(…)
A
mentira de António Costa tem a perna curta. O estatuto do dador de sangue, a
obrigatoriedade de prescrição por princípio ativo, o testamento vital, o
estatuto do doente crónico, a regulamentação das profissões de gerontólogo, de
podologista e de optometrista, a clarificação das situações em que a
autorização de um medicamento para uso humano pode ser indeferida, o
acompanhamento do doente nas urgências hospitalares – eis, entre muitas outras,
melhorias concretas e importantes no SNS que são hoje lei devido a iniciativas
do Bloco de Esquerda.
(…)
Que António Costa o esqueça não é ingratidão nem amnésia, é
só jogo político.
(…)
Foi
aquela plena dedicação do João Semedo ao SNS e à sua melhoria contínua que fez
com que António Arnaut o tivesse escolhido para companheiro da proposta de uma
nova Lei de Bases da Saúde.
(…)
O
certo é que o jogo político do primeiro-ministro não consegue esconder que as
melhorias de que o SNS hoje precisa não são de contingência nem se conseguem com
a multiplicação de comissões.
(…)
[É
pena que quando o Bloco] defendeu o regime de exclusividade dos profissionais
de saúde e a autonomia de contratação dos hospitais para
responder a esses problemas estruturais António
Costa as tenha desdenhado e considerado que eram intransigências fabricadas
pela esquerda para votar contra o Orçamento.
(…)
Não foram precisos seis meses para vir reconhecer o que era
óbvio.
(…)
Os problemas estruturais do SNS estão mais que
diagnosticados.
(…)
António
Costa sabe quem já deu provas concretas de querer melhorar o SNS e quem dá
provas de o querer destruir. A escolha é simples.
José Manuel Pureza, “Público” (sem link)
Se
estivermos a ler os comunicados do PCP, a ouvir as intervenções do Conselho
Português para a Paz e Cooperação, o Apelo à Paz da manifestação deste sábado,
duvidamos que haja mesmo uma guerra, aqui tão perto.
(…)
Não é uma guerra de “baixa intensidade”, esse eufemismo, mas
de altíssima intensidade.
(…)
Não há aparelho para medir o sofrimento, mas, se houvesse, o
ponteiro do sofrimento sairia do mostrador.
(…)
[Deseja-se]
tornar a guerra que se pretende condenar em termos genéricos, numa completa
abstracção?
(…)
A
“guerra” que realmente existe é aquela que não serve para o apelo à paz, porque
nenhuma das circunstâncias concretas dessa guerra pode ser nomeada e combatida.
(…)
Expliquem
lá ao autor deste texto como se ele fosse totó qual é a diferença entre a argumentação de Hitler nos
Sudetas e a de Putin no Donbass.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Contrariando
as previsões mais pessimistas, as taxas de ocupação hoteleira já regressaram ao
que tínhamos antes da pandemia. Quem não regressou foram os trabalhadores.
(…)
[Na
hotelaria e na restauração] são recorrentes as queixas com os salários, a
violência dos horários e a carga física e psicológica.
(…)
Os
horários repartidos entre almoço e jantar, norma entre os empregados de mesa e
cozinha, tornam impossível a conciliação com a vida familiar.
(…)
O
aumento do salário mínimo e a pressão para alguns grupos de distribuição ou
comércio pagarem acima dele ajuda a explicar a dificuldade da hotelaria.
(…)
O
problema é termos um Estado social que não lhes permite [aos dirigentes
hoteleiros] ganhar milhões pagando tostões.
(…)
[Os
dirigentes hoteleiros] procuram trabalhadores menos qualificados para lhes
pagarem pior.
(…)
Os
preços da hotelaria em Portugal já não são muito diferentes dos da maioria dos
países europeus, onde os salários são muito mais altos.
(…)
Não é
por acaso que as unidades hoteleiras no Algarve deixaram de atrair
trabalhadores do resto do país. O salário está ligado ao custo de vida e este
ao preço da habitação.
(…)
Se o
salário para trabalhar sazonalmente no Algarve mal dá para arrendar uma casa, o
problema não é o trabalhador não querer trabalhar, é não querer pagar para
trabalhar.
(…)
O que
já é insuportável na capital, com um nível salarial superior, é uma
bomba-relógio no Algarve.
(…)
Os
empresários não podem continuar a acreditar sempre no mercado, menos quando
contratam trabalhadores.
(…)
Não
peçam ao Estado para cortar apoios sociais para ver se alguém lhes bate à porta
em necessidade.
No discurso de muitos empresários e
gestores, de "especialistas" em recrutamento de trabalhadores, de
alguns governantes, é contínua a utilização da palavra talento, amiúde de forma
manipulada.
(…)
O talento, mais que uma propriedade de
cariz individual, é uma característica que se revela em contextos sociais, no
desenvolvimento das atividades humanas.
(…)
Entre os principais problemas do país, da
economia e do trabalho não se encontra a falta de talento dos portugueses, mas
sim a ausência de condições para que ele emerja na sociedade, a falta de
capacidade de o reter e de o valorizar.
(…)
O trabalho pouco qualificado, repetitivo
e precário é uma máquina de matar talentos e até de gerar enfermidades nas
pessoas.
(…)
O trabalho pouco qualificado, repetitivo
e precário é uma máquina de matar talentos e até de gerar enfermidades nas
pessoas.
(…)
Temos mais de um quinto dos jovens
licenciados em trabalhos de baixíssimos requisitos de qualificação e com
míseros salários, porque não encontram outros.
(…)
Quando analisamos a evolução das
políticas salariais ou da legislação laboral, constata-se que a maioria dos
empresários pouco ou nada avançou de melhorias materiais ou motivacionais aos
trabalhadores.
(…)
Quantos trabalhadores altamente
qualificados não entram nas empresas porque há patrões que temem confrontar-se
com quem está mais bem preparado?
E
porque todas as bacias oceânicas estão interligadas, aquilo que acontece numa,
mais cedo ou mais tarde, far-se-á sentir em todo o oceano.
(…)
A
noção de que o oceano é só um é o primeiro dos sete princípios essenciais da
literacia do oceano, estabelecidos há quase 20 anos.
Maria Adelaide Ferreira, “Público” (sem link)
Não
estou a dizer que é errado aplicar sanções à Rússia. Mas não vale a pena ter
ilusões.
(…)
As
sanções funcionam poucas vezes, arrastam-se pois são politicamente difíceis de
ser levantadas, perturbam pouco ou nada a elite e aumentam o sofrimento das
populações.
Bárbara Reis, “Público” (sem link)
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