(…)
Face a qualquer dificuldade, há mercado a menos, impostos a
mais e a regulação do Estado (…) atrapalha os privados e os seus interesses (…).
(…)
[Por exemplo] Carlos Guimarães Pinto, deputado e um dos
ideólogos do partido, defendeu o seguinte no Parlamento: i) não há problema com
a excessiva absorção de casas pelo alojamento local nos centros das grandes
cidades, há sim um problema de construção privada a menos no país.
(…)
[Tem de haver] uma quota significativa de habitação pública
para garantir o acesso a um teto como direito elementar.
(…)
[Para os liberais] há muito interior por povoar e é lá que o
Estado pode desenvolver as suas políticas públicas, em vez de importunar a
indústria do alojamento local no Porto ou em Lisboa.
(…)
Estas ideias, por mais trendy que se tenham tornado em certos
circuitos, são a defesa do status quo e são tudo menos novas.
(…)
Vingam os mais ricos, os mais fortes, os que tiveram a sorte
de herdar recursos.
(…)
Será provavelmente “xenofobia” lutar contra a multinacional
que extrai os recursos de um território e se apropria das mais-valias.
(…)
Será “discriminação” lutar contra os fundos de investimento
estrangeiros que geram processos especulativos apropriando-se de zonas inteiras
das cidades.
(…)
Fora das cabeças liberais e da sua terminologia, contudo, a
estes processos tem-se chamado neocolonialismo.
(…)
Embora com outro discurso, os governos não têm feito, na
habitação, muito diferente daquilo que a IL diz.
José Soeiro, “Expresso” online
Um dos argumentos com que a direita couraça o seu frenesim em
promover o negócio da saúde é que alguns dos proclamados defensores do SNS são
os seus melhores aliados.
(…)
Talvez também seja tempo de levar a sério o argumento sobre
os cúmplices no desmantelamento do serviço público de saúde.
(…)
Desde há muitos anos que a batalha política sobre o SNS é
essencial na definição futura da democracia para a vida coletiva.
(…)
É portanto a saúde que se disputa. Há duas fortes razões para
isso: é o melhor negócio do mundo.
(…)
E é o último reduto da confiança na coisa pública, pelo que a
luta pelo seu desmantelamento é um projeto estratégico que pode definir Portugal
por gerações.
(…)
O guião [para a destruição do SNS] é simples, se bem que
trabalhoso.
(…)
Limitar o SNS à especialização em altos custos com
intervenções complexas em instalações degradadas, empurrando a chamada “classe
média” nos casos correntes para o conforto do atendimento simples em hotelaria
melhorada.
(…)
[Deixar] aos hospitais públicos o serviço de retaguarda para
os pobres.
(…)
Evitar o investimento [público na saúde] é a segunda regra
importante.
(…)
A terceira regra é destruir o sistema.
(…)
Com mais urgências e com falta de profissionais em várias
especialidades, o que é visível no SNS é a sua asfixia.
(…)
A quarta regra para destruir o SNS é (…) a pressão
salarial sobre os profissionais mal pagos.
(…)
É um sucesso, já há hospitais em que mais de metade do
serviço de urgência é constituído por estes recursos [a tarefeiros].
(…)
A quinta regra, não menos importante, é azucrinar a vida dos
profissionais com engodos de “reformas estruturais”.
(…)
A última, que fez furor na campanha eleitoral, foi a promessa
de pagamento reforçado a quem fizesse mais de 500 horas extraordinárias por ano [mas
é uma fraude].
(…)
Como já percebeu, se este é o guião para destruir o SNS, o
seu executante é o governo Costa.
(…)
Para salvar o SNS, será necessário impor uma frente de forças
que vença o lobby dos hospitais privados que domina o partido do governo e que
é o melhor aliado da privatização da saúde.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Os
excelentes resultados globais, apresentados pela desvergonha propagandística de
um serviço [do Ministério da Educação] são caricatamente resumidos, por outro
serviço, à mediocridade que a soma das partes evidencia.
(…)
A manipulação dos resultados educativos, superestimando o que
realmente os alunos aprendem, é absurda e irracional.
(…)
Na Educação
há um padrão recorrente nas políticas do Governo: perante os factos
problemáticos, não procura soluções; prefere alterar os factos, manipulando os
dados, para escamotear a realidade.
(…)
Entre
Janeiro e Abril deste ano, a Segurança Social processou menos 45 mil pagamentos
relativos a subsídios de educação especial, que se destinam a crianças com
dificuldades educativas severas.
(…)
O novo
quadro legal da mobilidade por doença faz prever que muitos professores,
dramaticamente carentes de beneficiar do regime, vão deixar de preencher os
requisitos de índole administrativa e as baixas médicas de longa duração vão
aumentar.
(…)
Temos
hoje, convenientemente, já se vê, um processo de formação contínua de
professores, cuja característica distintiva é torná-los radicalmente cegos para
tudo o que se oponha à narrativa da pedagogia religiosa do ministro e dos seus
lobitos.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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