sexta-feira, 24 de outubro de 2025

CITAÇÕES

 
Estas presidenciais exigem grande jogo de cintura. O voto está solto, a oferta é pouco entusiasmante e o almirante das vacinas veio baralhar as contas.

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Desta vez, os socialistas lá picaram o ponto no apoio burocrático a António José Seguro.

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A forma como [Seguro] recebeu o apoio [do PS] também foi morna.

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[Seguro] parece mais confortável na companhia de passistas.

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Perante o deserto à esquerda, Seguro prefere atirar-se para um espaço sobrelotado.

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Tal como Marques Mendes, está muito longe de conquistar a totalidade dos votos já minguados do seu próprio partido.

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Seguro desiste da sua base natural de apoio (o PS), que está muitíssimo longe de conquistar.

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Henrique Gouveia e Melo percebeu que o eleitorado de esquerda está a ser negligenciado.

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[O almirante] partiu para alto-mar, onde há muitos náufragos de esquerda.

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Sobra a resistência de alguns civilistas, que não adoram a ideia de ver um militar em Belém.

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Somos poucos.

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[Gouveia e Melo] deixou claro que não dará para o peditório das dissoluções sucessivas.

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Nunca me espantou que um militar inexperiente conseguisse apanhar a maré deste tempo.

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A direita nunca percebeu a importância de figuras protetoras em tempos de medo.

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Também não me espanta que, mal tenha começado a falar e a cometer erros, tenha começado a cair nas sondagens. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O Chega, apoiado por PSD, CDS e IL, brindou-nos com um projecto de lei banindo o uso do véu integral dos espaços públicos.

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De repente, estamos a discutir um assunto inexistente como sendo determinante para a nossa vida em sociedade.

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Qual é afinal o bem jurídico que se pretende proteger? 

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Suponhamos que se pretende proteger a segurança e a ordem públicas. Este é o argumento mais débil, até porque é o que mais carece de demonstração clara.

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Se a segurança e a ordem públicas se constituem como limites ao exercício de liberdades fundamentais, não basta alegar finalidades preventivas contra riscos eventuais não demonstrados.

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Em defesa da proibição, querem convencer-nos de que todas as mulheres islâmicas são oprimidas, inferiorizando-as e retirando-lhes capacidade de agência e autonomia.

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Mais graves, porém, são os efeitos nas mulheres forçadas ao uso do véu integral.

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Proibindo-se o véu, as mulheres deixam de trabalhar, as raparigas passam a frequentar escolas religiosas e toda a comunidade cerra fileiras, sentindo-se, com justeza, acossada.

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A nossa [Constituição], embora nunca tenha consagrado expressamente uma cláusula geral de protecção das minorias, assenta o seu sistema de direitos fundamentais no princípio da dignidade da pessoa humana.

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De todo o modo, para lá da dimensão internacional, a restrição de direitos fundamentais (…) só pode admitir-se, à luz da Constituição, para a salvaguarda de outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos, devendo limitar-se ao necessário para os salvaguardar.

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O princípio da proporcionalidade obriga a que entre o conteúdo da medida restritiva e a finalidade que ela prossegue haja um justo equilíbrio.

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Nunca foi tão acentuado como agora o distanciamento entre a 'realidade' dos problemas e a 'ficção' das soluções.

Ana Rodrigues, “Público” (sem link)

 

O insustentável peso da degradação política do reino só não exige a imposição de um rei porque há novas hipóteses de consanguinidade mesmo na República.

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A falta de agitação partidária à volta das candidaturas é dramática. 

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Nunca os candidatos foram tão unipessoais e tão premeditadamente afastados das bases onde cresceram politicamente. 

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Parece haver uma cerca sanitária aos partidos. Depois, que ninguém se admire que os portugueses pensem que os partidos têm lepra.

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O revisionismo histórico, sob a capa do anonimato, comandado pela ditadura do algoritmo das redes sociais, actua com ligeireza e com uma eficácia atroz.

Miguel Guedes, JN

 

Em primeiro lugar, legislam sem trabalho de casa. Quantas mulheres com véu integral andam por aí? 

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Quantas miúdas de hijab (véu islâmico que cobre apenas o cabelo e as orelhas) ou outros adereços “modestos” muçulmanos aparecem nas escolas?

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Em França, a lei de 2010 foi precedida de um estudo acerca da oportunidade jurídica da legislação, que não a tornou menos polémica, mas ao menos mostra que o tema existia e que o debate foi minimamente estruturado.

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O tema do véu integral cá no burgo [é uma inexistência].

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O que sabemos acerca de políticas deste género aconselha alguma prudência.

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O debate em torno do véu torna o assunto controverso, acabando por crispar posições, ao invés de as suavizar.

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Considero a cobertura total do corpo e do rosto um símbolo de opressão feminina; a ocultação dos olhos tem por objetivo a supressão das mulheres da vida em sociedade.

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Considero que o Estado deve promover políticas públicas que procurem empoderar estas mulheres e livrá-las do jugo machista.

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Ao invés de libertar, a lei instaura uma dupla pena de violência sobre as mulheres. Coagidas, no seio familiar, ao uso do véu integral, e coagidas, nos locais públicos, ao seu não uso.

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É o corpo da mulher, ainda e sempre, palco e barro das guerras culturais.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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