(…)
O
açambarcamento das vacinas para usar em grupos cada vez menos eficazes deixa o
vírus à solta nos países mais pobres, que se tornam em viveiro de novas
variantes potencialmente mais poderosas ou contagiosas.
(…)
Mas é
uma questão de tempo até aparecer uma variante que vença a proteção das vacinas
e nos obrigue a recomeçar tudo de novo.
(…)
O
número de pessoas dos países mais ricos que já receberam o recente reforço da
vacina é quase o dobro das que têm a vacinação completa nos países mais
pobres.
(…)
Uma
das consequências da pandemia foi o reforço do poder dos Estados, que compreensivelmente
limitam as liberdades individuais e o funcionamento da economia.
(…)
Mas
não beliscam as sacrossantas patentes de vacinas financiadas por fundos
públicos.
(…)
Países
que precisam de vacinas, como a África do Sul, são obrigados a entregar à
Europa as que eles próprios produzem.
(…)
Em
apenas um ano, a vacina da Pfizer tornou-se o medicamento com maior volume de
vendas em todo o mundo.
(…)
Numa
nota aos acionistas, a empresa diz que conseguirá aumentar ainda mais as
margens de lucro com o fim da pandemia.
(…)
Mas o
objetivo proclamado [pelo G7] em junho — 40% de vacinação para os 92 países
mais pobres — está irremediavelmente comprometido.
(…)
O
problema é o açambarcamento.
(…)
Os EUA
têm 162 milhões de doses em stock, a UE 250 milhões e o Reino Unido 33 milhões.
(…)
O
egoísmo vacinal está a concentrar as vacinas nos países mais vacinados.
(…)
É
fácil perceber [pelos preços praticados] a quem [a Pfiser] lhe compensa mais
vender e como as novas doses compradas pela UE para crianças e para a terceira
toma passam à frente das encomendas mais antigas e mais urgentes dos países
pobres.
(…)
A
desigualdade no acesso às vacinas perpetua a pandemia e a sua continuidade e é
excelente para o negócio das farmacêuticas.
(…)
Sem
vacinas é que não há vacinação e o que esses países [pobres] necessitam é das
doses que estão armazenadas nos países industrializados.
(…)
Para
boa parte dos Governos o poder das farmacêuticas conta mais do que o interesse
comum.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Parece
que já lá vai, mas de novo a pandemia vem relançar a urgência de combater as
crises todas em conjunto porque todas são globais.
(…)
Os
dias de Glasgow tiveram algo de Commedia dell’arte.
(…)
E no
caso da COP26 fomos todos nós [traídos].
(…)
Por
mais frustrantes que as COP possam ser, é sempre melhor que existam.
(…)
A
síntese do pouco que se alcançou não deixa de marcar alguma esperança.
(…)
Quanto
ao uso do carvão, a verdade é que ninguém duvida já de que vamos deixar de
queimar carvão mais cedo do que tarde.
(…)
Quanto
à fissão nuclear, ficou assumido que não é alternativa aos combustíveis fósseis.
(…)
Já
ninguém duvida que nesta crise, como em muitas outras, incluindo obviamente a
pandémica, ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém.
(…)
[De
destacar ainda nesta crise] o brilho dos movimentos sociais cívicos,
particularmente juvenis.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
[O
aparecimento da variante Ómicron fez o mundo enveredar] por uma
espiral repressiva, decidindo restrições às deslocações, reforçando exigências
e gerando um pânico global.
(…)
A
partir de agora, nenhum país estará interessado em comunicar novas variantes.
(…)
Com o
que hoje sabemos sobre a covid, é avisado ser prudente, mas devemos evitar
morrer de tanta prudência, abraçando um pânico global.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
No
próprio dia da vitória, bastava ouvir com atenção os comentários dos seus opositores
para perceber que tudo ia continuar quase na mesma.
(…)
Porquê?
Por uma razão mortífera para a vida partidária: cada vez mais assumem lugares
de relevo nas estruturas partidárias pessoas cuja única actividade e profissão
é obtida pela influência interior nos partidos.
(…)
[Quase todos] são funcionários políticos cujas preocupações
dominantes são o emprego, a carreira e as promoções.
(…)
Nem ideologia, nem política e muito menos o país.
(…)
Isto é
válido para o PSD, como o é para o PS, pelas características que são comuns aos
dois partidos: serem grandes eleitoralmente, a dimensão conta, e terem por isso
mesmo acesso a “bens” significativos do poder para distribuir.
(…)
Veja-se o caso do PSD. As listas de deputados são um dos
“bens” mais relevantes para distribuir.
(…)
Nenhum
responsável distrital ou concelhio que comprometeu a sua estrutura abusivamente
no apoio a um candidato que perdeu assume responsabilidades pela sua
atitude e se demite.
(…)
A
demissão seria normal, porque, queira-se ou não, falou-se abusivamente em nome
dos militantes e isso significa uma crise de legitimidade. Pelo contrário, nem
pensar, abrenúncio.
(…)
Os
efeitos destes processos são devastadores para os grandes partidos: abrem
caminho para a corrupção, afastam gente competente e deixam de ser atractivos
quem tem prestígio social por mérito.
(…)
As
perversões no PS e no PSD ferem a saúde da democracia de forma a acentuar a sua
crise e desgaste, que nunca foi tão perigoso, porque vem de dentro.
(…)
O fogo que destrói a democracia já está a arder.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Cerca de 40,3 milhões de pessoas,
crianças incluídas, são vítimas de diversas formas de escravatura moderna no
mundo inteiro
(…)
Portugal deve executar medidas de sensibilização para educar
a população, especialmente o público vulnerável ao trabalho forçado.
(…)
O trabalhador vulnerável nem sempre está consciente dos
riscos que corre, daí a importância dessa medida.
(…)
De uma
forma geral, a população e as associações de trabalhadores são aliados
importantes na prevenção e no combate a essas formas de exploração.
Eduardo Homem da Costa, “Público” (sem link)
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