quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (133)

 
Se [petróleo e gás são descritos como] dádivas de Deus, não era melhor deixá-los quietos?

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A COP29 ficará na minha memória como uma tragicomédia climática. 

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Vi uma conferência com mais lobistas fósseis (1773) do que o total de delegados dos 10 países mais vulneráveis à crise climática.

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Cruzei-me com membros do partido Chega que por lá circulavam, apesar de serem negacionistas das alterações climáticas.

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Mas o verdadeiro fracasso foi outro: o acordo de financiamento alcançado, descrito como “uma ilusão de ótica”, uma “piada cruel”, de 300 mil milhões de dólares anuais prometidos até 2035 – uma fração do necessário para realmente enfrentar a crise climática.

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Os subsídios aos combustíveis fósseis atingiram o valor recorde de 1,7 biliões (à portuguesa, o equivalente aos triliões anglo-saxónicos) de dólares em 2022.

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A despesa militar global atingiu um máximo histórico de 2,4 biliões de dólares apenas em 2023.

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Apesar da pressão de mais de 85 países por um acordo juridicamente vinculativo para eliminar os plásticos mais nocivos, a oposição de Estados petroquímicos impediu qualquer avanço.

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Um relatório do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) revelou que, para cada R$1,00 investido em energia renovável, o governo brasileiro gasta R$4,50 em fontes fósseis.

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[O Brasil] continua a ser o maior produtor de petróleo da América Latina.

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Se o Brasil quer ser reconhecido como um líder climático, é agora que o verdadeiro teste começa.

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Sem financiamento climático real, como poderão os países em desenvolvimento implementar medidas mais ambiciosas [no que diz respeito a compromissos climáticos nacionais]?

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Mas, para a cimeira em Belém [COP30], algumas prioridades já estão definidas.

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Será fundamental construir confiança através de mecanismos financeiros transparentes e amplificar as vozes da juventude e das lideranças indígenas.

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Esta será a primeira COP em três anos em que teremos a liberdade de nos mobilizarmos nas ruas.

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Lembraremos o mundo da interconexão entre os ecossistemas, a justiça social e a sobrevivência humana.

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Afinal, diante de tantos conflitos de interesses, o que permanece? Para mim, a força da sociedade civil, que se recusa a desistir.

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[Permanece] a determinação em garantir que nenhuma decisão seja tomada sem a nossa presença.

Bianca Castro, “Público” (sem link)

 

O Alentejo é uma região que possuiu uma identidade fortíssima, uma cultura e uma paisagem admirável que soube preservar modos de vida e de cultivo que prestam a todos nós incomparáveis serviços culturais e ambientais.

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Já não passa despercebida a qualquer pessoa que viva no Alentejo ou por ele viaje a transformação brutal que está a ocorrer neste território.

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[A mudança a que se assiste agora é bastante violenta], muitíssimo rápida e completamente desregulada, características típicas do tempo presente.

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Trata-se, sim, de um verdadeiro assalto a este território, onde, numa primeira fase (muito recentemente), surgiram as plantações intensivas e superintensivas em monocultura.

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A maioria da população e dos concelhos saiu a perder, excepto uma minúscula parte da equação, que são os proprietários ou investidores deste agro-negócio nocivo.

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Que riqueza trazem à região, ou mesmo ao país, os milhares de hectares de estufas de plástico, de olival, amendoal e outras pseudoculturas?

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O impacto deste agro-negócio vai sendo substituído, ou acompanhado, por um outro negócio bem mais apetecível para investidores internacionais e alguns proprietários: o desenvolvimento das pretensas energias renováveis (…)  sendo a última fronteira para o abismo a inteligência artificial.

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O que se avizinha tem o potencial de um autêntico processo de “colonização imperialista do Alentejo”, com o mesmo programa de ocupação de terrenos e exploração dos recursos naturais em larga escala.

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Como para qualquer poder que se quer impor, é necessário acenar também com algumas benesses.

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A maioria dos municípios alentejanos encontra-se empobrecida, envelhecida, sobretudo no interior, o que os leva a agradecer alguns milhões em troca das destruições irreversíveis que surgirão um pouco mais tarde.

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Nada nestes projectos, sobretudo os solares – que, em outra escala, seriam até muito bem-vindos – é avaliado em termos globais.

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Não há distribuição de energia para benefício local, antes se transformam estas feridas na paisagem em áreas cercadas, campos de concentração onde a biodiversidade é praticamente inexistente e onde ninguém pode entrar.

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[Outros projetos preocupantes] vão passando pelo crivo de malha larga de diferentes entidades [como] os direitos de pesquisa ou mesmo de exploração de depósitos minerais, onde também tudo é possível.

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O Alentejo está, assim, a ser uma região a saque pela extensão desmesurada da avidez humana.

Maria Ramalho, “Público” (sem link)


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