(…)
Custa
escrever, custa acreditar, mas eles já
passaram! É difícil reconhecer o que não queremos ver, porque constitui
uma derrota e uma ameaça.
(…)
[Uma minoria]
condiciona eleições, impõe agendas políticas e mediáticas, um clima de tensão e
de agressividade permanente e designação de bodes expiatórios.
(…)
A
extrema-direita tem o talento cobarde de atacar sempre, prioritariamente, as
populações mais vulneráveis, com menos possibilidade de organização, minorias
com pouco ou nenhum poder.
(…)
Raramente se fala do que sentem as pessoas
discriminadas que são alvo de ódio racista, xenófobo, misógino ou LGBTfóbico.
(…)
Não é
preciso ser vítima de violência física para sentir os efeitos do racismo no seu
corpo. As palavras, os discursos que conduzem depois a mão de quem passa para a
violência física já são armas por si só.
(…)
[A dor
criada pelo discurso do ódio] pode ser física, mas também mental e moral com
repercussões nefastas sobre a saúde das pessoas vítimas do discurso de ódio.
(…)
[As vítimas] recorrem, para não receber mensagens
de ódio, a estratégias de evitamento que põem em causa as suas vidas.
(…)
Geralmente, os seres humanos não gostam, e têm
medo, de ser odiados, desprezados ou isolados.
(…)
Esta sensação de solidão [pode] ser também
sentida consoante a resposta institucional, do Governo, da polícia ou dos
tribunais.
(…)
A
forma como os polícias preferiram no 10 de junho proteger um ajuntamento
neonazi enquanto reprimiam com violência manifestantes antirracistas é só um
dos exemplos do abandono institucional. Eles já
passaram!
(…)
Devemos
passar à fase de organização para um ataque frontal ao problema e o primeiro
passo passa por admitir: eles já passaram!
Luísa Semedo, “Público” (sem link)
Os
oceanos [que cobrem mais de 70% da superfície terrestre] são fonte de vida e um
aliado essencial no combate às alterações
climáticas, mas estão em risco, e nunca como hoje a
necessidade de os proteger foi tão urgente.
(…)
As alterações climáticas são um fenómeno
cientificamente comprovado, causado pela atividade humana, e em rápida aceleração.
(…)
O planeta está a aquecer. E os oceanos também,
de uma forma alarmante.
(…)
O
ritmo de aquecimento dos oceanos duplicou em 20 anos, e a taxa de subida do
nível do mar em 30 anos.
(…)
[Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO
insta] os Estados-membros a investirem na recuperação e conservação das suas
zonas marinhas protegidas, além da aplicação do Acordo
de Paris.
(…)
Em alguns pontos críticos no Mediterrâneo, no
oceano Atlântico Tropical e no oceano austral a temperatura já ultrapassou esse
valor [até 2°C acima dos níveis pré- industriais].
(…)
A sua [dos oceanos] grande capacidade de
absorção de carbono, em particular, faz deles aliados inestimáveis na luta
contra as alterações climáticas.
(…)
Hoje,
entre as principais ameaças aos oceanos e às suas espécies estão, por exemplo,
a poluição, sobretudo por plástico, por resíduos tóxicos, por excesso de nutrientes (…) mas
também as emissões de gases de efeitos de estufa (…) Urgência
Azul: proteger os oceanos para combater as alterações climáticas pela subida do
nível do mar, pela ocorrência de eventos climáticos extremos cada vez mais
intensos e frequentes, e pela acidificação da água dos oceanos.
(…)
É necessário alterar a nossa forma de agir no
mundo e sobre ele [oceano] pelo bem de todos.
(…)
Se a
legislação e os incentivos à transição verde são um passo fundamental, a
educação e a consciência ambiental são essenciais para o sucesso da sua
implementação.
(…)
É
importante dar a conhecer, sobretudo aos nossos jovens e crianças, os mais
afetados por este flagelo, qual é o papel vital que os oceanos desempenham não
só a nível ambiental, mas também económico, cultural e social.
(…)
E essa
consciência de que estamos a moldar o futuro que as nossas crianças vão, um
dia, herdar leva a um último, e muito importante, ponto: o exemplo.
Rui Ferreira, “Público” (sem link)
No nosso país, como na União Europeia, existe hoje um
descarado namoro entre a Direita e a extrema-direita.
(…)
[Estamos perante] um cavalgar de políticas ultraconservadoras
e fascistas e uma quase inexistência de posições de extrema-esquerda.
(…)
A maior parte dos conteúdos que surgem catalogados de
extremismos de Esquerda não passam de propostas comuns - com percurso histórico
- da social-democracia.
(…)
A resposta a esta situação exige que se consiga construir um
bloco social sustentado pela convergência entre os vários setores sociais
progressistas.
(…)
É preciso afrontar a manipulação que a Direita está a fazer
do tema migrações.
(…)
Desafiar os jovens a agir pelo direito a viver no seu país e
a não se deixarem acantonar na ideia de que cada um por si e com “mérito”
resolverá o seu futuro.
(…)
A Esquerda, cujo espaço político se tem estreitado, continua,
no fundamental, a identificar bem os problemas das pessoas e a relevância da
questão social.
(…)
O movimento sindical, mesmo fragilizado (por agora)
continuará a ser ator fundamental na luta sociopolítica. As causas do
definhamento da democracia são, também, os grandes obstáculos à estruturação,
organização e ação dos sindicatos.
(…)
As forças da democracia e do progresso têm experiência e
capacidades para ultrapassar esta fase difícil.
O Dia de Portugal é, também, o Dia do Alcindo.
(…)
No dia 10 de junho de 1995, um cidadão português foi
assassinado de forma brutal, unicamente por ser negro.
(…)
Foi assim que um grupo de skinheads celebrou o “Dia da
Raça”: inundando as ruas de Lisboa de violência e espancando os negros que
encontrava pelo caminho.
(…)
Não tinha cadastro, era um cidadão cumpridor e um jovem
cheio de amanhãs.
(…)
Alcindo foi espancado de forma tão violenta que o seu corpo
cedeu.
(…)
Onze dos acusados foram condenados pelo crime de homicídio
(entre 16 anos e meio e 18 anos); os restantes por agressões, com penas mais
leves (entre três anos e meio e quatro anos e nove meses).
(…)
Vivemos tempos difíceis, que parecem inverter os ponteiros do
relógio e fazer o mundo andar para trás. De repente, passou a haver espaço para
discursos que legitimam o racismo, a xenofobia, o preconceito, o sexismo e
outros tipos de violência.
(…)
A melhor forma de celebrar Portugal, hoje e sempre, é de
portas abertas a todos e todas, de janelas abertas a esse ar limpo do futuro.
Foi num dia 10 de junho que a besta matou o Alcindo.
Martha Mendes, “diário as beiras”
Sem comentários:
Enviar um comentário