sexta-feira, 11 de novembro de 2022

CITAÇÕES

 
As eleições intercalares norte-americanas, em que um ex-Presidente mascara o seu desprezo pela democracia e faz esquecer o ataque das suas milícias ao Capitólio, serão apresentadas como mais uma confirmação desta evidência de La Palice [é a economia que domina a sociedade moderna].

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De facto, no nosso mundo o que determina as eleições é a economia.

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A questão da imigração tem potência porque é enunciada como condicionamento da vida económica.

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Mesmo quando outras questões se precipitam, como o direito das mulheres, é sempre pelo viés do poder económico tradicional que se apresentam as alternativas.

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O identitarismo religioso, (…), se enroupa como uma doutrina económica, sob a forma da teologia da prosperidade.

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Ou o medo reabre o caminho ao trumpismo ou este não reconhece as eleições, pois só a obra demoníaca poderia retirar aos fiéis a sua supremacia. 

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Há pelo menos três obras consagradas [nos EUA] que discutiram estes perigos do autoritarismo e todas o fizeram usando o material reconhecível, a história de uma crise económica.

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Os três livros sobre o abismo autoritário giram à volta da crise de 1929 e de Roosevelt, que então representou a resposta tanto à depressão quanto à guerra que se lhe seguiu.

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Partilham um aviso: foi a economia do liberalismo, cuja vertigem especulativa levou ao dominó da falência de empresas e bancos e ao desemprego de um quarto dos trabalhadores, que abriu a porta ao desespero que criou o autoritarismo. 

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Quando a depressão fez explodir este sonho [“americano”], os espíritos animais foram soltos.

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É, portanto, sempre a economia que resume os poderes das forças sociais que domina a sociedade moderna.

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Tem sido a economia estúpida, a que gera crises e propõe soluções que as agravam, que nos tem governado.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A presença de demagogos e proto-ditadores em boletins de voto, cada vez mais comum, tem feito as delícias dos caçadores de fantasmas nas campanhas eleitorais em Itália, Israel, Brasil e EUA.

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A América inflectiu à Esquerda, mesmo no contexto de uma crise aguda e de taxas de rejeição muito assinaláveis dos seus líderes. 

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[As eleições no Brasil e nos EUA] são a prova de que a Direita até pode disputar eleições à última casa decimal, mas fica bem mais próxima da derrota quando pretende ir para a batalha com candidatos radicais.

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[No Brasil a direita] permitiu que os direitos reprodutivos e as alterações climáticas fossem factores decisivos para segurar a diferença, ainda assim curta, que derrotou Bolsonaro. 

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O voto feminino em Lula, sempre superior e consistente em todas as sondagens, sustenta boa parte dos dois milhões de votos que lhe entregaram as chaves do Planalto.

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As causas identitárias podem não ganhar eleições mas, seguramente, afastam muitos mais do que aqueles que convertem. 

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Quão longe foram os responsáveis políticos [brasileiros] que julgaram poder ganhar eleições pela hipnose colectiva de meio povo.

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Tal como no Brasil, [nos EUA] as mulheres, os direitos reprodutivos e as alterações climáticas fizeram boa parte da diferença que colocou os elefantes vermelhos literalmente no meio da sala.

Miguel Guedes, JN

 

As desigualdades são crescentes, com a perda de poder de compra das famílias a acontecer a par do abuso dos superlucros milionários dos principais grupos económicos, mas o PS acha mais premente entrar nesse processo de revisão constitucional.

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As prioridades estão todas erradas, ninguém percebe a urgência da abertura de um processo de revisão constitucional neste momento de crise.

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O contexto político destas movimentações não é inocente. O PSD está a ter óbvias dificuldades a apresentar alternativas às políticas do Governo PS.

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[Há semanas que Montenegro não fala do OE] sempre em busca de um tema do dia que lhe permita fugir a essa agonia.

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Já o PS, a braços com vários escândalos, vê cair do céu a possibilidade de desviar as atenções dessas maleitas.

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O Chega garante ao centrão o ruído suficiente para mudar o assunto da crise social que se agiganta sem resposta por parte do Governo.

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Agora, são PS e PSD que deixarão ao Chega o lugar na história de terem sido os proponentes da 8.ª Revisão Constitucional.

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É nos momentos fundamentais que se percebe como a política do PS é tantas vezes um jogo viciado pelos oportunismos e conjunturas momentâneas.

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Estas faces da realidade que o país enfrenta [e que se configuram no empobrecimento acelerado  de parte significativa da opulação] mostram como a crise social não está a ter a resposta devida, comprovam a insuficiência das políticas do Governo.

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[O objetivo do processo de revisão constitucional é] ofuscar a difícil realidade e as responsabilidades do PS na falta de respostas.

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É urgente rever a Constituição da República Portuguesa? Não.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

Rui Madeira [diretor da Escola António Arroio] foi entrevistado por vários jornalistas a propósito do protesto climático dos alunos da António Arroio, descrito na comunicação social como fecho da escola.

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[Rui Madeira] esclareceu, com elegância, que a escola estava aberta, apenas não tinha atividades letivas.

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Contextualizou ainda que o protesto é vida e que deveremos tentar viver o mais tranquilamente possível.

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Culminou as suas declarações afirmando que a escola nunca estará contra os alunos que querem um mundo melhor.

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Os alunos estão conscientes de que só fazendo ações que incluam “luta, barulho e confusão” é que conseguem a atenção da comunicação social.

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É possível que as qualidades deste homem tenham reflexos na atitude dos alunos e que a atitude dos alunos tenha reflexos no conforto que os mais novos encontram na escola.

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Chegar à António Arroio é encontrar um admirável mundo novo, onde a expressão artística e criativa é verdadeiramente apreciada e onde o direito à diferença não precisa de ser reivindicado ou sequer precisa de ser tema.

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Numa sociedade tristemente marcada pelo crescimento do individualismo, encontra-se um oásis – mas prefiro chamar-lhe viveiro – de pessoas que existem enquanto grupo.

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É uma escola com boas condições físicas e tecnológicas. Não é perfeita, mas, caramba, é uma escola pública, ou seja, gratuita.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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