(…)
É uma parvoíce cacofónica que apenas cria ansiedade
desnecessária e amplifica os populismos mais comezinhos.
(…)
Partilho,
logo de início, a minha opinião: havendo a orientação médica para vacinação das
crianças entre os 5 e os 11 anos estaria disponível para a seguir, apesar de não ser obrigatório.
(…)
As minhas reservas não se colocam no patamar científico.
(…)
Dizem
os especialistas que há vantagens individuais, mas são as vantagens coletivas
que mais pesam na decisão da vacinação das crianças.
(…)
Seria
na eliminação das patentes, na garantia da produção distribuída das vacinas e
no acesso à vacinação pelo sul global, que teríamos o melhor seguro para o
futuro.
(…)
Ora, a
pretensão [da DGS] de tornar sigiloso o parecer da comissão técnica é absurda e
mostra mais fragilidade do que força, algo que é incompreensível.
(…)
[IL e
Chega] querem usar este episódio para resgatar da ostracização as posições
antivacinas e disputar esse apoio para as eleições que se avizinham.
(…)
O
nosso país está no topo do mundo das taxas de vacinação, os negacionistas até
podem fazer muito barulho mas ficam a falar sozinhos.
(…)
A nova tentativa para intoxicar o debate público é inventando
em Portugal o debate sobre a vacinação obrigatória.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Tudo
notícias confortáveis, disfarçando o ‘Brexit’ e a degenerescência
antidemocrática na Polónia e Hungria.
(…)
Então
porque é que, à medida que avança a marcha forçada da integração europeia, a UE
perde peso na política mundial?
(…)
Do
ponto de vista económico, a Rússia é somente um país médio.
(…)
A
economia da Alemanha, por si só, é quase o triplo da russa, a França e o Reino
Unido o dobro, mesmo a Itália a ultrapassa.
(…)
O
orçamento militar dos Estados Unidos no ano passado foi de 778 mil milhões de
dólares, seguido a uma grande distância pela China, que gasta aproximadamente
um terço, 252 milhões.
(…)
Os
países europeus da NATO gastam três vezes mais em armas do que a Rússia.
(…)
Ao
procurar a integração da Ucrânia na NATO, a Casa Branca procura estimular esse
confronto [com a Rússia].
(…)
Mas o
essencial do que está em causa é a relação europeia, ou seja, entre Berlim e
Moscovo.
(…)
Um dos
efeitos [da decisão de Merlel encerrar as centrais nucleares] foi tornar a
Alemanha mais dependente da produção de alternativas e da compra de energia.
(…)
A
Alemanha não tem outra solução que não buscar um sistema de relações
internacionais estáveis para importar energia. O objetivo estratégico da Casa
Branca é impedi-lo.
(…)
Que a
UE dance ao som desta música diz tudo sobre a fragilidade do Governo alemão ao
saber que a locomotiva norte-americana acelera contra si.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Quando observamos as profundas
desigualdades e injustiças com que se tratam os países e os povos na gestão da
pandemia (…), vemos o Mundo a tornar-se insustentavelmente cruel.
(…)
Temos agora "mais 100 milhões de
crianças a viver em situação de pobreza multidimensional", ou seja,
sofrendo de uma ou várias privações.
(…)
Segundo a Unicef, a situação continuará a
piorar em resultado da pandemia, provocando o retrocesso de uma década, e o
lema "primeiro as crianças" nunca "foi tão crítico como
hoje".
(…)
Exigem-se políticas públicas que ataquem
as origens deste drama, uma forte ação solidária em vários patamares, a
responsabilização de todos os poderes e dos cidadãos.
(…)
Essa mentira [de que a pandeia era
democrática] serviu para esconder injustiças desde a primeira hora patentes nas
políticas que iam sendo adotadas.
(…)
Mesmo nos [países mais desenvolvidos]
vimos os trabalhadores precários, as mulheres, as crianças e os mais pobres a
sofrerem mais.
(…)
Os números divulgados pela Unicef
confirmam que é preciso a miséria de milhões para criar um muito rico.
(…)
Basta abrir-se uma pequena brecha e o
sistema político e económico dominante logo nos vem mostrar que com ele não há
direitos irreversíveis e que a justiça e a igualdade são meras ilusões.
O passo de saída de Eduardo Cabrita do Governo é o último acto de um
daqueles puzzles tardios que se começam a construir com a certeza do lugar onde
se coloca a última peça.
(…)
Após um empilhador de polémicas chamado
Cabrita, a fasquia está agora muito alta: para um ministro abandonar um Governo
terá de acumular muitos, inquestionáveis passos em falso.
(…)
Há muito tempo que não víamos um
executivo com tanta certeza política sobre as mil e uma formas de ignorar
vontade própria, incompetência e impopularidade.
(…)
Essa inusitada arrogância [do PS],
disfarçada com bonomia, foi razão de alguns dos resultados decepcionantes nas
autárquicas.
(…)
Costa familiarizou-se ao espelho com a
ideia de que o eleitorado lhe devia algo de perene.
(…)
O projecto de poder de Costa não
contemplou a hipótese de que seria ele mesmo a promover a recomposição do maior
partido da oposição e a reafirmação do seu líder.
[Uma das características essenciais da
comunicação e da cultura contemporâneas] traduz-se na hipervalorizaçãoda imagem
ou do aspeto de uma determinada obra.
(…)
Walter Benjamin notou como os regimes
ditatoriais e “totais” da primeira metade do século passado se serviram da
imagem para mostrarem a sua força perante os seus cidadãos, levando-os á
submissão.
(…)
Por estes dias, os novos totalitarismos (…)
seguem um caminho idêntico, privilegiando o poder rápido da imagem contra a
força tranquila da palavra.
(…)
Se a minha interpretação estiver correta,
está ali presente a essência deste mal: o destaque da aparência, desdenhando o
essencial.
Rui Bebiano, “Diário
as beiras”
Sem comentários:
Enviar um comentário