(…)
Rui Rio, a custo, passou a
ser pela valorização do salário mínimo nacional, mas logo descobriu (grande
patranha) que o "crescimento excessivo" do SMN impediu a melhoria dos
outros salários.
(…)
A sua política diferente
consistirá em travar o crescimento do SMN para "melhorar a mediana
salarial".
(…)
O crescimento geral dos
salários exige salários mínimos dignos, relações de trabalho equilibradas e
exercício pleno da negociação coletiva.
(…)
Esta deve ser a sede onde
se tratam, em simultâneo, os compromissos de produção e de retribuição com quem
produz a riqueza.
(…)
Para acompanhar a
modernidade neoliberal quer sistemas mistos [de segurança social] que entreguem
uma parte das contribuições a fundos especuladores.
(…)
António Costa, por seu
lado, tenta convencer-nos de que a sua proposta de Orçamento para 2022 contém
as mais eficazes propostas de políticas que nos hão de conduzir ao paraíso.
(…)
[para uma governação
estável Costa propõe-se] conquistar uma maioria absoluta, que toda a vida
considerou perniciosa pelo autoritarismo que induz; formar uma maioria com o
PAN e outros restos; governar com o consentimento do PSD. Que estabilidade
trazem estas soluções?
Um
estudo recente revelou que apenas 12 contas nas redes sociais norte-americanas
(…) eram responsáveis por dois terços da desinformação sobre as vacinas.
(…)
Outro
estudo, de 2018, confirma que as notícias falsas chegam a mais gente, mais
depressa e de forma mais persistente do que as verdadeiras.
(…)
Aparentemente,
o absurdo não faz tocar nenhum alarme de desconfiança. Sabemos que a política
conta.
(…)
O mapa eleitoral dos EUA coincide com o mapa
de vacinação e são os eleitores republicanos que mais partilham a informação a
desacreditar as vacinas.
(…)
Também
sabemos que os mais velhos partilham mais notícias falsas do que os mais
jovens.
(…)
São as
pessoas medianamente informadas as que têm mais excesso de confiança.
(…)
As
pessoas têm de aprender, antes de tudo, a saber que não sabem. E quando sabem
pouco, que sabem pouco.
(…)
Não é
o espírito crítico que dispara a dúvida arrasadora que tem de ser ensinado, é o
espírito autocrítico, que tempera essa dúvida.
(…)
Não é
o conhecimento científico que temos de democratizar. É o pensamento científico.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Mantenho
que não é razoável que todos [os partidos com assento parlamentar] debatam com
todos.
(…)
Se uma
campanha até agora praticamente reduzida a debates é uma imposição do próprio
contexto pandémico, não deixa, no entanto, de ter fragilidades e virtudes.
(…)
Em
parte, estes debates produzem um efeito de empobrecimento político:
sobrevalorizam o papel da comunicação social (…) e atribuem um papel primordial
aos jornalistas.
(…)
[As
análises dos jornalistas,] ao focarem-se na tática, prolongam ad nauseaum a especulação sobre coligações
pós-eleitorais e assentam numa avaliação dos debates como combates de box.
(…)
Os
debates geraram interesse e foram, como tal, um fator de mobilização.
(…)
Desempenharam
com eficiência uma função de avaliação dos atributos dos vários candidatos.
(…)
Permitiram
aferir a capacidade argumentativa dos participantes.
(…)
Por
obrigarem a mensagens sintéticas, exigiram dos vário lideres preparação.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
A
posição mais à direita em todos os debates eleitorais não veio de Ventura, mas
de Cotrim de Figueiredo quando propôs que os funcionários públicos passassem ao
estatuto de “colaboradores” das empresas que resultassem da privatização dos
serviços do Estado.
(…)
A palavra “colaboradores” para designar os
trabalhadores transporta consigo uma visão de sociedade que, entre outras
coisas, é profundamente iliberal.
(…)
Não existem tantas diferenças entre um e outro
[Rio e Costa] como se pensa.
(…)
Penso,
aliás, que por aquilo que se conhece do pensamento de Costa e do PS, este
gostaria de poder ter feito muitas das coisas que Rio propõe.
(…)
A
defesa por Costa do “equilíbrio orçamental” foi seguindo este critério
simplista, tão à direita como muito do que diz Rio sobre a “sustentabilidade”.
(…)
Defender
o “potencialmente gratuito” dos cuidados de saúde não é necessariamente mais à
esquerda do que a fórmula de Rio de que “os cuidados de saúde não podem ser
recusados por razões económicas”.
(…)
Qual é
diferença ideológica de fundo entre querer privatizar a TAP a curto prazo ou
tentar rentabilizá-la com dinheiro público para a vender depois, como quer
Costa?
(…)
[Há que discutir o] estado da democracia num
país cada vez menos soberano, ou seja, onde o voto dos portugueses vale cada
vez menos.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
Em
Portugal e no mundo, a pandemia está a aumentar casos de pobreza, aumentar os
casos de ansiedade e de depressão e a aumentar o número de casos de violência
contra as mulheres.
(…)
Em
Portugal, em 2021, aumentou o número de denúncias por violência doméstica, bem
como os pedidos de ajuda; foram assinadas 23 mulheres, das quais 13 em contexto de
intimidade, e houve 50 tentativas de assassinato.
(…)
Os
relatórios das Nações Unidas declaram que uma em cada três mulheres já foi vítima de algum tipo de
violência durante a sua vida, dois em
cada três homicídios em contexto familiar são de mulheres, uma em cada cinco meninas é forçada a casar antes de completar
os 18 anos, e apenas 40% das mulheres procura ajuda depois de sofrer alguma
forma de violência.
(…)
[Apesar dos muitos progressos realizados em todo o
mundo] ainda
há muito trabalho a ser feito, pois só será possível atingir um mundo melhor e
mais sustentável quando se assegurarem os direitos das mulheres como direitos
humanos e fundamentais.
(…)
Educar
as nossas crianças e jovens é a chave para erradicar a violência contra as
mulheres e atingir a igualdade de género no futuro, pois um dia eles serão os
adultos que irão governar o mundo.
Ângela Rodrigues, “Público” (sem link)
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