sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

CITAÇÕES

 
Sempre achei a proposta de um Rendimento Básico Incondicional (RBI) uma fraude.

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Toda a gente receberá do Estado o suficiente para viver.

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Para as pessoas necessitadas, esta promessa é fabulosa: ficaria assegurada a sua vida com o mínimo de conforto e segurança.

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Há mesmo uma filosofia new age na base desta conversa: deve ser incondicional porque é mais simples e não tem burocracia, paga-se e pronto.

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[No entanto, quem apresenta uma proposta deste tipo em eleições fica] incomodado com a pergunta lógica: e faz a fineza de me explicar como é que isso se paga?

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Assistir à resposta de Inês Sousa Real e de Rui Tavares a esta questão tão banal tem sido penoso.

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As suas estratégias são simplesmente tocar e fugir.

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Sousa Real diz que esse rendimento é para vítimas de violência doméstica.

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Tavares diz que é uma “experiência” para pouca gente, tão pequena que qualquer autarquia a possa financiar, embora o seu programa eleitoral assegure que se trata de um avanço faseado para uma cobertura total.

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[Trata-se] de “distribuir a riqueza nacional produzida” e a toda a gente, somos 10,5 milhões de pessoas em Portugal.

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Quem participa, como participa, quanto tempo dura, quais são os protocolos, os incentivos e os critérios de avaliação da “experiencia”, isso fica no segredo do “cientista”.  

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Não deixa de ser um grandioso objetivo, mas não pergunte nem como nem quando.

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Os proponentes não apresentam a conta, nem nunca o farão.

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reconhecendo que os promotores da ideia já apresentam isto há seis anos e tiveram tempo para pensar no assunto, é óbvio que fizeram esta conta e estão numa encruzilhada.

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Resta ainda o melhor dos argumentos: é que isto já existe.

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O RBI existe no Alasca, onde são distribuídos lucros do petróleo (e cada pessoa recebe o equivalente a 70 euros por mês) ou em Macau onde são distribuídos lucros do jogo (e cada pessoa recebe cerca de 90 euros por mês).

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[Em Portugal, onde não há petróleo nem casinos suficientes] nunca serão ditos os valores em causa, perde-se a magia da proposta.

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Afinal, a cura para os males da sociedade não vem de um milagre.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

A icónica violência teatral do debate entre Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura, colírio delirante de frases pré-feitas por assessores dedicados e debitadas com o orgulho de quem sabe que vai produzir um sound-byte.

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[Chicão] entrou no território de lama que Ventura tão bem habita como animal (político) que é e desceu ao nível que lhe permitiu sovar o adversário, sem qualquer espécie de vergonha, em sucessivos "rounds".

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Francisco pode ter acrescentado mais uns pós percentuais à votação de dia 30, invertendo o previsível desaparecimento do seu partido.

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Talvez tenha retirado alguns pontos percentuais ao retrocesso civilizacional que o Chega representa, recebendo alguns dos seus ex-militantes de volta. 

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Talvez tenho exposto, como ninguém, as fragilidades, mentiras, contradições e a falta de noção de Ventura.

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Porque há vida para além dos debates, António Ramalho continua a ser o presidente executivo do Novo Banco, mesmo quando o BCE investiga a relação entre ambos. 

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Eis a idoneidade de quem é acusado pelo Inspector Tributário (na operação "Cartão Vermelho") de ter concertado posições com um dos maiores devedores do Novo Banco [Luís Filipe Vieira].

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António Ramalho, jogando na lama, sem pudor e, estranhamente, sem que ninguém o leve ao tapete apesar da indignação de alguma oposição à Esquerda.

Miguel Guedes, JN

 

O desempenho do secretário-geral começa a ser posto em causa.

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Conseguirá neste segundo mandato inflectir o que hoje se pensa do seu desempenho?

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[Guterres] exagerou no seu low profile e contribuiu para que a ONU deixasse de ser reconhecida como uma autoridade internacional relevante.

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[Guterres] assumiu um padrão de conduta pautado pela preocupação em não criar atritos com nenhum dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, em especial com os EUA.

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António Guterres é o oposto de um líder inspirador que mostre a diferença da ONU num mundo cada vez mais multipolar e a caminhar para confrontações mais e mais ameaçadoras.

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[Por exemplo Kofi Annan] foi um promotor activo da agenda dos direitos humanos e introduziu um conjunto de inovações com grande alcance.

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Perante questões internacionais particularmente relevantes, Kofi Annan costumava antecipar-se aos líderes internacionais para vincar a posição da ONU.

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António Guterres raramente toma a dianteira, e quando o faz é depois de se certificar que a questão já não é polémica (por exemplo, a crise climática).

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A nomeação de Michelle Bachelet para o cargo [de alto-comissário para os Direitos Humanos] viria a confirmar as suspeitas de que António Guterres quer acima de tudo altos funcionários que não criem problemas, sobretudo aos EUA.

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Todos reconhecem o excelente desempenho de António Guterres enquanto alto-comissário para os Refugiados e, em retrospecto, esse facto talvez explique o contraste com o desempenho do secretário-geral até agora.

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Saliento, entre muitas outras, uma área em que pode fazer a diferença e devolver à ONU o estatuto de farol de esperança para o mundo, como já foi o seu: a área dos direitos humanos.

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É hoje evidente que, enquanto o mundo não for quase todo vacinado, não haverá segurança sanitária global.

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As suas [das empresas farmacêuticas] projecções de lucro, com o que já se designa por “ouro líquido”, são fabulosas.

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Tais lucros são injustificáveis, uma vez que o financiamento da investigação foi predominantemente público.

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O debate sobre a suspensão das patentes está em curso na Organização Mundial do Comércio onde, como sabemos, a solução default é decidir a favor das empresas.

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Enquanto os países ricos já vacinaram mais de 60% da população com várias doses, os países africanos apenas vacinaram 6% e só com uma dose.

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Há um clamor mundial para pôr termo a esta grosseira injustiça que, para mais, deixa o mundo inseguro no seu todo.

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Esta é a grande oportunidade para António Guterres se afirmar como um líder mundial.

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Não poderá continuar escondido atrás da OMS e ficar-se por afirmações abstractas e supercautelosas como tem feito até agora.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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