(…)
Como
seria de esperar, cada Governo procura, antes de mais, satisfazer a sua opinião
pública, e o caminho mais fácil é induzir medo em vez de prudência.
(…)
Muitos
Governos europeus, se não todos, têm reagido segundo o padrão do apartheid,
para usar o termo de Guterres.
(…)
No
caso de viagens de origens europeias, são exigidos testes, ao passo que, sendo
África, se levanta o muro da interdição.
(…)
Acresce
que a responsabilidade das farmacêuticas e do imperialismo das vacinas impediu
os países africanos de acederem aos medicamentos, tendo sido violados os
compromissos estabelecidos.
(…)
África
só tem 6% da população vacinada, e mesmo a África do Sul, um dos países com
melhor cobertura sanitária, só chega a 24%.
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Os
países da Europa e das Américas têm 10 vezes a média africana.
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A
replicação do vírus em grandes populações desprotegidas facilita as mutações
que criam novas variantes.
(…)
Foi
possível mobilizar 20 biliões de dólares num ápice para vacinar os países ricos.
(…)
África
não é só o continente esquecido, depois de ter sido o paraíso colonial.
Continua a ser a terra do apartheid.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A
alegação ameaçadora [por parte da OCDE] de que novas leis laborais protetoras
do emprego “minariam” o crescimento económico é uma fraude.
(…)
Como se
verificou em Portugal nos últimos anos, pelo contrário, o aumento do salário
mínimo e a recuperação de alguns direitos foram poderosos incentivos ao
crescimento e ao emprego.
(…)
O que
estes “peritos” [da OCDE] nos dizem é que há uma prioridade acima de todas,
reforçar a disciplina social e a subjugação do trabalho.
(…)
O
mandamento da OCDE é que o salário tem de viver com medo.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Afinal a resiliência dos profissionais de saúde tem um preço: até setembro
de 2021 foram 400 milhões de euros.
(…)
O que vemos hoje é um esforço sobre-humano, de semanas de
trabalho de 70 horas, das fugidias vidas familiares.
(…)
A resiliência não está em falta, o que escasseia são os
profissionais.
(…)
Quem
trabalha no SNS sente na pele, quem precisa do SNS constata a cada solicitação:
as horas extra sugam a energia dos profissionais e absorvem recursos essenciais
às instituições.
(…)
Sem
perspetivas de carreiras dignas, a braços com um tsunami de trabalho extraordinário que tudo
submerge, a perda de profissionais torna-se banal.
(…)
Contas por alto, os 400 milhões dariam para o salário anual
de 13 mil profissionais.
(…)
A falta de
profissionais fez com que em setembro já se tivesse ido além do
recorde de 2020 no número de horas extraordinárias.
(…)
A par das horas extraordinárias caminha o dinheiro gasto em
prestações de serviço.
(…)
Quando nos dizem que não há médicos para contratar não estão
a contar a história toda.
(…)
Os números mostram que não faltam médicos nem enfermeiros em
Portugal.
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Os concursos de recém-especialistas crescentemente desertos
mostram que há médicos, são as condições do SNS que não os atraem.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
A organização e gestão do setor financeiro é hoje instrumento de uma
brutal subjugação de países e povos.
(…)
Alimenta-se da sucessão de crises que vai
gerando e utilizando, como forma de financeirizar a economia e de garantir o
enriquecimento de uma ínfima minoria de indivíduos.
(…)
Precisamos, pois, de novas formas de
organização da atividade financeira e da economia.
(…)
A atual regulação do setor financeiro -
no fundamental a autorregulação neoliberal - tende para uma espécie de
agiotagem instituída, reconhecida e por vezes religiosamente seguida,
não só pelo poder económico, mas também pelo poder político.
Partindo bem atrás na corrida, Rio
resistiu e ganhou a liderança na recta final por curtos, mas decisivos, 52%.
(…)
Mas a divisão interna no PSD solidificou-se
entre duas trincheiras e a Rui Rio não será dada uma quarta oportunidade para
causar uma boa terceira impressão.
(…)
Veremos o que António Costa pretende
fazer com a sorte.
(…)
Se não abrir a porta do Bloco Central a
Rui Rio, António Costa sabe que pode estar a condenar o PSD a mais dois anos de
luta interna sem tréguas.
Em
2019, a Comissão Europeia anunciou a sua nova estratégia de crescimento
sustentável — o Pacto Ecológico Europeu, que, por meio de “investimentos em tecnologias verdes”,
pretende “encaminhar a Europa para um
processo de transformação numa sociedade justa e próspera”.
(…)
Embora
rotulada de “verde” e “ecológica”, esta transição replica os mesmos erros do
passado e não fará mais do que intensificar a degradação socioecológica que
promete combater.
(…)
Longe de ser “renovável”, portanto, esta “transição” perpetua
e legitima a expansão de actividades extractiv(ist)as.
(…)
Em nome da descarbonização, justificam-se violências
ecológicas indizíveis.
(…)
Territórios envenenados, esventrados e empobrecidos em nome
do progresso capitalista “ecológico”.
(…)
A
única transição a que assistimos é aquela por via da qual o capitalismo se tem
vindo a reestruturar, alargando as suas garras predatórias a territórios
previamente não colonizados.
(…)
Como falar de transição energética se esta mantém, sem as
questionar, as mesmas lógicas de produção e consumo energético?
(…)
A retórica oficial, focada exclusivamente na emissão de GEE,
ignora os muitos outros problemas ecológicos que nos assolam.
(…)
É
urgente que a narrativa verde dos governos e do capital seja combatida,
desmistificada e trocada por uma outra: a do verde da natureza, de quem dela
vive, e de quem dela cuida.
Mariana Riquito, “Público” (sem link)
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