quarta-feira, 10 de abril de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (98)

 
Hoje sabemos que Israel teve informação. Jovens soldadas de vigilância junto a Gaza fizeram alertas e queixam-se de serem ignoradas pelos chefes. Machismo, narcisismo, falta de noção, tudo isso ou não apenas?

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Havia mil perguntas a 7 de Outubro. E continuamos longe de reconstituir o que se passou.

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Há seis meses que vemos o inédito, e continuamos sem ver o fundo.

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O Egipto continua uma ditadura, reprimindo islamistas em casa, travando os que estão em Gaza. Faz o jogo de Israel desde 7 de Outubro, e reprime protestos contra isso.

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Entretanto uma empresa chamada Hala está a facturar no Cairo. Tira palestinianos de Gaza por 5000 euros. Por cabeça. Não é um segredo, anuncia no Facebook, já saíram reportagens.

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Manifestações pró-Palestina foram dispersas à força na Jordânia.

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Ao mesmo tempo, a Alemanha congelava contas de activistas judaicos pró-Palestina.

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A Alemanha, ajudada por Ursula Von der Leyen, encabeçou o pior da Europa desde 7 de Outubro.

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Milhões de pessoas sacrificadas sem que ninguém faça frente a Israel, porque os nazis exterminaram seis milhões de judeus.

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A culpa alemã é uma forma extrema de narcisismo.

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O que a maior parte dos governantes nos mostraram depois de 7 de Outubro é que a culpa era mais importante do que a vida dos palestinianos.

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É verdade que Putin deu cabo de toda uma Rússia, e é uma ameaça para a Ucrânia e para toda a Europa. Não é possível sobrestimar o seu perigo. E é verdade que o mundo tem dualidade de critérios em relação à Palestina.

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Fazer frente a Putin não tira fazer frente a Israel. Israel não é um Estado menos sinistro por Putin ser sinistro. Ou o regime do Irão ser sinistro.

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O Governo de Israel atacou o Irão como se não tivesse a sua própria casa a arder. Ou, justamente, porque está a arder em casa.

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Além, claro, de [Israel] estar a levar a cabo em Gaza aquilo que cada vez mais peritos pelo mundo consideram ser um genocídio.

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O Parlamento do Canadá veta, enfim, mais armas para Israel.

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O Conselho de Segurança da ONU demorou quase seis meses, mas finalmente aprovou um cessar-fogo.

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Todos os dias [Israel] tem desrespeitado o que o Tribunal Internacional de Justiça decretara, para prevenir um genocídio. Um país a um passo do ostracismo mundial, alertou há dias o ex-Presidente israelita Rivlin.

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Nestes mesmos dias, além de atacar o Irão, Israel ainda teve tempo de inventar uma lei para banir a Al Jazeera. O Parlamento aprovou.

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Supremacistas judaicos, que além de quererem colonizar Gaza se apoderaram como nunca de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia, onde milhões de palestinianos estão também reféns.

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Aliás, se Israel está a arder, é também porque uma parte de Israel já é uma teocracia. Os partidos religiosos foram um cimento do sistema, em troco de os haredim não servirem no Exército, e serem subsidiados.

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Não são só erros graves, mostram a degradação das Forças Armadas israelitas, como em Gaza “cada um faz o que quer”, segundo fontes do Exército também disseram ao Haaretz.

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O discurso de Biden depois do 7 de Outubro revelou de forma cristalina como as vidas palestinianas não contavam para ele como as israelitas.

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[os EUA estão exasperados com “Bibi”]ainda assim, acabam de mandar mais milhões de armas para Israel

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Os palestinianos vivem um sacrifício sem precedentes, mas não vão desaparecer. Novas gerações viram um holocausto em directo. A visão de Israel no mundo é outra. A ruína moral rói os israelitas por dentro.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Esta manifestação [Caminhada pela Vida] dá visibilidade aos movimentos conservadores em defesa da família tradicional e contra o aborto legal e a eutanásia.

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A Federação pela Vida apropria-se da linguagem do movimento feminista e dos direitos humanos, definindo o aborto “uma arma da opressão das mulheres”.

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Consciente de que a opinião pública é cada vez mais favorável à liberdade de escolha das mulheres, o movimento antiaborto foi forçado a adaptar-se, tendo desenvolvido argumentos aparentemente pró-mulher na defesa da criminalização do aborto.

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O aborto é representado como inerentemente traumático, comportando riscos elevados para a saúde física e mental de quem aborta.

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A criminalização aparece assim como uma exigência de saúde pública, que desvaloriza o papel das mulheres enquanto decisoras.

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A IVG (interrupção voluntária da gravidez) é ainda vista como uma afronta à liberdade das mulheres

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A Federação pela Vida denuncia o aborto como uma arma da opressão das mulheres, argumentando que a maioria aborta por viver em situação de pobreza, sem apoio familiar ou estatal.

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[Nada indica que isto seja verdade porque] apenas 14,6% das mulheres que abortaram por opção nas primeiras dez semanas de gravidez estavam desempregadas.

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Este argumento tem por base a crença sexista de que é natural para uma mulher aspirar à maternidade e, portanto, nenhuma mulher deseja realmente abortar.

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Hoje, mais do que nunca, é preciso dizê-lo: o aborto é normal, seguro e essencial para a liberdade e autodeterminação das mulheres.

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Está na hora de parar de defender o aborto como um mal necessário, que se quer legal mas raro, e passar a defendê-lo por aquilo que é: uma ferramenta para a realização dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

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Temos o dever de dizer que nenhuma mulher é oprimida por poder abortar e o dever de denunciar a apropriação da nossa luta, da nossa linguagem e dos nossos valores pela direita iliberal.

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Perguntemos também [à Federação pela Vida]: estarão do nosso lado na defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres?

Lúcia Pestana, “Público” (sem link)


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