quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A CONTINUA HUMILHAÇÃO DE QUEM CUIDA

 

Em 2019, na sequência de uma luta incrível das cuidadoras informais, foi criado um estatuto. Foi frustrante perceber o quanto a lei ficou aquém das necessidades reais e como se diluíram tantas esperanças (legítimas) criadas. Em 2020, o governo inscreveu 30 milhões no orçamento de Estado para começar a sua aplicação e os resultados foram indignos. Desses 30 milhões nem 1% foi executado. Em 2021, o governo voltou a inscrever 30 milhões de euros, desta vez para projectos piloto em 30 municípios. Opusemo-nos aos montantes e também ao facto de os montantes do ano anterior não terem sido executados, uma crítica que o governo ignorou, mas uma das razões pelas quais não pudemos apoiar o Orçamento de Estado do ano passado. Quase no final do ano sabemos que apenas 352 pessoas foram apoiadas e continuou por executar a esmagadora maioria da verba. No próximo ano, o estatuto (ainda muito limitado) vai aplicar-se em todo o país e o governo continua a inscrever os mesmos 30 milhões… Que falta de vergonha é esta? Como é possível que o governo continue a fazer tábua rasa de uma conquista tão importante e continue a ignorar as reivindicações urgentes das associações e de quem cuida. Quando nos opomos a um orçamento, não é de ânimo leve, mas sim por razões concretas. Razões como esta, o continuar a humilhar milhares de pessoas que todos os dias continuam a cuidar. É lamentável a arrogância de quem não quer mudar nem ouvir. Mas é sobretudo insuportável como se continuam a defraudar expectativas legítimas e direitos mais do que merecidos. (Marisa Matias)

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