sábado, 26 de julho de 2025

MAIS CITAÇÕES (343)

 
Quando chegam à praia, [os portugueses] têm consciência de uma verdade para lá dela: que aquilo que a natureza deu a todos só pode ser de alguém por um qualquer roubo original.

(…)

[Em Grândola] há duas praias de acesso vedado e oito condicionado, excluindo ou dificultando o acesso. Numa, até se exige o cartão do cidadão.

(…)

Ao contrário do que acontece em muitos países, a nossa lei não permite praias privadas.

(…)

Quem andou pelo mundo sabe que a privatização acaba na degradação do areal público.

(…)

Privados, nós temos os toldos, as espreguiçadeiras e os bares de apoio.

(…)

Uma solução de compromisso entre a exploração empresarial e o interesse geral.

(…)

A praia é central na identidade coletiva de um povo que tem o sol e o mar como bens democráticos e conquistou há pouco tempo o direito ao lazer. 

(…)

E é isso que explica a reação popular à notícia de que não há acesso público ao longo de 45 quilómetros de areal em Grândola.

(…)

Agora, a vontade de vender paraísos escondidos, o beneplácito da autarquia e o zelo da APA oferecem-nos a pior forma de privatização.

(…)

Fechando caminhos antes abertos e garantindo praias sem estacionamento numa área de quilómetros, afastam-se as pessoas do que sempre foi seu.

(…)

Como reação, o Governo diz que vai impor preços máximos ao que seja vendido nas praias.

(…)

É aí, na contratualização transparente com privados da gestão de um espaço público, que se definem preços e condições.

(…)

Há mais de um mandato que a de Grândola se “esquece” de lançar um regulamento para a concessão.

(…)

[É a APA] que vai autorizando empreendimentos privados sem estacionamento público. 

(…)

Quem não tem carteira só lá pode chegar por trilhos improvisados nas dunas, uma pressão adicional sobre o ecossistema. 

(…)

Seja qual for a cor do poder, não há melhor do que a pressão popular.

(…)

A praia é o que nos sobra de mais interclassista.

(…)

Um espaço comunitário que resiste à gentrificação de toda a sociedade.

(…)

[Nas cidades] sem diversidade social, vida coletiva e lugar de encontro que as faz lugar de vida, a praia resiste.

(…)

Porque o povo não está disposto e entregar a ninguém o que é de todos.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Pois é. Já está bem claro que o tão propalado “reformismo” do Governo se consubstancia numa agenda regressiva, que testará as linhas de demarcação da democracia.

(…)

As propostas relativas à Lei da Nacionalidade, construídas na base de manipulações e mentiras (…), ou os conteúdos e justificações trapalhonas que o Governo já avançou sobre como quer tratar a educação sexual na escola, não deixam dúvidas.

(…)

A democracia nascida com o 25 de Abril está num sobressalto sem paralelo nos 50 anos da sua existência.

(…)

O liberalismo económico é tão destruidor de solidariedades e de cidadania social quanto as agendas políticas da extrema-direita.

(…)

O conteúdo do “anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral – Trabalho XXI” é um tratado neoliberal.

(…)

O Governo joga com o período de férias e com o enfoque político nas eleições autárquicas como cortinas de fumo para não ter de dar a cara nas matérias fundamentais.

(…)

Terão de ser combatidos com dureza os que alcunham de reformas, conteúdos que são contrarreforma à luz de princípios constitucionais e de valores humanistas.

(…)

O movimento sindical, todo, precisa de se unir em torno do que é fundamental e jamais cometer a infantilidade de entrar no jogo do pretenso reformismo.

Carvalho da Silva, JN

 

[O projeto da Rádio Observador] é um projecto político representando fortes interesses económicos no palco mediático e da ala mais à direita do espectro político.

(…)

Tem recursos que nenhuma outra rádio tem ao seu dispor, e está no centro político e ideológico da influência crescente da direita mais à direita.

(…)

O Chega é muitas vezes atacado, não pelos seus temas, mas quando dificulta a actuação do PSD, que eles sabem muito bem ser quem pode aceder à governação.

(…)

O modo como o Chega trata a imigração é um exemplo perfeito, que, com todas as suas mentiras e sugestões de falsidade, está na origem da colocação da imigração e a sua suposta correlação com a criminalidade.

(…)

O mesmo acontece, aí com mais proximidade política, com a Iniciativa Liberal, com a mesma lógica de proteger o Governo e o PSD dos excessos inconvenientes.

(…)

E também o mesmo acontece com a sistemática promoção de tudo que surja na e da ala direita do PS.

(…)

[A acção política do Observador] beneficia, aliás, de muita complacência nos outros órgãos de comunicação.

(…)

Acresce que o Observador tem fontes privilegiadas, em particular no Ministério Público, nos partidos do Governo e no Governo, bem como nas confederações patronais, e conta com publicidade de grandes empresas.

(…)

Fontes e apoios estão directamente ligados com o programa político do Observador.

(…)

[Um exemplo] é o tratamento da decisão do Presidente da República de enviar a lei da nacionalidade para o Tribunal Constitucional, imediatamente atacada como sendo um frete à “esquerda.

(…)

Tudo isto estaria bem se houvesse transparência política e o Observado em vez de se apresentar como um órgão de comunicação seguindo as regras deontológicas do jornalismo, fizesse uma declaração de interesses política.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário