quarta-feira, 26 de junho de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (109)

 
Julian Assange chegou a acordo com as autoridades norte-americanas [das acusações que impendiam sobre ele no que diz respeito à obtenção e divulgação de documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA].

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Assange está detido desde dezembro de 2010 e que, desde então, viveu num absoluto calvário pessoal e judicial.

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[O crime de que estava acusado] coincide em muito com aquilo que faz parte do trabalho do jornalismo de investigação: obter informação confidencial e divulgá-la publicamente.

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Poderia ser condenado a uma pena até 175 anos de prisão, como já tinha sido previamente anunciado.

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O acordo de Assange pode ter evitado uma sentença que marcaria uma ameaça à liberdade de todos os jornalistas.

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A maior ou menor empatia que as pessoas sentem pela situação de Julian Assange tem sobretudo a ver com convicções políticas e muito pouco com a avaliação do seu caso, questões de justiça ou questões humanitárias.

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Essa divulgação de emails teve lugar durante a campanha para as presidenciais norte-americanas em 2016 e faz sentido que tenha contribuído para a derrota de Hillary Clinton nessas eleições.

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A questão que se coloca é: há alguma coisa para perdoar?

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E acredito que escolheu aquele momento [para divulgar os emails,] consciente das consequências.

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A posição [da esquerda mais à esquerda] prende-se sobretudo com o facto de considerarem Hillary Clinton e Trump “igualmente maus”.

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É verdade que Hillary Clinton e Trump eram maus, mas não é verdade que fossem igualmente maus.

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[Mas] o que tramou Hillary Clinton foi a verdade sobre Hillary Clinton; foram os emails que a própria escreveu.

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Julian Assange trouxe para o domínio público informações gravíssimas, das quais nunca teríamos conhecimento e que nos dizem respeito.

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E devemos-lhe também ter posto a nu que as sociedades democráticas em que vivemos não são santuários da liberdade e dos direitos humanos.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Estando nós a meio da década mais crítica para a ação climática, o facto de não se ter conseguido avançar significativamente nas negociações sobre os objetivos de financiamento climático e aumento de ambição demonstra uma desconexão total com a urgência de travar esta crise.

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No que diz respeito à nova meta quantificada coletiva de financiamento climático (NCQG), um dos tópicos mais debatidos no âmbito das negociações, não foi apresentada nenhuma quantia pelos países desenvolvidos.

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Os países em desenvolvimento manifestaram sérias preocupações quanto ao desequilíbrio no texto, sublinhando que este não refletia de forma adequada as suas reiteradas exigências de reconhecimento da responsabilidade histórica, da equidade e do princípio das responsabilidades comuns.

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Para alcançar uma ação climática ambiciosa e alinhada com as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) de 1.5°C, os países desenvolvidos devem disponibilizar milhões de milhões em financiamento público para os países em desenvolvimento.

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[Os países desenvolvidos] continuam a recusar-se a discutir abertamente quanto dinheiro estão dispostos a fornecer.

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Se o financiamento climático for predominantemente feito através de empréstimos, acabará por exacerbar as desigualdades existentes e dificultar o desenvolvimento sustentável.

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É crucial que o financiamento seja justo e que o Norte Global pague a sua dívida climática, fundamentada na responsabilidade histórica para com o Sul Global.

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O artigo 9 do Acordo de Paris reitera que os países desenvolvidos têm a obrigação de fornecer recursos financeiros aos países em desenvolvimento, incentivando os restantes a oferecer apoio voluntariamente.

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Os países em desenvolvimento lideraram com propostas específicas.

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O financiamento climático nas negociações internacionais transformou-se num campo de batalha, um testemunho gritante de anos de negligência e engano por parte dos países desenvolvidos.

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Há mais do que dinheiro suficiente, está é a ser direcionado para as coisas erradas.

Bianca Castro, “Público” (sem link)

 

O Observador é um projeto jornalístico e um projeto político. Tão político que é, desde a sua fundação, sustentado por mecenas ideológicos, apesar da sua comprovada inviabilidade económica.

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Pode mesmo dizer-se que José Manuel Fernandes é um liberal que nunca deu um cêntimo a ganhar a um acionista, o que não deixa de ser irónico. 

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O que caracteriza as ditaduras não é a reação indignada nas redes ou em editoriais. Isso é habitual em democracias. 

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Nas ditaduras a censura faz-se assim, pela calada, sem polémicas, com despedimentos expeditos e discretos.

Daniel Oliveira, “Expresso” online

 

Na CP, a tendência tem sido diminuir a especialização e aumentar a “polivalência” de cada técnico.

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Só por isto, seria justa a luta dos trabalhadores da CP.

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[Outro motivo para se apoiar a greve da CP] é o futuro do planeta: esta é uma greve pelo clima.

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Portugal tem de descarbonizar a sua economia a contrarrelógio.

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O calor extremo matou centenas de pessoas pelo mundo todo nos últimos dias; cheias devastaram o sul do Brasil, a Indonésia ou zonas de Espanha; a seca tornou-se endémica em parte de Portugal.

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Os refugiados climáticos são já mais de 30 milhões – enfim, a crise climática é uma ameaça existencial global.

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Podemos investir milhões nas renováveis (e bem precisamos), mas, sem mudar a mobilidade, vai servir de pouco.

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Teremos de investir, e muito, na ferrovia.

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Mas a questão, neste caso, é mais simples: não há ferrovia sem ferroviários. E sem ferrovia não há descarbonização, ou seja, futuro sustentável.

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Moral da história: sem investir em quem trabalha, não há TGV, centrais solares, hidrogénio verde, nem nada que nos salve.

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De que vale investir milhões em novas linhas, na alta velocidade e na eletrificação se depois não há gente para meter os comboios a andar?

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Sem condições, sem pessoal suficiente, sem estações próximas das pessoas, a ferrovia não compete com o automóvel e a rodovia. E o planeta é que paga.

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É necessário juntar utentes e trabalhadores dos transportes públicos ao movimento por justiça climática, por um planeta habitável e um país que valorize quem trabalha e faça da mobilidade coletiva um serviço público para todos.

Manuel Afonso, “Público” (sem link)


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