(…)
Durante
a pandemia, o SNS demonstrou ser a única verdadeira resposta de saúde pública.
(…)
Foi
posto à prova. Mas foi-o de tal forma que ficou exausto e as suas fragilidades
vieram ao de cima.
(…)
Os
apetites [ao negócio da saúde] são vorazes e sente-se o eco do mais poderoso
lóbi mediático deste país.
(…)
Mas a
defesa [do SNS] faz-se com políticas racionais, não com a negação dos problemas.
(…)
Nos
Orçamentos de 2021 e 2022, BE (nos dois) e PCP (no segundo) fizeram deste tema
uma das principais razões para a sua oposição: depois da covid, o sistema iria
colapsar. O debate ficou-se pela crise política e ninguém quis perder muito tempo
com o conteúdo. Mas o tempo deu-lhes razão: de nada servia abrir vagas para
mais médicos que inevitavelmente ficariam vazias. Nem chegava pagar mais. Era
preciso mexer nas carreiras.
(…)
O
sistema de urgências depende, hoje, de prestadores externos. Não para funções
extraordinárias, mas para necessidades permanentes.
(…)
Só
para pegar num dos hospitais que entrou em rutura na semana passada, metade do
serviço de urgência obstetrícia de Portimão depende de tarefeiros.
(…)
O que
o Estado está a fazer é a empurrar médicos para fora do SNS, pagando-lhes mal
dentro e melhor fora.
(…)
[O
ataque à contratação de funcionários do Estado] pretende degradar serviços
públicos para os libertar para o negócio privado.
(…)
A
solução da direita é o pré-fabricado ideológico que tem para tudo: se o SNS não
garante, não se lhe dá mais meios.
(…)
Passa-se
a função para o privado, como Marta Temido acabou de fazer e nunca será
considerado suficiente.
(…)
Até
tudo o que interessa estar no privado e ser impossível manter o SNS por falta
de massa crítica, meios e médicos.
(…)
[Esta
crise] é do sistema que dura e piora desde os anos 2000.
(…)
O que
é preciso é dar autonomia para os hospitais contratarem e aumentar de forma
permanente e muito substancial os médicos que escolham a exclusividade, para
que não se torne mais atrativo cortar o vínculo com o SNS e continuar a
trabalhar para ele.
(…)
Ter
centenas de milhares de portugueses sem médico de família é um dos maiores
fracassos deste Governo.
Kharkiv
era o lar de 1,5 milhões de pessoas. Foi alvo das forças militares russas desde
o início da invasão.
(…)
Muitas
partes reduziram-se a escombros cinzentos devido à destruição causada por este
tipo de bombas [de fragmentação] proibidas.
(…)
[A Rússia]
não pode recorrer a estas armas de ataque indiscriminado matando ou deixando
civis feridos, arrasando as suas habitações e infraestruturas civis como
hospitais e escolas.
(…)
Fazê-lo
é cometer crimes de guerra ao abrigo do Direito Internacional Humanitário.
(…)
[Em Karkiv
as pessoas] morreram porque seguiam com as suas vidas que não ameaçavam nenhum
tipo de autoridade em Moscovo ou em lado nenhum.
(…)
Todas
estas pessoas [sobreviventes] enfrentam agora o futuro condicionadas a uma
guerra que não escolheram.
(…)
Perante
a barbárie, é imperativa, por parte das autoridades, a realização de
investigações independentes, imparciais e exaustivas sobre todas as alegações
credíveis de crimes de guerra.
(…)
Ao mal
feito deve procurar-se apaziguar os seus efeitos de todas as formas possíveis.
Só a justiça, em todas as suas componentes, pode ter esse papel.
Pedro A. Neto, Diretor-executivo da AmnistiaInternacional/Portugal
A
criação de organizações globais, com o objetivo de pensar o mundo como um todo,
foi uma das decisões cruciais que resultaram dos conflitos armados do séc. XX.
(…)
Criada
em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma dessas organizações.
(…)
Das
inúmeras conquistas no seu currículo, talvez a mais visível seja a erradicação
da varíola, após uma longa campanha mundial de vacinação.
(…)
[Ainda]
hoje, uma em cada cinco crianças no mundo não recebe vacinas contra doenças
evitáveis como a difteria, tosse convulsa, tétano, sarampo ou poliomielite.
(…)
O
sentimento de desconfiança associa-se frequentemente ao ritmo demasiado lento
com que estas organizações normalmente parecem responder às solicitações que
lhes são dirigidas.
(…)
Enquanto
uns apelam a reformas urgentes e efetivas, outros duvidam que haja tempo ou se
é mesmo desejável esperar pela reforma das grandes instituições.
(…)
Este
novo pilar da OMS [Painel Intergovernamental para a Saúde Global] funcionaria
como uma rede global de especialistas, descentralizada e protegida da pressão
política ou interferência burocrática.
(…)
Reformular
a OMS é essencial para reganharmos a capacidade de trabalhar com todos e para
todos.
Sabe-se
que em Portugal os contratos temporários correspondem a 21% face a 15% da média
europeia e, no caso dos jovens, a percentagem sobe para 62% face a 49% na UE.
(…)
Existem
estudos europeus que dão conta de uma degradação progressiva das condições de
trabalho, sobretudo por via de uma crescente precarização.
(…)
Em Portugal,
o número de trabalhadores que são precários e forçados a sê-lo é de 82%
enquanto na UE é de 53%.
(…)
Portugal
vive uma situação particularmente grave, no contexto europeu, de precarização
do trabalho, especialmente no que respeita à população mais jovem.
Liliana Marques Pimentel, “Diário de Coimbra” (sem link)
Ao longo das últimas décadas, o setor
destacou-se como um dos poucos que contribuíram para contrariar o processo de
desindustrialização em Portugal.
(…)
Todavia, prevalecem ou acentuam-se
limitações. É muito grande o conteúdo importado para produzir o que se exporta.
Em vários subsetores o investimento é baixo. Persiste uma redução de custos
assente em contenção remuneratória e aumento da precariedade.
(…)
As remunerações mensais base, que desde
2008 até 2015 cresceram acima das do total da economia (setor empresas) e da
indústria transformadora, estão em queda contínua desde esse ano, e já abaixo
daquelas.
(…)
A produtividade não cresceu, o que indica
reforço de atividades de baixo valor acrescentado.
(…)
Portugal posiciona-se mal na cadeia de
valor global.
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