se acantonar num mundo em que só há duas opções: a Europa de Junker, Schäuble, Merkel e Hollande, ou a alternativa nacionalista de Ferage e Le Pen.

- A esquerda precisa de redefinir a forma do seu confronto europeu, de assumir a falência da UE.

- [O processo da aplicação] de sanções é um pretexto para condicionar a atuação deste Governo, invocando o défice deixado pelo Governo anterior.

- Dissemos desde o primeiro momento que o conteúdo [do referendo] depende da incidência das sanções.

- Se as sanções determinarem uma escolha entre a imposição europeia e a capacidade de o país decidir o seu futuro, referendar o Tratado Orçamental (o tratado que impõe as sanções) é o mínimo que se pode exigir.

- O BE não admite reverter trajetórias porque isso seria admitir privatizar hospitais, caminhos de ferro, a água, continuar a desregulação laboral.

- Face aos danos provocados pelas sanções, o país tem outra alternativa: recorrer ao que ainda não recorreu (e que o BE tem defendido desde sempre): reestruturar a dívida pública.

- Não aceitamos é que a UE nos obrigue sempre e só à austeridade.

- Temos a noção de que os partidos socialistas europeus, incluindo o PS, fizeram uma colagem à direita, e são em boa parte responsáveis pelo que estamos a viver.

- [Numa parte do PS] o desconforto com a solução à esquerda mantém-se de forma clara.

- Precisamos de uma maioria social que esteja disposta a renegociar a dívida para haver investimento e criar emprego.

- [Em Lisboa] espero que a direita não ganhe, mas também espero que a Câmara comece a perceber que as pessoas de Lisboa têm de ter condições para aqui viver.

- Com o tipo de negócios imobiliários que a Câmara de Lisboa fez nos últimos tempos, e com a luta que o BE fez contra eles, alguém acredita que estaríamos unidos [nas autárquicas]?

- A minha filha mais velha tem uma enorme preocupação com a questão da injustiça. Isso é bom.

- No meu tempo quem dirigia as escolas era eleito, agora as escolas não têm democracia.

- Para se ser atriz é preciso uma disponibilidade mental, física e um treino que é incompatível com o que faço hoje.

- Na política não há pose de personagem, tenho de ser eu, é horrível.

- Acho que a minha família não é um assunto político nem um assunto público.

- A governação mundial financeira faz com que as soberanias democráticas valham pouco. Temos dado passos terríveis para que o inacreditável se torne realidade todos os dias.

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