sábado, 13 de março de 2021

CITAÇÕES

 
Nos últimos anos, a voz corrente era o medo da deflação, uma consequência da estagnação e da mediocridade do investimento.

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Agora, num ápice, a conversa passou a ser o receio da inflação. Em tradução livre, voltamos a ouvir receitas de austeridade.

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São estes que estão com medo, não tanto da inflação, que sabem que será reduzida, mas mais da sua expectativa.

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Foi na presunção de juros zero ou negativos a longo prazo, ou seja, nenhuma inflação, que as bolsas têm vivido tempos de euforia.

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Assim que se ouviu falar de inflação, o que implicaria subida dos juros, a finança assustou-se.

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Vários pesos pesados da economia juntaram-se a coro, cuidado com a inflação. Seria o fim do júbilo bolsista.

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Se os mercados financeiros protestam, os governos querem e os bancos centrais não parecem temer para já alguma inflação. 

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[A inflação] será reduzida e o problema não está onde os mercados o descortinam, na queda do valor das bolsas. O problema é que a recessão continua e os salários estão aprisionados.

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Toda a política económica [da UE] se vai definir pela consistência das escolhas orçamentais. E são as regras restritivas que podem matar a recuperação.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A exaustão de muitas crianças e o sobrepeso das famílias deve-se não apenas à suspensão das aulas presenciais, mas à ideia estapafúrdia de que era possível acumular saudavelmente teletrabalho com o acompanhamento de crianças menores.

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O tempo diurno de cuidado dos filhos teve como contrapartida, frequentemente, a “invasão” do tempo noturno pelo trabalho, para aproveitar o sono das crianças.

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O lastro das consequências de tudo isto para crianças e adultos é provavelmente mais pesado do que o que, a quente, conseguimos perceber.

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A transição para o teletrabalho por imposição da legislação de emergência sanitária operou-se de forma abrupta e improvisada, sem mecanismos de preparação e de negociação coletiva. 

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O teletrabalho, que no segundo semestre de 2020 abrangia cerca de um milhão de portugueses (os dados são do INE), tem inúmeros custos para quem trabalha.

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Em meados de fevereiro, a Direção-Geral de Energia revelou, por exemplo, que entre março e dezembro de 2020 o consumo de eletricidade aumentou 14,9% no setor doméstico.

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Muitas empresas aproveitaram o recurso ao teletrabalho para pouparem custos fixos, imputando-os aos trabalhadores.

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No estado espanhol, desde setembro, a nova lei do teletrabalho determina que os teletrabalhadores têm de ser compensados pelo acréscimo deste conjunto de despesas. 

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Neste momento, com o pretexto da “proteção de dados”, as empresas estão a negar a sindicatos e a comissões de trabalhadores a possibilidade de contacto com os trabalhadores que estão em casa, o que põe em causa uma condição elementar de democracia laboral.

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Mesmo quando a lei parece ser clara, têm surgido problemas. 

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O teletrabalho acentuou inquestionavelmente a diluição das fronteiras tradicionais entre vida profissional e pessoal, entre o espaço da empresa e o da casa.

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[Deve-se] estabelecer um “dever de desconexão profissional” por parte dos empregadores, durante o tempo de descanso do trabalhador, para contrariar uma prática generalizada de abuso.

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[O teletrabalho] não vai desparecer.

José Soeiro, “Expresso” Diário

 

A vacinação em massa é, portanto, o objetivo urgente para combater a pandemia.

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As vacinas já estão a salvar vidas no nosso país e no mundo, mas a sua escassez ainda deixa indefesas milhões de pessoas.

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[Não há falta de encomendas] podíamos até acusar alguns países de ter a vontade de açambarcar vacinas tais são as quantidades que contratualizaram às farmacêuticas. 

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As farmacêuticas aceitaram chorudos pagamentos quando assinaram o calendário para a entrega das centenas de milhões de doses que, agora, estão a chegar com atraso.

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O ritmo a que as vacinas são produzidas está muito longe do que foi contratualizado e ainda mais do que era preciso à escala mundial.

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[É] duvidoso que as farmacêuticas estejam a fazer o possível para cumprir o que tinham prometido.

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O que falta é a partilha da tecnologia para se poder multiplicar os locais de produção.

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Já percebemos que a partilha da tecnologia das farmacêuticas não está nas suas intenções.

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No entanto, o investimento para o desenvolvimento e a testagem das vacinas foi feito sem risco para estas multinacionais. 

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Os cidadãos pagam, mas não mandam.

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Haja vontade política, não estamos condenados a esta escassez de vacinas.

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O Governo português, estando na presidência do conselho da União Europeia pode e deve tomar a dianteira do debate que liberte as patentes das vacinas.

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As vidas humanas valem mais do que o lucro das farmacêuticas.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

O investimento público na proteção às empresas e às pessoas (neste caso proteções magras) tiveram efeito muito positivo na defesa do emprego e no mitigar da pobreza.

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É urgente: reforçar com meios humanos e técnicos o SNS; investir na escola há muito depauperada (…); repor equilíbrio financeiro no sistema de Segurança Social (…); capacitar e modernizar a administração pública e a sua presença em todo o território.

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É imprescindível investir na industrialização.

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A pandemia não produziu, com significado, ruturas no modelo económico nem gerou novas formas de pobreza. 

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A vulnerabilidade estrutural da nossa economia ressurgirá sempre perante qualquer crise ou minicrise e impede o desenvolvimento.

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Quanto à pobreza (…) ela vem de um passado longo e tem como origem os baixos salários, as precariedades, a insuficiente proteção social, as políticas orçamentais de "poupadinho". 

Carvalho da Silva, JN

 

O Ministério de Educação ameaçou os professores deste país, que são contratados há inúmeros anos, que procuram um lugar de quadro, alguns há décadas, que se não estiverem dispostos a concorrer e aceitar um lugar de quadro de Valença a Faro, não poderão celebrar contrato no ano letivo seguinte, ficam liminarmente impedidos.

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Numa altura em que houve um esforço brutal da maioria, com os riscos associados para se conseguir levar o ano letivo a bom porto, este é uma facada nas costas dos professores.

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O Governo se quer ter uma escola pública de qualidade, comece por tratar com respeito os profissionais de educação, pois o futuro de um país é medido pela educação que se tem.

Sara Bordalo Gonçalves, “Público” (sem link)


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