sexta-feira, 28 de junho de 2019

PS ANDA DESNORTEADO E TUDO TEM A VER COM A ÂNSIA PELA MAIORIA ABSOLUTA


Veio esta tarde a público a informação de que o PS rompeu com o PSD relativamente à aprovação da nova Lei de Bases da Saúde (LBS). O que fica desta e de outras tomadas de posição em que os “socialistas” se envolveram ultimamente tem a ver com a aproximação das legislativas de outubro e a sua obcecação pela maioria absoluta. O PSD deixou de poder vir a servir de muleta para os objectivos do PS em termos de aprovação da LBS. Este episódio configura mais um exemplo do desnorte em que o PS se encontra e das contradições internas que o envolvem. Não há volta a dar à ideia que se vai cimentando nos portugueses de que a perdição “de amores” deste partido pelo poder lhe pode trazer muitos desgostos políticos nos próximos tempos.
O seguinte artigo de opinião assinado por Domingos Lopes no “Público” de hoje faz uma crítica muito certeira ao actual posicionamento do PS no xadrez político actual de Portugal.

Havia um PS perdido de amores por mandar em tudo. Mandou na PR, na AR, no governo, nos principais municípios; era um mandarim. Foi o que se viu.
O rasto desse tempo não deixa saudades. Figuras proeminentes desse tempo aguardam julgamentos. Quem em tudo manda (o verbo é de Carlos César) ilude-se com o poder e, por isso, Portugal é um país cheio de casos de corrupção que por sinal atingem sobretudo o PS e o PSD, os dois partidos que mais gostam de mandar e distribuir pelos seus apaniguados os proveitos da sua “mandação”.
A vocação de um partido político é ser poder, mas o exercício desse poder, se for livre e destemperado, é a volta ao tempo velho que Costa tanto criticou antes de ser primeiro-ministro, tendo até anunciado um tempo novo.
Aliás por amor à verdade, só foi primeiro-ministro porque teve a coragem política de acabar com o arco da governança e fazer um acordo com BE e PCP. O PS nem sequer foi o partido mais votado. Os resultados desse acordo estão à vista, tendo sido invertido o ciclo de empobrecimento levado a cabo pelo PSD e CDS.
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Costa afirmou múltiplas vezes que no que funciona bem não se mexe, e mesmo que tivesse maioria absoluta, voltaria a governar com a equipa ganhadora.
Desde o congresso do PS que apareceram à luz do dia inúmeras “preocupações” quanto a um novo acordo com as esquerdas devido à moeda única, à UE, à NATO e ao posicionamento histórico e original do PS; como se o PS, fundado em abril de 1973, não tivesse entrado para um governo em maio de 1974 com o PCP, o MDP, o PSD, com o país na NATO e em plena guerra fria.
Nas jornadas parlamentares do PS o partido parece ter deixado cair o tempo novo para se lançar na voracidade do tempo velho - abocanhar todo o poder e enxamear de familiares, amigos e camaradas de confiança em bons lugares públicos, em suma, regredir aos anos negros do tempo velho.
Seria uma desgraça para o país e não apenas em Barcelos, Santo Tirso e Castelo Branco, no IPO no Porto, um fartote para a clientela.
O PS falou claro nas jornadas parlamentares. As coisas correram bem. Mas tendo corrido bem, então mudar porquê? Alguém acredita que o BE quer mandar na país? Mesmo que quisesse… O problema é outro e não é revelado. É o negocismo, os compromissos neoliberais com Bruxelas, a gula, o clientelismo, a atração ”fatal” por uma maioria muito grande que dê para mandar. É o regresso ao tempo velho, quando o tempo novo bem precisava de continuar para melhorar o SNS, a Escola e a Justiça e as condições de vida de tantos milhões de portugueses.
Quando Costa, entrando no tempo velho, afirma que a culpa da demora da obtenção da renovação do cartão de cidadão é dos portugueses que vão para as filas antes de abrirem as portas dos serviços, está perdido no nevoeiro desse tempo. Terão as portas do tempo novo sido emperradas definitivamente?

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