(…)
Foi dito quando o Governo apresentava propostas
para regular e apoiar os que o escrutinam, momento sempre sensível.
(…)
Mas não passaria pela cabeça do
primeiro-ministro, na apresentação de planos para a saúde ou para a educação,
explicar a médicos ou professores como devem exercer a profissão.
(…)
[O Governo não trata] da forma concreta como os
jornalistas exercem a sua profissão.
(…)
Chegado ao poder, [Montenegro] quer um
jornalismo manso, diferente do que apreciou com o Governo anterior.
(…)
Em poucos meses, já está farto do baixíssimo
escrutínio a que é sujeito.
(…)
Desde o seu mestre Cavaco Silva que não víamos
um primeiro-ministro que se recusasse, de forma quase sistemática, a responder
à comunicação social.
(…)
O desprezo pela comunicação social (ou pela
oposição) parece dar-lhe gravitas.
(…)
É preciso uma grande tolerância mediática para
manter este registo sem sair chamuscado.
(…)
Montenegro tinha um anúncio relevante para
fazer: vai tirar, em três anos e sem qualquer compensação, os rendimentos da
publicidade à RTP.
(…)
Ele acha, e tem muita companhia, que isto
libertará publicidade para os privados. Temo que seja uma ilusão. A sangria da
publicidade é para o digital.
(…)
É verdade que, ao abandonar a publicidade, a
RTP abandonará programas mais comerciais, como o “Preço Certo” ou o futebol.
(…)
O papel da RTP é promover a diversidade, mas
não há serviço público sem público.
(…)
No dia em que for um grande canal 2 será
encerrada.
(…)
A RTP custa um quarto da média das suas
congéneres europeias.
(…)
É uma irresponsabilidade tirar, em três anos,
€20 milhões por ano a um dos serviços públicos de televisão mais baratos da EU.
(…)
Esta proposta para a RTP é um excelente retrato
de um Governo radical-sonso.
(…)
Quer fazer na CP e no SNS: propor o
estrangulamento financeiro que levará ao estouro que precede a privatização.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
Tudo no jogo político moçambicano é previsível
e assim se manterá até que alguém diga: basta!
(…)
Até que alguém decida deitar as peças abaixo e
comece a jogar o seu próprio jogo
(…)
É preciso um esforço para fazer de nós democratas.
(…)
[É preciso um esforço] para admitir a derrota e
seguir acreditando que mesmo assim vale a pena.
(…)
Em
tempos de descrédito da democracia, umas eleições como as de quarta-feira em
Moçambique servem para aumentar o cepticismo em relação ao seu funcionamento.
(…)
É como
assistir a um simulacro, em que todos os protocolos são cumpridos, mas, no fim
tudo, não passa de fingimento.
(…)
[Quando o jogo está permanente e visivelmente
viciado] a democracia torna-se um exercício de kratos (poder) sem o prefixo demos (povo).
(…)
A
máquina montada pela Frelimo nestes quase 50 anos de poder em Moçambique
transformou em banal aquilo que deveria ser excepcional (…) a manipulação dos resultados
eleitorais.
(…)
A fraude eleitoral em Moçambique entrou no domínio
público, passou a ser tarefa entregue aos burocratas.
(…)
[Tudo
culmina] no dia da votação em que tudo se condiciona para garantir que os
editais reflectem a vitória da Frelimo e a sua a manutenção no poder.
(…)
Para isso também contribui a oposição [que]
aceita a pequena parte de statu que quem domina o quo lhe permite ter.
(…)
O que
se viu nesta eleição em Moçambique, como em outras paragens, de África e não
só, é que a oposição nada tem para apresentar como projecto político além de
não ser a Frelimo.
(…)
[Apesar de vários “se”] Moçambique corre o
risco de uma explosão social imprevisível.
(…)
Nestas
eleições, Venâncio Mondlane parece ter servido de escape para aqueles que não
sabem que caminho querem, só sabem que não querem ir por onde vai a Frelimo.
(…)
Um discurso populista, megalómano e messiânico
(a que não faltou até um encontro com o Chega em Portugal).
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Catastrófico:
não há outro adjetivo para qualificar
o declínio de 73% na dimensão média das populações de animais selvagens
monitorizadas em apenas 50 anos, segundo o Relatório Planeta Vivo publicado
pela WWF.
(…)
A cada
edição deste relatório, dizemos: a resposta atual dos decisores políticos é
insuficiente para cumprir os objetivos ambientais críticos, é preciso fazer
mais!
(…)
A
crise das alterações climáticas e
a crise da perda de natureza (duas faces da mesma moeda) estão a pôr em perigo
toda a vida na Terra.
(…)
Os decisores políticos estão mais do que
conscientes desta realidade: estamos a atingir todos os limites de risco.
(…)
Na sua
grande maioria, as ameaças ao clima e à biodiversidade têm origem em
más práticas governamentais e empresariais orquestradas ao longo de todos estes
anos.
(…)
[É da
Natureza] que obtemos os alimentos que consumimos, os medicamentos que nos dão
saúde, um clima estável, e qualidade do ar e da água.
(…)
Não é exagero dizer que o que acontecer até
2030 determinará o futuro da vida na Terra.
(…)
Temos cinco anos para colocar o mundo numa
trajetória sustentável.
(…)
É
urgente que todos os setores da sociedade, desde os governos, às empresas, até
aos cidadãos, se mobilizem para proteger e restaurar a nossa biodiversidade.
(…)
Portugal,
claro, não se pode alhear do seu próprio destino, estando localizado na região
Mediterrânica, um dos hotspots
das alterações climáticas.
(…)
Que haja coragem para criar e implementar um
verdadeiro Plano de Recuperação e Resiliência só para a Natureza.
Ângela Morgado, “Público”
(sem link)
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