sexta-feira, 24 de junho de 2022

CITAÇÕES

 
Há governantes que são assim, mais populares entre as chancelarias estrangeiras do que entre quem vive no seu país. É o caso de Macron.

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Para o primeiro-ministro português, o reeleito Presidente francês seria o mais esclarecido visionário e condutor da União. 

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[Esse entusiasmo leva a aceitar] que a política europeia seja governada ao ritmo de tuítes publicitários.

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Pela primeira vez desde que as eleições legislativas se seguem às presidenciais francesas, o eleito não tem maioria parlamentar.

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A diferença de votos entre o partido de Macron e a aliança de Mélenchon, entre 22 milhões de votantes, ficou pelos 22 mil votos, bastaria ao segundo ter obtido uma parte deles para ter mais deputados. 

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[Macron] foi derrotado pela sua impopularidade e perdeu um terço dos seus lugares na Assembleia.

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Esta nova direita abriu espaço para a consolidação da extrema-direita, que ultrapassa o partido gaullista, normalizando-se como alternativa.

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A instabilidade em França perturba o sistema institucional europeu, agora mais pulverizado.

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A resposta à dificuldade é refugiar-se em estratagemas, como na gestão da adesão da Ucrânia.

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Tudo inviável e um barril de pólvora para França, que não quer o dinheiro da PAC dividido com a Ucrânia. 

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[As políticas de redução da segurança social e de desqualificação do emprego são] o mais pesado efeito destas eleições, pois demonstra que a normalidade europeia gera a crise.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

Quem defende o SNS já não pode escapar ao dilema entre ignorar o colapso e recusar a continuidade da ilusão sobre a estratégia presente.

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Apresentar o atual SNS como o modelo da virtude democrática custa a derrota.

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Graças a estes [vários] fracassos programados, os privatizadores têm a estrada aberta.

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Nesse caminho, a estratégia de desmantelamento do sector público tem-se imposto.

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Na incerteza, os seguros cresceram e são um florescente ativo financeiro, que promete lucros confortáveis.

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A consequência é uma saúde mais cara para as pessoas.

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Durante a fase aguda da pandemia, os hospitais privados ofereceram a sua disponibilidade por 13 mil euros e, se fosse caso grave, o doente era recambiado para o público.

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As PPP, que transformaram em arte a regra do afastamento dos doentes mais caros, são elogiadas como se essa manigância fosse boa gestão.

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A questão para quem tem terçado pelo SNS como a prova da democracia é que deixa de ser viável apresentar este sacrificado serviço como um modelo.

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Se a liderança do SNS estiver na mão de quem tão metodicamente trabalha para o seu afundamento, então estaremos a desistir dele.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

Na Colômbia, uma primeira vez é quase uma revolução.

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Implica uma mudança sistémica, um contragolpe na instabilidade, uma tentativa real de fazer algo novo, tentando abstrair do cansaço.

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Pela primeira vez na História do país, a Colômbia elege um presidente de Esquerda, Gustavo Petro.

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A frase do discurso de vitória acerta em cheio na mudança de paradigma da política centro e sul americana.

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Da polarização da segunda volta das eleições, sai derrotado o Trump que a Colômbia conseguiu oferecer ao Mundo.

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À crise social, económica e de segurança, à insatisfação popular patente nas ondas de protesto de 2019 e 2021, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro não responde com um programa qualquer.

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À terceira tentativa, Petro ganha as eleições apresentando medidas de ruptura que mexem nas suas feridas mais internas e expostas.

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Apresenta a visão de um país que se quer na vanguarda mundial do combate às alterações climáticas, investindo em energia renovável e não em explorações de petróleo.

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Cumprir este programa, radical para os padrões do país, sem defraudar a maioria dos colombianos que o elegeram.

Miguel Guedes, JN

 

Foi assim [na ideia da prossecução do bem comum] que se criou o exemplar serviço nacional de saúde inglês, que veio mais tarde a ser dizimado pela governação Thatcher.

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O SNS é um dos temas centrais que divide a esquerda e a direita.

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A esquerda pretendeu sempre um SNS de vocação universal e público. A direita pretende um SNS em articulação com os privados, o que na prática significa que deixa de ter aquela vocação, a de garantir a todos acesso a cuidados de saúde em condições de equidade.

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Muito mudou. (…) [A algumas pessoas] interessa-lhes [apenas] ter um bom serviço de saúde.

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Já os políticos e os partidos políticos navegam por águas turvas. Ainda ontem o líder da bancada do PS, Eurico Brilhante Dias, anunciava com orgulho que tinha sido o seu partido a lançar as PPP (parcerias público-privadas) na área da saúde.

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[Os privados] são grupos económicos fortes e procuram o lucro. Esta não pode ser a lógica do SNS.

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Quando se abrem as portas aos privados — e se estes as querem abertas — o SNS perde a sua vocação original: a de servir todos e de conseguir fazê-lo autonomamente.

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Como ter um serviço público dependente de organizações que visam o lucro numa área como a saúde?

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Sucede também que o Estado está a gastar mais com a saúde mas não aumenta a despesa estrutural, na medida em que, por exemplo, não melhora as condições remuneratórias dos médicos.

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Se não estamos a poupar nas despesas porque prefere o Governo contratar tarefeiros; porque prefere aumentar as despesas extraordinárias em vez de as despesas estruturais?

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Esquecemo-nos com muita facilidade de princípios fundamentais. Os países onde a saúde é um negócio tratam vergonhosamente quem não tem seguro de saúde.

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[Em Portugal] os seguros de saúde estão massificados, mas quando os segurados têm doenças graves, e o cancro é sempre delas bom exemplo, correm para o SNS.

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Também a pandemia foi uma boa lição; reparem que estava na lista das exclusões da maior parte deles [seguros de saúde].

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Está à vista de todos que [o SNS] tem problemas graves, mas ainda é possível salvá-lo.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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