sexta-feira, 21 de junho de 2024

CITAÇÕES (760)

 
O que acontece com pessoas que concentram demasiado poder também pode acontecer com instituições ou corporações.

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É por isso que a defesa da democracia vive da tensão permanente entre poderes que se contêm mutuamente.

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Já não estamos perante um instrumento de investigação e prova, mas perante um sistema de vigilância política [como se percebe pela divulgação da conversa de Costa com Galamba sobre o despedimento da CEO da TAP].

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[Uma] leitura extensiva da lei permite, na prática, que o MP vá concentrando toda a informação política do Governo e da oposição, escutando toda a gente.

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[O populismo] infetou as intuições, espalhando-se por tribunais e redações.

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No Brasil, [por exemplo] trepou até ao topo da hierarquia, rebentando com os diques democráticos que levámos séculos a construir.

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Só nos regimes totalitários se anula o núcleo mínimo de privacidade dos cidadãos. 

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As escutas são uma forma extrema de intrusão do Estado na vida dos cidadãos.

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A máxima de que “quem não deve não teme” é a derradeira cedência do direito à individualidade, de que a privacidade é um instrumento central.

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Com esta cultura dominante, está instituída, nas redações, a ideia de que tudo o que tenha a ver com políticos é publicável. 

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A ausência de escrúpulos travestiu-se de corajosa luta contra os “poderosos” e tornou-se num produto de grande sucesso na indústria da indignação.

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A divulgação das escutas enquadra-se numa guerra comercial que nada tem a ver com o jornalismo.

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Uma parte dos jornalistas especializados em justiça passou a ser mera recetora de informação de fontes quase únicas. A moeda de troca é a ausência de escrutínio.

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[Todos estão a trabalhar para a colocação de] grilhetas na democracia

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Quando se constroem sociedades em que tudo o que escapa à lógica capitalista da valorização é descartável (…) seria inevitável pensar que o envelhecimento teria de ser sempre um factor perturbador.

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O cientista social austríaco [Andreas Urban] mostra como o capitalismo descarta aqueles que considera como partes não activas na economia de mercado por deixarem de ter valor.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

[Aos 80 anos] Chico Buarque continua a ter e a querer dizer-nos coisas e, sobretudo, mantém a vontade de querer seguir lutando pelas coisas em que acredita.

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No dia 15, lá estava ele, em Paris, com uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, ao lado do antigo jogador de futebol Raí (…) a marchar na rua contra o avanço da extrema-direita.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

[Aos 89 anos, com um cancro no esófago, Pepe Mujica] aguenta, luta e mantém uma lucidez política e humana tão forte que cada nova intervenção pública ressoa como uma referência ética para os nossos tempos.

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Sabedor de que a democracia é “uma bonita porcaria”, mas ciente de que permanece como o melhor sistema político que os humanos conseguiram criar até agora, cabe-nos a todos seguir batalhando indefinidamente para a ir melhorando.

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 “Pertenço a uma geração que se está a ir”, uma geração que pensou que “mudando as relações de produção e distribuição” se construiria “o homem novo”, afirmou Mujica no seu discurso.

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 “Deixem-me morrer sonhando no desafio socrático de que os homens podem melhorar a sua alma”, disse ainda o antigo preso político.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A inteligência de esquecer revoluções passadas pode ser a nova revolução da Esquerda europeia, a única forma de impedir que o populismo da extrema-direita seja poder, aqui e já.

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Quatro forças políticas francesas perceberam a inevitabilidade de apagar divergências numa Nova Frente Popular que pode e deve servir de farol para a confirmação da polarização que nenhum “centrão” pode agora desmanchar.

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Talvez seja esse o “banho de realidade”: a percepção do absurdo de partidos tão semelhantes fazerem das suas forças fraquezas.

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O contorcionismo político não é táctica e a adopção de medidas populistas para combater os populismos só reforça o mal verdadeiro. 

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A luta contra a fragmentação da Esquerda deverá ser uma luta democrática. 

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Em Portugal, a Esquerda pode esperar ou cruzar os dedos para torcer muito, mas é visível que continua de braços cruzados.

Miguel Guedes, JN

 

Tenho mais perguntas do que respostas em relação ao caso das gémeas.

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Em vez de fazermos de conta que somos irrepreensíveis nas nossas condutas, é obrigatório que nos coloquemos na sua [de Nuno Rebelo de Sousa] posição e que perguntemos a nós mesmos se, no seu lugar e movidos pelas melhores intenções, não seríamos capazes de fazer algo parecido.

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A ideia de que duas crianças, com pouco menos de um ano, estão condenadas à severidade de uma doença grave é angustiante para qualquer pessoa com coração.

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Pelo que sabemos, [Nuno Rebel de Sousa] fez o que estava ao seu alcance para que quem tinha poder de decisão tomasse decisões favoráveis à obtenção de nacionalidade portuguesa e administração do remédio às duas irmãs.

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Nuno Rebelo de Sousa recusou prestar esclarecimentos aos deputados à Assembleia da República, os representantes de todos os portugueses.

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Agora vemos Nuno Rebelo de Sousa disposto a desafiar essas regras [a que todos somos obrigados] em nome da sua defesa pessoal e essa aura perde-se.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Para compreender o óbvio [no conflito israel-palestiniano], não preciso de mais: ver crianças com olhares de cão perdido, mães a vomitar a alma em choro ou cadáveres amontoados em ruas, sabendo este quadro intencional, basta-me para condenar os ataques de Israel e pôr-me do lado dos palestinos.

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Não se justifica que para matar cabecilhas do Hamas — que cobardemente faz dos palestinos escudos de guerra — se matem 45 civis, mesmo alegando um “incidente trágico”.

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Somos carne e osso. Não será a tinta de tratados internacionais que esguichará dos nossos corpos quando abatidos, não serão estudos sobre legítima defesa que beberemos para não morrer à sede.

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Antes das letras ou tratados, somos bichos — e por isso revolta-me que nos amparemos nos primeiros para matar, “com contexto”, os segundos.

Henrique Pinto de Mesquita, “Público” (sem link)


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