(…)
Ainda assim, [há] o candidato que prefere manter um falso
tabu para continuar a ser mais desejado do que escrutinado.
(…)
[É inquietante] que alguém com posições pouco maturadas
pretende usar mais os seus poderes do que os seus experimentados antecessores.
(…)
Um inexperiente interventivo é tudo o que não precisamos de
acrescentar à confusão que já vem de fora.
(…)
Infelizmente, PSD e o PS parecem empenhados em facilitar-lhe
a vida.
(…)
O PSD, que sabe que Gouveia e Melo está preso às teias de
interesses que dominam o próprio Governo (…) limita-se a picar o ponto.
(…)
Se Marques Mendes perder, depois de 12 anos de horário nobre
na televisão, a culpa é dele. Já o PS tropeça em candidatos.
(…)
O PS, que jurou que desta vez se ia entender em torno de um
candidato próprio, arrisca-se a ter dois. Um como rejeitado (…) o
outro diminuído por não ser mais do que um candidato partidário.
(…)
Além do risco de darem a vitória a alguém que, desconhecendo
a vida política que quer arbitrar, pretende ser interventivo enquanto navega à
vista, os partidos do centrão mostram não ter sentido o ar do tempo.
(…)
A única vantagem que sobra aos seus [de PS e PSD] candidatos
é um carimbo partidário que não lhes dá, na realidade, qualquer vantagem.
(…)
Estas presidenciais serão muito diferentes das outras.
(…)
O eleitorado estará mais solto do que nunca e tudo é
imprevisível.
(…)
Não faz sentido pensar em candidatos que podem ir à segunda
volta se só lá vão para serem derrotados.
(…)
O candidato que tem de confrontar o militar Kinder Surpresa,
em que uma elite cada vez mais irresponsável aposta, não pode representar os
partidos contra a sociedade civil.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem
link)
[Os restos dos medicamentos] dizem respeito a todos nós, que
os deveríamos entregar nas farmácias, mas a sua recolha não chega a 17%,
gerando resíduos tóxicos que vão parar a lixeiras acabando a contaminar a
cadeia alimentar.
(…)
O nosso mais célebre frequentador de farmácias, o PR, bem
podia alertar os cidadãos para esta medida simples e altamente benéfica.
(…)
Cada vez mais a saúde e o ambiente revelam-se como dois lados
da mesma realidade, que que a ciência vem explicando, mesmo contra as mais absurdas
e envenenadas negações.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
É difícil
mudar tanto em tão pouco tempo, mas não há desafios que a ministra [da Saúde] não abrace no que concerne à
mutação.
(…)
Todos os
administradores das unidades locais de saúde (ULS) (…) podem mesmo acordar exonerados
sem noção de causa-efeito no processo de exoneração.
(…)
E esse é
todo um modus operandi da tutela que resiste, por razões que se desconhecem, a
mostrar atempadamente e à transparência o que quer e ao que vem.
(…)
O que mais
espanta é a falta de noção de equilíbrio na gestão da substituição que só
adensa a polémica sobre a forma como alguns braços do Governo de Luís
Montenegro têm gerido nomeações e destituições.
(…)
[Às vezes
parece que] se tomam decisões à revelia do primeiro-ministro ou não lhe dando
total conhecimento sobre o que está em causa.
(…)
Um dia antes de completar um ano de serviço, João Ferreira,
administrador da ULS do Algarve, é demitido por mail. Um caso de pontualidade e
timing para evitar (por 24 horas) uma indemnização de um ano de serviço.
(…)
Há uma responsabilidade política de que Luís Montenegro não
se pode alhear.
Nada
temos a ver com esse fantasma [do ditador Salazar] e muito menos temos saudades
da ditadura, desde os mais velhos entre nós que a combateram, aos mais novos
que nos acompanham e não se imaginam a viver sem liberdade e sem
democracia.
(…)
A pretexto de um fantasma, não podemos permitir
outro: tornar a História do Estado Novo também um fantasma.
(…)
Se uma
“maldição” se mantiver também sobre o conhecimento histórico, fazemos mais mal
à democracia do que o fantasma de Salazar.
(…)
Os verdadeiros museus da resistência são as
prisões do Aljube e de Peniche.
(…)
Em
todos os países onde houve ditaduras, guerras, violências de todo o tipo, na
Alemanha, em Itália, em Espanha, na Grécia, há instituições dedicadas ao estudo
desses períodos.
(…)
Em
todos estes casos, a violência, a repressão, a censura, as guerras, as
perseguições, os assassinatos, o nepotismo e a corrupção têm um papel
proeminente nessa memória e nesse estudo.
(…)
Convém
não esquecer, a ditadura do Estado Novo durou 48 anos, muito mais do que
idênticos regimes na Itália, na Alemanha, em Espanha, na Grécia, e do que os
regimes de “socialismo real” no Centro e no Leste da Europa.
(…)
E 48 anos é muito tempo e tanto tempo deixa
marcas profundas.
(…)
Elas estão presentes nas instituições que
mantêm tabus vocabulares e não chamam às coisas o seu nome (…) no
discurso político que prolonga a acção da censura, na demonização da política e
das ideias políticas como coisas inferiores.
(…)
São
igualmente relevantes os estudos sobre os “mecanismos de consentimento”, os
aspectos sociais, políticos e culturais que explicam muito do que se passou.
(…)
Mas uma das identidades do Arquivo Ephemera é a
prioridade de “salvar” a memória.
(…)
Salvamos sem tabus.
(…)
Não
vai ser fácil, mas no nosso entender o conhecimento da História, assente nas
regras científicas e em sólidos fundos documentais, é, em particular nos nossos
dias de sombras, um serviço para a democracia.
(…)
Esta atitude não seria possível sem o 25 de
Abril de 1974.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
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