quarta-feira, 18 de setembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (121)

 
A tragédia não foi maior porque estamos, no que toca ao combate aos fogos, melhores do que em 2017.

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A comunicação preventiva à população também foi muito fraca, apesar dos avisos prévios, com dias, do IPMA e da Proteção Civil.

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Estes fogos não chegaram a ser um tema propriamente político.

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Ao contrário do que vimos em 2017, a cobertura do Presidente foi total, ao ponto de ter presidido a um Conselho de Ministros.

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[Talvez a ausência de aproveitamento político] não se repete porque o ambiente político é muito diferente do dos quatro anos da “geringonça”, em que tivemos uma oposição de uma agressividade poucas vezes vista na nossa democracia constitucional.

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O que ficou por fazer nestes anos é o essencial: a gestão florestal.

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A floresta, como é hoje gerida, não garante financiamento à sua preservação e à gestão de combustíveis finos.

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Para alem do minifúndio e da ausência de gestão florestal, sobra o eucalipto por todo o lado.

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A área plantada de eucalipto é superior à de todos os outros países europeus juntos. 81% da área reflorestada depois de 2017.

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[Os eucaliptos] também são dos piores para incêndios. 

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No cursos mediáticos intensivos destes períodos (…) aprendemos a regra dos três 30: temperatura superior a 30º, humidade inferior a 30% e vento superior a 30km/hora (…) é receita para o desastre.

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E a verdade é que esta combinação atingiu, em várias regiões do país, o primeiro lugar desde 2001.

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Não é preciso muito para verificar os efeitos das alterações climáticas.

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O verão de 2023 foi o mais quente de que há registo na Europa.

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O centro da Europa está a viver das cheias mais brutais deste século.

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Tivemos cheias dignas das monções no deserto do Sahara.

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As temperaturas aumentaram, no continente [europeu], mais do dobro da média global nos últimos 30 anos.

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Como já escrevi várias vezes, nada disto é uma herança que deixaremos aos nossos netos. Já está a acontecer. 

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Não há como preparar territórios e forças de combate para este novo tempo.

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Algumas das florestas mais bem cuidadas do mundo, nos parques nacionais da Califórnia, já perderam, este ano, 4046 quilómetros quadrados em consequência dos fogos florestais.

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De tantos temas, o que o primeiro-ministro preferiu tratar, por saber que é o mais popular e desvia do governo qualquer responsabilidade, foi o do crime de fogo posto.

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Confirma-se: Montenegro está sempre em campanha.

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Claro que há fogo posto. Sempre houve. Mas Portugal reduziu em três quartos o número de ignições.

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Como disse o arquiteto paisagista Henrique Pereira dos Santos, na SIC Notícias, “o problema não é como o incêndio começa, é porque é que ele não para”.

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Se não falamos delas [alterações climáticas] quando sentimos de forma mais dramática os seus efeitos, falamos quando?

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Os mesmos que recusam a causa a serem mais vocais na responsabilização política pelas consequências.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Nestes últimos dias temos assistido à concretização de uma previsão há muito anunciada.

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Manchas contínuas de monocultura lenhosa, forte gestão de abandono dessa ocupação do território, comportamentos socialmente deploráveis e condições meteorológicas favoráveis.

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Apesar da previsão [concretizada em várias regiões] ai de quem defenda a redução da área ocupada por plantações de eucalipto no país!

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Os estudos e propostas de programas e planos que têm vindo a justificar essa contração de área de eucaliptal, a maior área relativa a nível mundial, a maior absoluta a nível europeu, mas com a mais miserável produtividade média anual por hectare, são liminarmente engavetadas.

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Em vez de contração, assistiu-se à expansão da área de eucaliptal nessas regiões.

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[Sabemos] qual a ocupação arbórea dominante em concelhos dessa região [do interior centro], como Mação. Também sabemos do seu histórico em matéria de incêndios florestais.

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Será que depois dos acontecimentos dos últimos dias o atual governo pretende trazer tais PRGP [Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem] à discussão pública?

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Haverá intenção de cumprir tal meta [para a área de eucaliptal para 2030 igual à registada em 2010] pelo atual governo ou assistiremos a mais uma suspensão da meta, ou pior, a mais constatação de incumprimento em 2030?

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Há muito também sabemos do peso do lóbi da indústria de celulose na formulação das decisões políticas, concretizada através de portas giratórias a envolver responsáveis das empresas nomeados para cargos políticos ou de direção de entidades públicas.

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No mercado da rolaria de eucalipto não estão em causa apenas os interesses de centenas de milhares de produtores, maioritariamente perdedores, fruto do anúncio de rentabilidades marteladas, e de dois aglomerados industriais, apenas perdedores por ganância exacerbada.

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O que causa impacto no território diz respeito e afeta todos os cidadãos.

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Há que estar atento às decisões políticas que se avizinham para se poder constatar se será o interesse público a vingar ou, novamente, os interesses das celuloses.

Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)


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