sábado, 14 de setembro de 2024

MAIS CITAÇÕES (299)

 
O relatório de Mario Draghi, elaborado por solicitação da Comissão Europeia, é uma espécie de choro sobre o leite derramado.

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Desde há muito, as políticas da União Europeia (UE) têm estado nos antípodas do que agora é sugerido.

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Os países membros não promoveram investimento público por submissão a políticas orçamentais baseadas em cortes e cativações, com sacrifícios para os cidadãos e rombos no Estado social. 

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A UE continuou na onda da deslocalização da produção, desindustrializando-se.

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Agora, estarão os responsáveis europeus arrependidos do caminho que impuseram?

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Serão capazes de, com verdade, evidenciar as enormes implicações das guerras em que estamos envolvidos?

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A UE surge dependente do setor automóvel, enquanto nos EUA o automóvel ficou para trás e hoje estão na dianteira os grandes grupos associados a tecnologias digitais. 

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Os grupos europeus estão com enormes dificuldades em fazer a transição do motor de combustão para o elétrico. 

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As empresas na UE pagam preços da eletricidade que são o triplo dos praticados nos EUA. No gás natural a situação é pior: o preço nos EUA é de apenas um quinto do praticado na UE. 

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Os europeus deviam estar a ser arquitetos da paz, em vez de se atascarem no belicismo.

Carvalho da Silva, JN

 

Não me interessa muito a discussão jurídica e técnica sobre a eutanásia.

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[Se há] uma decisão estritamente pessoal e íntima é aquela de pôr termo à vida através da eutanásia.

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Em última razão, esta é a liberdade mais fundamental, ser senhor do seu corpo face à vida e à morte, ser senhor da sua morte.

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Qual o grau de interferência que o Estado pode e deve ter face a essa liberdade última?

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PCP, BE, PS olham para as pessoas essencialmente como cidadãos, como membros da polis, que são governados pelas regras da polis, decididas democraticamente, que implicam que qualquer decisão sobre esta matéria é de natureza cívica e não depende da consciência individual.

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Os direitos fundamentais, que são uma construção política, nem por isso devem ser relativizados, porque há aqui um adquirido civilizacional.

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Mas há uma outra concepção patente nos partidos que incluem uma visão personalista nos seus programas, o PSD e o CDS.

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Sá Carneiro, que incluiu no programa do PPD a laicidade do partido (…)tirava uma outra consequência da ideia de que havia uma dimensão para além da política que não podia ser reduzida à cidadania.

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Essa consequência é que, em determinadas decisões, não se podia impor uma orientação do partido, se elas estiverem assentes na liberdade de consciência individual como se verificava com o aborto e com a eutanásia

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A solução em votações sobre essas matérias implicava necessariamente liberdade de voto.

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No caso do PSD isso aconteceu várias vezes em votações sobre o aborto e ainda bem.

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Quem foi indisciplinado estava mais próximo da concepção personalista fundadora do partido, exercendo uma liberdade de consciência. 

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[No caso da eutanásia] remete para uma liberdade íntima, talvez a mais forte de todas as liberdades, a de ser senhor da sua morte.

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Caso tal acto implique a ajuda de terceiros, ou seja, não se trate de suicídio, a liberdade desses terceiros, que têm também direito numa matéria deste tipo a julgar pela sua consciência, deve ser garantida.

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Já é tempo de se deixar de andar às voltas com tecnicidades jurídicas cujo único papel é impedir que a eutanásia tenha uma base legal, correspondendo à vontade maioritária na Assembleia.

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É uma péssima maneira de criar obstáculos, com base em convicções religiosas que deviam ficar para quem as tem.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Neste tempo que passa, as alterações climáticas convocam um tema essencial na relação entre gerações.

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À escala global, vivemos um momento de metamorfose da nossa casa comum, dominada pela forma como deteriorámos a nossa relação com a Terra Mãe.

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Como refere Guterres, o tempo do aquecimento global deu lugar ao da “ebulição global”.

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Um dos grupos que sofrerá proporcionalmente as consequências das falências políticas relacionadas com o aquecimento global são as crianças e os jovens.

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O interesse das gerações futuras continua a estar significativamente sub-representado e as políticas climáticas propostas à escala global carecem da compromissos a longo prazo.

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Indubitavelmente, sobre as gerações futuras vão recair graves problemas ambientais.

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Também para a Organização “Save The Children” a emergência climática que a terra atravessa materializa a maior ameaça global aos direitos das crianças e adolescentes.

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Em 2017, a Organização Mundial de Saúde, apontava que todos os riscos ambientais matam 1,7 milhões de crianças com menos de cinco anos.

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Ganha força a ideia da necessidade de uma justiça intergeracional ou, por outras palavras, uma transição “ecológica justa”.

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A utilização insustentável dos recursos naturais levou a muitas das consequências das alteações climáticas.

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A emissão contínua de gases com efeito de estufa é um paradigma deste estado de coisas.

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Porém, não são só os jovens que são os mais afetados pelas alteações climáticas, mas também os mais pobres são os seus principais reféns.

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As decisões que hoje são tomadas em matéria de atenuação das alterações climáticas e de investimento na adaptação e resiliência terão uma importância essencial na qualidade de vida dos seres humanos visando o usufruto de um ambiente sustentável em termos de futuro.

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Devemos sempre lembrar que não herdámos a Terra dos nossos pais, mas antes a pedimos emprestada aos nossos filhos.

Santos Cabral, “Diário de Coimbra” (sem link)


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