(…)
Não se percebe muito bem o alcance e o significado dessa
exclusividade, mas esse não é certamente o problema principal.
(…)
O conteúdo das escutas revelado é manifestamente estranho à
investigação da Operação Influencer
(…)
A
decisão de não destruir escutas telefónicas que não estão relacionadas com
nenhum processo judicial e que têm sobretudo conteúdo político é altamente
discutível.
(…)
O perigo de guardá-las concretizou-se, como era previsível.
(…)
A violação do segredo de justiça constitui crime.
(…)
É de
uma gravidade extrema para a credibilidade da Justiça assistirmos regularmente
a violações desse segredo sem que se apurem os infratores e sem que existam
consequências.
(…)
É
gravíssimo que os portugueses concluam que o MP prossegue estratégias e táticas
destas para atingir os seus propósitos e que esses propósitos nem sempre coincidem
com o que está na lei.
(…)
Acabámos
de saber que os contornos jurídicos do envolvimento de António Costa na Operação Influencer são
assunto na Europa e que foi uma das razões para António Costa ainda não ter
sido escolhido.
(…)
Não
deveríamos mesmo ter sabido do conteúdo destas escutas. Versam assuntos e
decisões de natureza política, são conversas que deveriam ter sido apagadas.
Mas agora é tarde demais.
(…)
Os
danos para a credibilidade da classe política, e para o próprio Estado de
Direito, decorrentes de os cidadãos terem acesso ilícito a informações avulsas,
descontextualizadas e sigilosas, são irremediáveis.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
A
chamada “pele” da Terra, ou solo, mais conhecido por terra (terra arável para
os agricultores), é o habitat terrestre com maior biodiversidade e o sustentáculo da biosfera.
(…)
A sociedade humana depende dos serviços do ecossistema que este
grande reservatório, de carbono, nutrientes e
água, nos assegura [o solo].
(…)
Em
Portugal, estimou-se que mais de 70% dos solos possuem índice elevado de erosão, 25% de risco
moderado e apenas 6% adequados à agricultura.
(…)
Caminhar
para o deserto
O desenvolvimento de técnicas agrícolas de conservação de solo e a redução do
uso de químicos é, hoje, reconhecida como necessária.
(…)
É necessário ter consciência que 21% das alterações climáticas estão
associadas à degradação da paisagem e erosão dos solos.
(…)
Apesar
deste conhecimento científico [sobre redução da disponibilidade hídrica a sul
do Tejo), os incentivos à produção agrícola de regadio têm vindo a aumentar, na
área do Alqueva e no litoral com a exploração de água subterrânea.
(…)
Não se deviam criar necessidades, nem fornecer incentivos,
onde não há recursos.
(…)
Independentemente do Alqueva ter, hoje, água em quantidade, o
importante é pensar no futuro.
(…)
Só deviam ser aceitáveis explorações de regadio quando fossem
minoradas as consequências ambientais negativas, a médio e longo prazo.
(…)
Estamos a hipotecar a sustentabilidade ecológica, social e cultural,
em troca dos interesses económicos.
(…)
Portugal
é um dos países da Europa com mais área construída por habitante e onde grande
percentagem dos melhores solos agrícolas está impermeabilizada.
(…)
Actualmente,
vista de avião, a zona costeira, que vai desde a orla dunar de Tróia até ao
Cabo de São Vicente, é uma zona a prazo.
(…)
Considerada
um tesouro paisagístico, por manter bom estado de conservação e habitats
únicos, foi salvaguardada pelo estatuto de Reserva Ecológica Nacional e Parque
Natural do Sudoeste.
(…)
A pouco e pouco, estes dias emblemáticos criados pelas Nações Unidas [como o Dia Mundial da Desertificação e Seca] servem apenas para agitar os
ânimos, porque a escassez da água e a desertificação
vão acabar por minar e adulterar a paisagem idílica que tem
contribuído para Portugal estar no topo dos atractivos turísticos.
Maria Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário