quarta-feira, 2 de outubro de 2024

CITAÇÕES A QUARTA (123)

 
Desde 2007, em virtude da lei, os pensionistas não têm direito a ver a sua pensão atualizada no ano seguinte a terem passado à reforma.

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O caso é conhecido, há vários meses que o Movimento “Justiça para Pensionistas” o vem denunciando e pressionando para que se resolva.

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Durante muito tempo, o tema passou com relativa indiferença, porque a inflação baixa determinava atualizações nulas ou próximas disso.

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Com a inflação, a situação mudou.

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À conta daquela regra, mais de 200 mil trabalhadores que passaram à reforma entre 2020 e 2022 viram o valor da sua pensão congelado no ano seguinte a terem deixado de trabalhar.

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Os pensionistas de 2022 perderam muito.

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Ficaram sem o aumento de janeiro e também sem o aumento intercalar de junho.

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Em 2024, a mesma injustiça.

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São centenas de milhares de pessoas que perderam rendimento nos anos de maior aumento de preços.

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Em meados de julho, o Bloco apresentou um projeto de lei para pôr fim a esta injustiça. 

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Deu sequência ao trabalho que o Movimento tinha posto em marcha, ao interpelar a Provedoria de Justiça, o Presidente da República, o primeiro-ministro e os grupos parlamentares.

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Na segunda-feira de manhã, o PS anunciou um projeto de lei para acompanhar o agendamento do Bloco.

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O Movimento criado há cerca de um ano terá, pois, uma importante vitória.

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Grande parte das pensões mantêm-se baixas, há inúmeros casos de desgaste rápido que continuam a não ser reconhecidos.

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Mobilizaram-se e vão ganhar. Haverá melhor exemplo do tão apregoado “envelhecimento ativo”?

José Soeiro, “Expresso”

 

No último sábado, houve manifestações em todo o país pelo direito a ter casa para viver

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A verdade inegável é que o preço das rendas está num patamar absurdo, estando estas totalmente desfasadas dos rendimentos dos portugueses. 

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É igualmente de realçar que, na enorme maioria dos casos, a qualidade das habitações não melhorou, muitas vezes piorou, mas o preço desses mesmos imóveis aumentou. 

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Basta uma mera viagem virtual pelos anúncios dos imóveis disponíveis em sites a eles destinados, para se denotar um notável descaramento por parte dos proprietários dos imóveis.

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Poder viver sozinha/o tornou-se um privilégio ainda maior. 

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Ao valor da renda acresce a conta de eletricidade, água e internet, para além dos transportes, supermercado, e atividades de lazer.

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Repare-se que, após viver apenas com uma pessoa, com a qual se tem uma relação amorosa, torna-se muito difícil voltar a dividir casa com pessoas aleatórias ou com as quais não se tem uma relação.

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Esta dificuldade em arranjar uma nova casa, ou ficar na mesma suportando a renda por inteiro é, geralmente, ainda mais difícil para uma mulher.

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A inflação das rendas acarreta um fator gravíssimo em casos de violência doméstica, já que tipicamente é a vítima que procura uma nova habitação.

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Tudo em nome do capital dos investidores do mercado livre do imobiliário?

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Dado este panorama tenebroso, em vez de regulamentar o mercado livre, o Estado encontrou medidas que nos tapam o sol com a peneira.

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O apoio [Porta 25] tem um prazo, o contrato de arrendamento tem um prazo, o que faz com que a estabilidade nem prazo tenha, porque não existe.

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Não há tetos máximos de valor, só investidores a ganhar cada vez mais e a população geral com cada vez menos qualidade de vida.

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A habitação não pode ser vista primeiramente como um investimento, mas sim como uma necessidade humana.

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O mercado imobiliário não pode ser livre, porque ao sê-lo, está a fazer com que as pessoas estejam presas à incerteza.

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As medidas postas em prática até agora não resolvem o problema da habitação, são meros pensos rápidos para uma ferida aberta de osso exposto. 

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Precisamos de medidas que tratem a doença e não meramente os sintomas.

Clara Não, “Expresso”

 

Pela quarta vez, em pouco mais de um ano, as pessoas decidem protestar e exigir medidas para possibilitar casas a todos.

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Diante do contexto de inflação e alta das rendas, ter onde morar tornou-se desafiador.

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[A casa] serve de intermediária entre nós e as cidades, o íntimo e o público, e tem como princípio esconder-se, existir invisível.

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[A casa] serve sobretudo para nos devolver a nós mesmos.

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Uma casa, então, também é dispositivo de valor ao reconhecimento de cada um de sua própria perspectiva ante a estrutura social.

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Se a casa é o intermediário entre nós e a cidade, as cidades são casas que intermedeiam o social e a cultura, onde o dispositivo moral propõe outra lógica, a convivência.

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Quando o espaço urbano deixa de ser de todos para ser casa de alguns, elimina a capacidade de surgir no ambiente público movimentos de contraposição ao capital e de emancipação.

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Assim, da mesma maneira que lutamos pelo direito à casa, precisamos insistir em deixar as cidades serem casas coletivas.

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O interesse dos radicais é tomar as cidades para si, como quem fecha as portas e deixa de fora o intruso.

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Em cidades limitadas a valores cerceadores, a cultura, também ela uma espécie de casa, atua de outra forma no intermediar da subjetividade e da imaginação.

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A política, se ainda lhe interessar impedir o desmoronamento, precisa agir e achar maneiras de facilitar o acesso às moradias, preparar a cidade e proteger nossa subjetividade.

Ruy Filho, “Público” (sem link)

 

[Dia vinte sete de setembro o] parlamento português aprovou o alargamento da licença de parentalidade para seis meses com salário a 100%, concretizando na lei todas as recomendações da OMS sobre a necessidade de garantir o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebé. 

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[Trata-se de] uma questão de direito dos bebés ao aleitamento materno exclusivo até à idade recomendada para iniciar a introdução alimentar.

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As bravas cidadãs que se mobilizaram por esta iniciativa foram muito perseverantes e a elas devemos este feito histórico, cumprido com os votos contra do PSD e do CDS.

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Se, independentemente do género, fosse claro para o empregador que, em caso de nascimento, todos os seus funcionários teriam direito a licença igual, as mulheres deixariam de estar em desvantagem.

Capicua, JN


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