sexta-feira, 25 de julho de 2025

CITAÇÕES

 
Por estes dias, nasceu mais um bebé numa ambulância. Em 2025, já são 40 bebés que nasceram fora das maternidades.

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Hoje, o acesso à saúde tornou-se, em muitos casos, uma questão de sorte geográfica.

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Mas esta não é uma tragédia acidental. É consequência direta de um desmantelamento gradual — e estrutural — do SNS.

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O Governo de Luís Montenegro tem promovido medidas que favorecem, de forma crescente, a transferência de recursos públicos para o setor privado. 

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Este modelo, (…) continua a drenar recursos do SNS para operadores privados.

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O investimento na saúde tem sido canalizado para o sector privado, financiado com dinheiros públicos.

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Os operadores privados poderão, de forma mais ágil, receber doentes do SNS e serem pagos por isso. 

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Termos como “eficiência” ou “liberdade de escolha” continuam a ser usados como justificações para uma desresponsabilização progressiva do sector público.

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Reformar a saúde é urgente, mas isso exige reforçar os quadros do SNS com médicos e demais profissionais de saúde.

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A estratégia atual parece apontar noutra direção: transformar a saúde pública num negócio privado.

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Sem médicos no SNS, não há reestruturação que funcione nem um verdadeiro SNS para a população.

Joana Bordalo e Sá, “Expresso” online

 

Quando era miúda, tive a sorte de ter uma mãe que falava de sexualidade sem qualquer problema.

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No jardim de infância ou na escola primária, onde as professoras eram freiras, a sexualidade simplesmente não existia.

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Na verdade, a conversa sobre sexualidade existia, sim, existia no recreio, nas conversas intermináveis sobre namoros nos insultos dirigidos aos rapazes que “não eram suficientemente viris” ou às raparigas que eram “demasiado fáceis”.

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A sexualidade cobre um espectro enorme de práticas, de vivências, de formas de se relacionar.

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Um beijo entre crianças não tem nada a ver com a sexualidade de adolescentes ou adultos, e muito menos com a violência sexual contra crianças.

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A pedocriminalidade é precisamente isto: uma forma criminosa e violenta de introduzir as crianças numa experiência sexual para a qual não têm nem capacidade de consentimento nem maturidade emocional.

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Quando se impede uma criança de aprender o que é o consentimento, o seu próprio corpo, os limites, está-se a prepará-la para o silêncio. E o silêncio protege sempre os mesmos, os agressores.

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É curioso perceber que quem mais grita contra a “sexualização das crianças” são precisamente os que querem que elas cresçam na ignorância.

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Os que se dizem “defensores da família” são, afinal, os verdadeiros fanáticos do sexo.

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O que mais os incomoda não é a violência, é a liberdade.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

As recentes demolições no Talude, um bairro autoconstruído, cuja génese remonta à década de 1970 mas que teve um crescimento recente, são prova disso mesmo [ expulsar do seu território as franjas populacionais que prejudicam a imagem do concelho].

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Realizadas em profundo atropelo da lei de bases da habitação (…) acabaram suspensas pelo tribunal.

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O resultado da ação de Ricardo Leão, (…) foi o de deixar 36 famílias com crianças, ao relento, no meio dos escombros.

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Falamos maioritariamente de famílias de trabalhadores de génese Cabo-Verdiana e São-Tomense, que descontam para a segurança social e que asseguram funções que mais ninguém quer assumir.

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Em defesa do autarca, irrompeu um coro de comentadores e de camaradas políticos que privilegiaram a gincana eleitoralista ao invés da defesa dos deveres de humanidade, dignidade e decência moral.

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[Ficou evidente] a tentativa perversa de gerar uma cortina de fumo relativamente às causas que explicam a atual proliferação dos bairros autoconstruídos.

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Os fenómenos de urbanização da pobreza emergem (…) quando a provisão pública de habitação é amplamente insuficiente e a provisão privada se torna inacessível.

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A magnitude da crise da habitação [decorre] de instrumentos de política estratégica adotadas por sucessivos governos com o objetivo de tornar as cidades e as casas permeáveis ao turismo de massas e ao investimento internacional.

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Este caminho eclipsou o mercado de habitação para quem vive e trabalha no país.

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Políticas desenhadas em função de tudo o que é exterior (…) que desprezam as condições de vida de quem vive no país tem como consequência o agravamento das desigualdades socio-espaciais a nível interno.

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Entre os trinta países da OCDE, Portugal (…)  é aquele onde é mais difícil arrendar ou comprar casa.

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No contexto Europeu, é também um dos países do bloco em que há mais desigualdades e onde o salário mínimo é um dos mais insuficientes para cobrir as despesas básicas.

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Quase dois milhões de pessoas vivem em condições de pobreza e privação.

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São mais de 80.000 o número de agregados a viver em condições de precariedade habitacional.

Sebastião Ferreira de Almeida, “Público” (sem link)

 

Eis que o programa da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento vê o seu conteúdo programático alterado (…) sem que haja uma qualquer evidência que nos mostre que devia ser alterado. 

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Sem que haja um caso (…) que sustente a alucinação que tomou conta de uma horda de falsos puritanos, vítimas carpideiras do espírito “woke” que não se encontra no programa da disciplina.

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O “wokismo” é agora um património dos herdeiros dos chalupas do chicote, dos demagogos da desinformação e da mentira, dos recalcados ou tacticistas que abrem portas à extrema-direita.

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Para muitos, é preferível uma gravidez indesejada do que um mau investimento em bitcoins.

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A ideologia de género é assim um manto de pasto delicioso para a desinformação e para os criadores de mitos urbanos. 

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É preferível que as crianças aprendam sobre sexualidade na escola do que no TikTok.

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Acrescento eu, que tenham na escola o contraponto para aquilo que desaprendem nessa e noutras redes sociais.

Miguel Guedes, JN


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