segunda-feira, 16 de outubro de 2017

JAMAIS IGNORAR AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS



Tal como aconteceu aquando da tragédia de Pedrógão Grande, toda a gente opina hoje sobre as origens e os responsáveis dos incêndios que estão a assolar de uma forma particularmente violenta o centro do país.
Há, sem dúvida, causas imediatas para tantas ignições de fogos e mãos criminosas por de trás da maior parte delas mas, a questão de fundo, está nas alterações climáticas que propiciam as condições para que os incêndios florestais se desenvolvam com tanta rapidez e de efeitos tão devastadores em vidas e haveres. Se, as temperaturas de Verão que têm persistido em pleno mês de Outubro assim como as percentagens de humidade anormalmente baixas para a época não têm ocorrido, nenhum incendiário conseguiria atear o mais pequeno fogo, por mais que se esforçasse. Estamos em crer que, entre as pessoas mais idosas, ninguém se lembrará de uma situação climática como a que vem ocorrendo ultimamente com crónica falta de chuvas e temperaturas anormalmente altas.
Num outro plano, como que a ajudar no sentido mais negativo à situação actual, estão a nossa mancha florestal e o abandono das terras do interior de Portugal.
É, em síntese o que podemos tirar de uma curta mas certeira declaração do Eng. do Ambiente e Especialista em Alterações Climáticas, João Camargo, que reproduzimos a seguir.
Não há nenhuma coincidência. Estiveram hoje mais 9ºC do que devia. A humidade relativa esteve nos 25% e abaixo quando devia estar no 60-70%. 50-60% da mancha florestal são pinheiros e eucaliptos, a que se juntam matos para garantir a combustão perfeita. 20% do território nacional abandonado ou de dono desconhecido. Seca extrema a severa em 90% do território nacional. Na Galiza também arde a sério. Na Califórnia, de clima similar, parece que caiu uma bomba atómica de tanto incêndio. Não vai mudar enquanto não se mudar a floresta (literalmente, mudar estrutura e composição de espécies). E ignorar que o novo clima vai ser parecido com isto é que é criminoso.
É claro que, conhecidas as causas, é preciso actuar com base nelas, prevenindo o futuro por um lado e, no imediato, acudir com eficácia e rapidez as populações afectadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário