(…)
[A arrogância
de Costa revelou-se] quando se reforçou, em 2019.
(…)
Viesse
a ter maioria absoluta, num país em que são tão frágeis os contrapesos sociais,
cívicos e institucionais, e encontraríamos nele a cultura de liderança que
experimentámos com Cavaco Silva e José Sócrates.
(…)
Com
Rui Rio nem precisamos de esperar por surpresas. Os jornalistas sabem como o
presidente da Câmara do Porto lidava mal com o escrutínio.
(…)
Rio
sempre viu qualquer tipo de contestação como uma contrariedade pessoal
insuportável.
(…)
Foi
quando todos perceberam que se gastou o último cartucho da guerra interna que
Rio tratou de uma purga sem concessões que ultrapassa largamente julgamentos de
lealdade.
(…)
Com
raríssimas exceções, afastou praticamente todos os que tiveram o desplante de
não o apoiar.
(…)
Com
tantos anos na oposição e sem cimento ideológico, o PSD tem um gravíssimo
problema de falta de quadros.
(…)
Diga-se,
em abono da verdade, que a purga sempre fez parte da cultura do PSD.
(…)
O PSD
substitui a sua frágil identidade ideológica pela lealdade ao líder.
(…)
E cada
vez que o líder muda (…) fica sem grupo parlamentar.
(…)
Se
[Rio] dirigisse o país, seria diferente na violência da pancada, porque são
diferentes os instrumentos que teria disponíveis e os obstáculos que encontraria.
(…)
Se o
PSD chegar ao poder, haverá muitos empregos. E Rio mostrou como trata os que o
afrontam.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A democracia
é, por definição, o regime da intermediação e do compromisso.
(…)
A
fragilidade democrática manifesta-se hoje precisamente no recuo das
instituições de intermediação (…) e na dificuldade de diálogo coletivo.
(…)
A confiança
institucional (…) está a diminuir a um ritmo rápido um pouco por todo o lado e
é difícil encontrar exemplos de compromisso consequente.
(…)
Se a
democracia é o regime que melhor dirime a conflitualidade e a institucionaliza,
as redes sociais são o espaço que melhor amplifica e dissemina um clima de
guerra civil permanente.
(…)
Se as
próximas eleições legislativas são cruciais é porque o que delas resultar será
um teste de stress à robustez da nossa democracia.
(…)
Vamos
precisar de compromisso e de confiança nas instituições.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Enquanto
em termos globais o incumprimento de resoluções de ano novo é inócuo, a
constante inacção ambiental tem consequências devastadoras.
(…)
Entender essas barreiras [comportamentais] é extremamente importante
para motivar acções congruentes com o bem-estar do nosso planeta.
(…)
Quando
comunicamos acerca de alterações climáticas com o intuito de provocar acções, é
importante que a mensagem cumpra, de facto, esse objectivo.
Alexandre Vieira e Lourenço Reis, “Público” (sem
link)
As
gerações do presente perdem a capacidade de percepcionar as mudanças na
abundância e diversidade de vida selvagem ao longo do tempo - a natureza de
alguém com 20 anos é diferente da natureza de alguém com 40 ou 60.
(…)
Quando
a natureza é dinâmica e está em decadência há várias gerações, esta é uma falha
clara na nossa percepção do mundo.
(…)
Não
foram só as combinações únicas de animais, plantas e clima que foram perdidas
ao longo de gerações, mas também a memória de que existiam, condicionando as
nossas percepções do mundo natural.
Daniel Veríssimo, “Público” (sem link)
[A celebração do Dia
Internacional dos Direitos Humanos] omite também que as
discriminações e violações de direitos de que são vítimas as mulheres têm por
base o sexo e as relações desiguais de poder entre mulheres e homens.
(…)
Em
1979, após um longo período de negociação, foi aprovada nas Nações Unidas, a CEDAW – Convenção para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra as Mulheres, considerada ainda hoje em dia
a magna carta dos direitos humanos das mulheres.
(…)
Inclusive
nos casos de violência sexual e doméstica, cujas estatísticas deixam bem claro
quem são os agressores e quem são as vítimas, impera a tentativa de nunca
nomear a violência masculina.
(…)
A
partir dá década de 80, a reivindicação clara de que os “direitos das mulheres
são direitos humanos” começa a ganhar força, à medida que o movimento feminista
global se ia reunindo em plataformas internacionais.
(…)
Sem a luta feminista global e organizada, este reconhecimento
político poderia ainda hoje ser uma miragem.
(…)
As raparigas continuam a ser vítimas das velhas formas de
discriminação e violência, agora transpostas para o online.
(…)
A luta
atual pelos direitos humanos das mulheres e raparigas tem necessariamente de
focar o combate à violência sexual, seja no espaço físico ou online, e
denunciar a teia complexa de agressores.
(…)
Não ser sexualmente explorada é um direito humano das
mulheres e raparigas.
Teresa Silva, “Público” (sem link)
Faz-se
muito e do melhor no sistema nacional de ensino. Infelizmente, sem o apoio de
quem o governa.
(…)
A
dedicação, a entrega e o amor aos alunos são o apanágio dominante do espírito
de missão da maioria dos professores. Apesar disso, são alvo de ataques
sucessivos, como se a culpa do que corre mal lhes pudesse ser imputada.
(…)
Os
professores estão saturados da natureza arrogante deste Governo, da
incompetência do ministro da Educação, de obedecer à anormalidade normal, a
ordens e modas imbecis, vindas ora do autoritarismo central, ora do caciquismo
local.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Uma
leitura atenta do documento da Estratégia Nacional Contra a Corrupção
mostra que não há objetivos, nem indicadores para os avaliar, nem calendários
de execução.
(…)
Eu
gostava mesmo de acreditar que desta vez é que é. Mas este mecanismo vem
juntar-se a uma série de outros órgãos, todos eles cronicamente mal dotados de
recursos financeiros, técnicos e humanos, e sem surpresa cronicamente
irrelevantes.
(…)
Portanto
para além de ainda não saber que Mecanismo é este (…) pergunto-me também se
algum dia terá alguma relevância.
(…)
Compete-nos
a nós, eleitoras e eleitores, não deixar que quem decide em nosso nome continue
a ignorar este combate fundamental para a qualidade da nossa democracia.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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