quarta-feira, 30 de julho de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (165)

 
O governo propõe uma reforma laboral muitíssimo ambiciosa que desequilibraria a já muito injusta relação entre trabalhadores e patrões. (…)  Um autêntico terramoto.

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[A proposta vai ser] debatida durante as férias e a campanha autárquica.

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A AD, com a ajuda do Chega e da IL, não pretende dar tempo e espaço à reação dos sindicatos.

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É de esperar, aliás, que depois de chegar às associações patronais a coisa ainda piore um pouco mais.

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O caso mais falado tem sido o luto gestacional, talvez por ser tão chocante.

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O pai perde, num momento tão traumático, a remuneração pelos dias que falta.

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Promete-se “o fomento e dinamização da contratação coletiva, o combate à precariedade laboral e, ainda, uma conciliação equilibrada entre a vida pessoal e privada e a vida profissional” [tudo ao contrário].

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No que toca à caducidade das convenções coletivas, o poder volta para as mãos dos patrões.

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Agora, querem voltar atrás e repor a remissão abdicativa, deixando o trabalhador desprotegido perante a pressão para abdicar de tudo na hora de receber a indemnização.

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Mesmo depois de um acórdão histórico e recente que vale a pena ler, pela sua clareza, também querem revogar esta norma [da proibição de recorrer ao outsourcing].

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Outra alteração para pior é no núcleo reduzido de matérias que o Código de Trabalho ainda sujeita ao princípio do tratamento mais favorável [ou seja, em que nenhuma negociação colectiva pode impor condições menos favoráveis ao trabalhador do que os direitos estabelecidos na lei].

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Com eles [os bancos de horas], o período normal de trabalho pode ser aumentado dentro de certos limites.

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Os bancos de horas individuais, ou seja, por acordo directo entre trabalhador e patrão, estavam eliminados desde 2019.

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Quanto aos trabalhadores das plataformas digitais, a proposta implica o desmantelamento quase completo do sistema de protecção legal criado na revisão de 2023.

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Boa notícia para as plataformas digitais, péssima para os trabalhadores.

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As Uber desta vida levam a melhor, depois de muito lóbi e pressão.

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Quanto aos contratos a prazo, o primeiro contrato, renovável, podrá durar um ano, quando actualmente não pode exceder seis meses.

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A proposta do governo também acaba com a criminalização do trabalho não declarado, o que tem, por exemplo, forte incidência no trabalho doméstico.

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É mais um estímulo ao trabalho dito "informal".

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Um dos vetores centrais desta contrarreforma é um mundo do trabalho precário, de prestadores de serviços, de contratados a termo e de trabalho clandestino.

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O contrato de trabalho permanente e com direitos [passa a ser] um anacronismo.

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[Quanto ao direito à greve] é impossível não ver que quem deveria governar para todos se empenha em desequilibrar a balança sempre para o mesmo lado.

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O programa desta ministra [do Trabalho] é mais uma desistência de futuro. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online

 

[A redução substancial dos conteúdos sobre sexualidade e saúde sexual e reprodutiva da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania] é uma falha ética e uma ameaça concreta ao cumprimento de direitos fundamentais definidos, a título de exemplo, pelo Conselho da Europa.

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Segundo os dados do relatório Jovens e educação sexual: conhecimentos, fontes e recursos, em todos os Ciclos de Ensino analisados, o grau de exposição à Educação Sexual é fraco.

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Este estudo, elaborado pela Associação para o Planeamento da Família (APF), revela a precariedade com que estas matérias têm sido implementadas no contexto educativo.

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A ausência de conteúdos de sexualidade e saúde sexual nos currículos é uma forma de exclusão e potencia o aumento de comportamentos de risco.

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A ausência de educação sexual não protege crianças e jovens — pelo contrário, fragiliza-os.

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E isto não é ideologia. É saúde pública, educação, ciência e direitos humanos.

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A escola deve ser o espaço onde se aprende a dizer “não”, a nomear o que se sente, a compreender limites, a respeitar a diversidade de corpos e identidades.

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Reduzir substancialmente os conteúdos sobre sexualidade é recuar na proteção de crianças e jovens. É fechar os olhos à realidade.

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Lembremo-nos que, por trás de cada silêncio, há uma história que ninguém quis ouvir. E alguém que chora ainda hoje...

Iolanda Fontaínhas, “Público” (sem link)

 

Benjamin Netanyahu podia ter terminado com a guerra em Gaza e resgatado os reféns na posse do Hamas após o cessar-fogo com o Irão.

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A extrema-direita fanática que governa Israel tem como objectivo claro desde Outubro de 2023 a terraplanagem de Gaza, o extermínio quanto possível da sua população, e a anexação do território e da Cisjordânia.

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Aos israelitas que defendem o cerco de Gaza — e a Cisjordânia a saque de colonos fanáticos, sob escolta militar —, pouco importam os meios que se utilizam para atingir os fins que se desejam.

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A fome como meio de extermínio e de limpeza ética de uma população civil não comove a sociedade e a classe política israelita.

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Os líderes políticos dos EUA, da União Europeia e dos países árabes também não se compadecem com as imagens de sofrimento deplorável que nos chegam, diariamente, de Gaza.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros português é consistentemente capaz dessa política hábil de ser suficientemente dúbio, para não magoar Israel e não enfurecer Trump.

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Tal como os aliados, também os árabes fingem que fazem alguma coisa.

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Por sua vez, Israel mente e finge à sua maneira.

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E só por sadismo é que o porta-voz das Forças Armadas de Israel pode dizer que se preocupam mais com a nutrição dos residentes em Gaza do que o Hamas.

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O anúncio israelita de permitir a chegada de ajuda humanitária a Gaza, mínima, como sublinhou o primeiro-ministro, é táctica. 

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Parece que não há alternativa a não ser cada um de nós fazer barulho pela Palestina. O silêncio compromete quem o preferir.

Amílcar Correia, “Público” (sem link)

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