sábado, 4 de dezembro de 2021

CITAÇÕES

 
[Depois do que aconteceu com a África do Sul que se apressou a divulgar de forma transparente a sua descoberta sobre a nova variante da covid-19] a ciência fica, assim, refém da política, a mais estúpida das escolhas.

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Como seria de esperar, cada Governo procura, antes de mais, satisfazer a sua opinião pública, e o caminho mais fácil é induzir medo em vez de prudência.

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Muitos Governos europeus, se não todos, têm reagido segundo o padrão do apartheid, para usar o termo de Guterres. 

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No caso de viagens de origens europeias, são exigidos testes, ao passo que, sendo África, se levanta o muro da interdição.

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Acresce que a responsabilidade das farmacêuticas e do imperialismo das vacinas impediu os países africanos de acederem aos medicamentos, tendo sido violados os compromissos estabelecidos.

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África só tem 6% da população vacinada, e mesmo a África do Sul, um dos países com melhor cobertura sanitária, só chega a 24%.

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Os países da Europa e das Américas têm 10 vezes a média africana.

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A replicação do vírus em grandes populações desprotegidas facilita as mutações que criam novas variantes.

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Foi possível mobilizar 20 biliões de dólares num ápice para vacinar os países ricos.

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África não é só o continente esquecido, depois de ter sido o paraíso colonial. Continua a ser a terra do apartheid.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A alegação ameaçadora [por parte da OCDE] de que novas leis laborais protetoras do emprego “minariam” o crescimento económico é uma fraude.

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Como se verificou em Portugal nos últimos anos, pelo contrário, o aumento do salário mínimo e a recuperação de alguns direitos foram poderosos incentivos ao crescimento e ao emprego.

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O que estes “peritos” [da OCDE] nos dizem é que há uma prioridade acima de todas, reforçar a disciplina social e a subjugação do trabalho. 

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O mandamento da OCDE é que o salário tem de viver com medo.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Afinal a resiliência dos profissionais de saúde tem um preço: até setembro de 2021 foram 400 milhões de euros.

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O que vemos hoje é um esforço sobre-humano, de semanas de trabalho de 70 horas, das fugidias vidas familiares.

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A resiliência não está em falta, o que escasseia são os profissionais.

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Quem trabalha no SNS sente na pele, quem precisa do SNS constata a cada solicitação: as horas extra sugam a energia dos profissionais e absorvem recursos essenciais às instituições.

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Sem perspetivas de carreiras dignas, a braços com um tsunami de trabalho extraordinário que tudo submerge, a perda de profissionais torna-se banal.

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Contas por alto, os 400 milhões dariam para o salário anual de 13 mil profissionais.

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A falta de profissionais fez com que em setembro já se tivesse ido além do recorde de 2020 no número de horas extraordinárias.

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A par das horas extraordinárias caminha o dinheiro gasto em prestações de serviço.

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Quando nos dizem que não há médicos para contratar não estão a contar a história toda.

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Os números mostram que não faltam médicos nem enfermeiros em Portugal.

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Os concursos de recém-especialistas crescentemente desertos mostram que há médicos, são as condições do SNS que não os atraem.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

A organização e gestão do setor financeiro é hoje instrumento de uma brutal subjugação de países e povos.

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Alimenta-se da sucessão de crises que vai gerando e utilizando, como forma de financeirizar a economia e de garantir o enriquecimento de uma ínfima minoria de indivíduos.

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Precisamos, pois, de novas formas de organização da atividade financeira e da economia.

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A atual regulação do setor financeiro - no fundamental a autorregulação neoliberal - tende para uma espécie de agiotagem instituída, reconhecida e por vezes religiosamente seguida, não só pelo poder económico, mas também pelo poder político.

Carvalho daSilva, JN

 

Partindo bem atrás na corrida, Rio resistiu e ganhou a liderança na recta final por curtos, mas decisivos, 52%.

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Mas a divisão interna no PSD solidificou-se entre duas trincheiras e a Rui Rio não será dada uma quarta oportunidade para causar uma boa terceira impressão.

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Veremos o que António Costa pretende fazer com a sorte.

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Se não abrir a porta do Bloco Central a Rui Rio, António Costa sabe que pode estar a condenar o PSD a mais dois anos de luta interna sem tréguas.

Miguel Guedes,JN

 

Em 2019, a Comissão Europeia anunciou a sua nova estratégia de crescimento sustentável — o Pacto Ecológico Europeu, que, por meio de “investimentos em tecnologias verdes”, pretende “encaminhar a Europa para um processo de transformação numa sociedade justa e próspera”.

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Embora rotulada de “verde” e “ecológica”, esta transição replica os mesmos erros do passado e não fará mais do que intensificar a degradação socioecológica que promete combater.

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Longe de ser “renovável”, portanto, esta “transição” perpetua e legitima a expansão de actividades extractiv(ist)as.

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Em nome da descarbonização, justificam-se violências ecológicas indizíveis.

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Territórios envenenados, esventrados e empobrecidos em nome do progresso capitalista “ecológico”.

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A única transição a que assistimos é aquela por via da qual o capitalismo se tem vindo a reestruturar, alargando as suas garras predatórias a territórios previamente não colonizados.

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Como falar de transição energética se esta mantém, sem as questionar, as mesmas lógicas de produção e consumo energético?

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A retórica oficial, focada exclusivamente na emissão de GEE, ignora os muitos outros problemas ecológicos que nos assolam.

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É urgente que a narrativa verde dos governos e do capital seja combatida, desmistificada e trocada por uma outra: a do verde da natureza, de quem dela vive, e de quem dela cuida.

Mariana Riquito, “Público” (sem link)

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