(…)
Está em marcha a recuperação do obscurantismo, a utilização manipuladora do
misticismo que nos apresenta “bandidos” como enviados de Deus.
(…)
O desprezo pela ciência, a utilização da mentira e do insulto como material
corrosivo que destrói os organismos estabilizadores de valores e do
funcionamento da sociedade.
(…)
Trump fala em nome dos Estados Unidos da América (EUA) apoiado
num movimento social obscurantista inculcado na sociedade norte-americana,
articulado com poderes económicos, financeiros e culturais fortíssimos.
(…)
Entretanto, prosseguiram as posições indecorosas de Trump e do
seu vice, estilhaçando a diplomacia e as regras das instituições.
(…)
Nos EUA está a expressão maior de um processo de regressão profunda que se
alarga, no mínimo, ao Ocidente.
(…)
É a primeira vez que a(s) potência(s) que disputam a liderança mundial não
são ocidentais.
(…)
Os bloqueios com que a UE se depara são fortes.
(…)
As grandes empresas vão para lá “pelas
qualificações” e pela cultura do saber fazer e valorização do produtivo.
(…)
Por cá soube-se que vários dos nossos
governantes, quando não estão no Governo, são empreendedores do imobiliário.
(…)
Isto diz tudo
sobre a desgraça em que caiu o perfil de especialização da nossa economia. Não
deitemos a toalha ao chão.
Tem-se
generalizado a utilização do termo “democracia liberal” para distinguir daquilo
a que se chama “democracia iliberal”.
(…)
Das duas uma: ou
há democracia ou não há, e há critérios para se saber a resposta.
(…)
Pode haver
democracias em construção, democracias imperfeitas, democracias em crise, mas
“democracias iliberais” não há.
(…)
Pode haver eleições livres e controladas, e
existir legitimidade eleitoral, e não haver democracia, pela falta de outros
elementos constitutivos do que é uma democracia, em particular dois: o primado
da lei e o respeito pelos procedimentos que garantem os direitos, garantias e
liberdades.
(…)
Na verdade, a radicalização tem um forte efeito
de tornar aparentemente aceitável muito do que está a pôr em causa as democracias,
como sendo “natural”.
(…)
Muitas vezes, esta polarização tem como
consequência que se sinta ou não a perda de liberdade conforme a “ecologia” em
que se está, ou bem ou mal.
(…)
As palavras
de J.D. Vance e Elon Musk sobre a falta de liberdade de expressão na Europa
parecem-nos absurdas vindas de um país que, sob o poder de Trump e dos republicanos MAGA.
(…)
[Para eles] impedir
frases contra os imigrantes e insultos racistas nas redes sociais é.
(…)
A última coisa
que aceito são as lições destes sicofantas de Trump.
(…)
O que eles [Vance/Musk] dizem é que o discurso radical da
extrema-direita é que deve servir para medir haver ou não liberdade de
expressão.
(…)
A crise da democracia é obviamente desejada por
aqueles que a estão a matar, mas invisível para os que estão do seu lado.
(…)
A radicalização
e a polarização fragilizam a resistência e o combate pela democracia.
(…)
Os EUA não são uma “democracia iliberal”, mas
uma democracia em profunda crise que se transformará numa autocracia, nome
benévolo para a ditadura, no momento em que Trump não aceite uma decisão
judicial que o impeça, a ele e a Musk, de cometer ilegalidades, umas atrás das
outras.
(…)
A degradação do
poder judicial nos EUA significa que o último travão à ditadura está muito débil.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Não é a primeira
vez que vêm a lume insultos e ofensas dos deputados do Chega na Assembleia da
República”.
(…)
Mas, desta vez, o
intolerável foi mais longe.
(…)
[André Ventura]
parece achar aceitável que, na Assembleia da República, o debate seja
substituído pela agressão – quando uma coisa é a antítese da outra.
(…)
É o paradoxo da
intolerância de que nos falou Karl Popper: quando somos muito tolerantes com os
intolerantes – e, especialmente com o intolerável – corremos o risco de
destruir a tolerância.
(…)
O insulto
gratuito, principalmente quando praticado na Casa da Democracia, não é um
exercício de Liberdade e em nada serve a Democracia e os cidadãos.
(…)
Uma deputada que
se debata pelo direito à inclusão, à vida independente e digna, de quem tem
necessidades especiais é uma deputada que me representa.
(…)
Todos os
deputados que dão voz aos que não têm voz honram a missão que lhes foi confiada
pelo voto dos cidadãos.
(…)
Todos os
deputados que que fazem um trabalho sério – que inclua todos por igual – na defesa
da Liberdade, da Democracia, dos direitos individuais, da igualdade e da
paridade representam-me, mesmo que não tenha votado neles.
(…)
Quando
permitimos que o debate seja substituído pela agressão, estamos a matá-lo.
Martha Mendes, “diário as beiras” (sem link)
No dia 20 do
corrente mês de fevereiro celebrámos o Dia Mundial da Justiça Social.
(…)
Este ano, sob o
tema “Reforçar uma transição justa para um futuro sustentável” coloca a urgência
de integrar a justiça social nas políticas de ação climática e desenvolvimento
económico.
(…)
Como é possível
negar a urgência climática?
(…)
A recente saída
dos Estados Unidos do acordo de Paris é um mau presságio ara este projeto de
alterar políticas e comportamentos.
(…)
A pergunta
inquietante é: ainda vamos a tempo?
(…)
Os desafios
globais persistem com sistemas económicos que continuam a dar prioridade ao
lucro em detrimento das pessoas.
(…)
A este grito
inquietante juntam-se as diferentes vozes de organismos internacionais que,
como a OIT, vem lembrar os elevados níveis de desigualdade.
(…)
Entre nós é de
salientar o alto nível de racismo e xenofobia ressaltado pelo resultado do Inquérito
às condições de vida, origem e trajetórias da população residente.
(…)
Não estão fáceis
os caminhos da justiça e muito mais os caminhos da justiça social.
(…)
Todo o poder tem
pés de barro… mas, entretanto, há homens, mulheres e crianças esmagados,
reduzidos a escombros.
Idalino
Simões, “Diário de Coimbra” (sem link)
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