(…)
Assange está detido desde dezembro de 2010 e
que, desde então, viveu num absoluto calvário pessoal e judicial.
(…)
[O crime de que estava acusado] coincide em
muito com aquilo que faz parte do trabalho do jornalismo de investigação: obter
informação confidencial e divulgá-la publicamente.
(…)
Poderia ser condenado a uma pena até 175 anos
de prisão, como já tinha sido previamente anunciado.
(…)
O acordo de Assange pode ter evitado uma
sentença que marcaria uma ameaça à liberdade de todos os jornalistas.
(…)
A
maior ou menor empatia que as pessoas sentem pela situação de Julian Assange
tem sobretudo a ver com convicções políticas e muito pouco com a avaliação do
seu caso, questões de justiça ou questões humanitárias.
(…)
Essa
divulgação de emails teve
lugar durante a campanha para as presidenciais norte-americanas em 2016 e faz
sentido que tenha contribuído para a derrota de Hillary Clinton nessas
eleições.
(…)
A questão que se coloca é: há alguma coisa para
perdoar?
(…)
E acredito que escolheu aquele momento [para
divulgar os emails,]
consciente das consequências.
(…)
A posição [da esquerda mais à esquerda]
prende-se sobretudo com o facto de considerarem Hillary Clinton e Trump
“igualmente maus”.
(…)
É verdade que Hillary Clinton e Trump eram
maus, mas não é verdade que fossem igualmente maus.
(…)
[Mas] o que tramou Hillary Clinton foi a
verdade sobre Hillary Clinton; foram os emails que a própria escreveu.
(…)
Julian Assange trouxe para o domínio público
informações gravíssimas, das quais nunca teríamos conhecimento e que nos dizem
respeito.
(…)
E
devemos-lhe também ter posto a nu que as sociedades democráticas em que vivemos
não são santuários da liberdade e dos direitos humanos.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Estando
nós a meio da década mais crítica para a ação climática, o facto de não se ter
conseguido avançar significativamente nas negociações sobre os objetivos de financiamento climático e aumento de ambição demonstra uma
desconexão total com a urgência de travar esta crise.
(…)
No que
diz respeito à nova meta quantificada coletiva de financiamento climático (NCQG), um dos tópicos mais
debatidos no âmbito das negociações, não foi apresentada nenhuma quantia pelos
países desenvolvidos.
(…)
Os
países em desenvolvimento manifestaram sérias preocupações quanto ao
desequilíbrio no texto, sublinhando que este não refletia de forma adequada as
suas reiteradas exigências de reconhecimento da responsabilidade histórica, da
equidade e do princípio das responsabilidades comuns.
(…)
Para
alcançar uma ação climática ambiciosa e alinhada com as contribuições
nacionalmente determinadas (NDCs) de 1.5°C, os países desenvolvidos devem
disponibilizar milhões de milhões em financiamento público para os países em
desenvolvimento.
(…)
[Os países desenvolvidos] continuam a
recusar-se a discutir abertamente quanto dinheiro estão dispostos a fornecer.
(…)
Se o
financiamento climático for predominantemente feito através de empréstimos,
acabará por exacerbar as desigualdades existentes e dificultar o desenvolvimento
sustentável.
(…)
É
crucial que o financiamento seja justo e que o Norte Global pague a sua dívida
climática, fundamentada na responsabilidade histórica para com o Sul Global.
(…)
O
artigo 9 do Acordo de Paris reitera que os países desenvolvidos têm a obrigação
de fornecer recursos financeiros aos países em desenvolvimento, incentivando os
restantes a oferecer apoio voluntariamente.
(…)
Os países em desenvolvimento lideraram com
propostas específicas.
(…)
O financiamento climático nas negociações internacionais
transformou-se num campo de batalha, um testemunho gritante de anos de
negligência e engano por parte dos países desenvolvidos.
(…)
Há mais do que dinheiro suficiente, está é a
ser direcionado para as coisas erradas.
Bianca Castro, “Público”
(sem link)
O Observador é um projeto jornalístico e um projeto político.
Tão político que é, desde a sua fundação, sustentado por mecenas ideológicos,
apesar da sua comprovada inviabilidade económica.
(…)
Pode mesmo dizer-se que José Manuel Fernandes é um liberal
que nunca deu um cêntimo a ganhar a um acionista, o que não deixa de ser
irónico.
(…)
O que caracteriza as ditaduras não é a reação indignada nas
redes ou em editoriais. Isso é habitual em democracias.
(…)
Nas ditaduras a censura faz-se assim, pela calada, sem
polémicas, com despedimentos expeditos e discretos.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Na CP, a tendência tem sido diminuir a
especialização e aumentar a “polivalência” de cada técnico.
(…)
Só por isto, seria justa a luta dos
trabalhadores da CP.
(…)
[Outro motivo para se apoiar a greve da CP] é o
futuro do planeta: esta é uma greve pelo clima.
(…)
Portugal tem de descarbonizar a sua economia a
contrarrelógio.
(…)
O calor
extremo matou centenas de pessoas pelo mundo todo nos últimos dias; cheias
devastaram o sul do Brasil, a Indonésia ou zonas de Espanha; a seca
tornou-se endémica em parte de Portugal.
(…)
Os refugiados
climáticos são já mais de 30 milhões – enfim, a crise climática é
uma ameaça existencial global.
(…)
Podemos investir milhões nas renováveis (e bem
precisamos), mas, sem mudar a mobilidade, vai servir de pouco.
(…)
Teremos de investir, e muito, na ferrovia.
(…)
Mas a
questão, neste caso, é mais simples: não há ferrovia sem ferroviários. E sem
ferrovia não há descarbonização, ou seja, futuro sustentável.
(…)
Moral da história: sem investir em quem
trabalha, não há TGV, centrais solares, hidrogénio verde, nem nada que nos salve.
(…)
De que
vale investir milhões em novas linhas, na alta velocidade e na eletrificação se
depois não há gente para meter os comboios a andar?
(…)
Sem
condições, sem pessoal suficiente, sem estações próximas das pessoas, a
ferrovia não compete com o automóvel e a rodovia. E o planeta é que paga.
(…)
É
necessário juntar utentes e trabalhadores dos transportes públicos ao movimento
por justiça climática, por um planeta habitável e um país que valorize quem
trabalha e faça da mobilidade coletiva um serviço público para todos.
Manuel Afonso, “Público” (sem link)
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