sábado, 19 de julho de 2025

MAIS CITAÇÕES (342)

 
O tema das migrações é de enorme complexidade social, económica, cultural e política.

(…)

As situações que se vivem num país têm imbricações com realidades que se manifestam noutros países e regiões do Mundo.

(…)

Não se param processos migratórios com as mãos ou por decreto. Não se contêm com medidas administrativas.

(…)

Para instalar a precarização do trabalho que hoje afeta, direta ou indiretamente, quase todos os trabalhadores, foram implementadas políticas laborais que, por exemplo, culpavam os direitos dos trabalhadores mais velhos pelo desemprego dos jovens. 

(…)

Adquiridas as formações académicas, teoriza-se, criminosamente, sobre a inadequação das formações obtidas 

(…)

Entretanto, às centenas de milhares de pequenos empresários com carências de formação, recomenda-se que tomem os salários baixos como instrumento de ajustamento da sua economia, e pouco mais.

(…)

O ataque às solidariedades geracional e intergeracional vem, pois, de muito antes do boom migratório da última década. 

(…)

O ataque aos direitos de todos os trabalhadores vai intensificar-se.

(…)

[Os imigrantes] têm dado uma contribuição líquida notável para a nossa economia, para a liquidez da Segurança Social, para o Orçamento do Estado e para o enriquecimento cultural da nossa sociedade.

(…)

Os trabalhadores todos, nacionais e imigrantes, estão desafiados a construir respostas comuns.

Carvalho da Silva, JN

 

Qualquer pessoa que conheça história sabe que aquilo a que chamamos “civilização” é muito mais frágil do que a crueldade, a violência, a prepotência, a vingança, o poder absoluto e brutal.

(…)

A “civilização” é uma raridade, acontece por pequenos períodos, torna a vida dos que vivem nesses tempos melhor e depois esgota-se e acaba.

(…)

Toda a gente sabe a diferença entre um mundo, imperfeito que seja, desigual, muitas vezes injusto, mas onde as pessoas são senhoras do seu destino pelo voto, vivem no primado da lei, têm liberdade religiosa, acedem a condições mínimas de existência.

(…)

O que sobra é melhor do que um mundo com pena de morte, tortura, censura, ausência de direitos, em que todos são indefesos face aos mais fortes.

(…)

A “civilização” como a conhecemos no mundo democrático ocidental está a acabar, diante dos nossos olhos.

(…)

A violência torna-se a regra nas relações como “outro” e o “outro” é fácil de encontrar nas nossas ruas, os imigrantes.

(…)

O mundo que filósofos como Comte entendiam ter entrado numa senda de “progresso”, com a revolução técnico-científica do final do século XIX, entrou na barbárie da I e da II Guerra.

(…)

Há muitas explicações socioeconómicas para esta crise civilizacional, muito sérias, mas a guerra cultural dos nossos dias tem um papel fundamental.

(…)

Basta ver o X para se perceber o impacto em quem vive dependurado nas redes do que lá encontra.

(…)

No Instagram e no TikTok, um bom exemplo da platitude intelectual dos nossos dias é a classificação de “influenciadores”.

(…)

Por regra, com uma absoluta indigência intelectual, gigantesca ignorância, muito mau carácter, e truques de ganância.

(…)

Esses “influenciadores”, na sua maioria do sexo feminino, actuam para um público adolescente, também na sua maioria feminino.

(…)

Alguns/algumas já cometeram crimes, desde violência sobre crianças (a história do banho de água fria para calar os berros da filha) ao atropelamento e fuga de um “criador de conteúdos”, forcado e apoiante do Chega.

(…)

No plano político, nestes “influenciadores”, predominam os homens e o Chega. Produzem uns comentários indigentes, mas sublinhando os temas da propaganda do partido.

(…)

Este submundo é hoje o mundo. Sem princípios, sem saber, sem mediação, com apologia da força, elogio da violência e hostilidade aos mais fracos.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Não podemos deixar de sentir uma perturbação profunda diante dos discursos do ódio que testemunhamos.

(…)

Estes discursos podem rapidamente transformar-se, deixando de ser discursos para ser explosão de violência.

(…)

E a liberdade continua a ser sonho. Sonho para milhões de irmãos.

(…)

O ódio contra o diferente grita a distância que separa o sonho da realidade.

(…)

O discurso e as legislações de ódio contra outras culturas negam a profissão de fé em qualquer experiência religiosa.

(…)

O Papa Leão XIV segue com tenacidade esse mesmo desejo [de construção de pontes] e a expressão fazer pontes é uma presença recorrente nos seus discursos.

(…)

Dramaticamente, experimentamos a nossa capacidade da montanha inultrapassável do poder e da manipulação.

(…)

Como dizia um ativista pela paz, quando o fogo alastra, sentimo-nos impotentes pois nem balde temos.

(…)

Mas, cada um de nós tem a sua colher e milhões de colheres poderiam suster o fogo.

(…)

A palavra é a colher que nos resta.

(…)

Que as nossas vozes se unam num protesto permanente contra o ódio e a discriminação.

Idalino Simões, “Diário de Coimbra” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário