sábado, 23 de outubro de 2021

CITAÇÕES

 
[Como foi notado num trabalho do economista David Card] foi que a teoria tradicional estava errada ao recusar o aumento do salário mínimo com o argumento de que tal provocaria desemprego.

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[No Estado norte-americano de Nova Jérsia] o aumento do salário mínimo fez crescer o emprego.

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A realidade é um desafio à ortodoxia que, indiferente ao mundo, continua a clamar que a subida dos salários gera perda de empregos ou que, havendo desemprego, a solução é a redução do nível salarial.

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[Buchanan] foi um dos grandes economistas liberais mobilizados pelo ditador Augusto Pinochet para avalizarem o seu regime, o que fez com gosto.

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O mesmo dogma tem sido repetido em Portugal, sobretudo desde os finais de 2015, quando se iniciou um aumento regular do salário mínimo, que já perfaz 32%.

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Entretanto, o desemprego foi sempre sendo reduzido e a explicação é evidente, depende essencialmente da dinâmica macroeconómica.

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Seguindo Buchanan, estes liberais acharão porventura que reconhecer a realidade faz dos economistas, como o recentemente nobelizado, um “bando de seguidores de prostitutas”.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Essa entidade abstrata, que tem na Comissão Europeia e no Conselho Europeu a ponta do icebergue, seria o fantasma que paira sobre os países, assombrando quem queira defender os trabalhadores.

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Confesso que não encontrei nada nos tratados europeus que impeça os países de alterarem a sua legislação laboral e defenderem os direitos dos trabalhadores.

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Mas a ideia de essas regras não escritas pairarem sobre os países com menos poder persiste.

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[Segundo o primeiro-ministro] estaríamos livres desses fantasmas, poder-se-ia pensar.

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Em vários momentos, sempre que confrontados com mudanças nas leis laborais, membros do Governo ou dirigentes do PS respondem que isso iria chamar a atenção das instituições europeias: ficaríamos no radar da Europa [uma coisa má].

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Muitas das reticências e desacordos entre o Governo e os partidos à esquerda radicam nesta submissão a uma agenda que não tem legitimidade democrática nem legal, mas que amedronta os governantes.

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O Bloco de Esquerda propõe a reposição da compensação por despedimento em trinta dias por ano de trabalho, como vigorou até à intervenção da troika.

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Na reposição dos 25 dias úteis de férias por ano, recuperando até o que foi uma proposta feita por António Guterres, o Governo rejeita liminarmente a ideia.

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[Nestas matérias e noutras] é a receção das mexidas em Bruxelas que serve de justificação para o Governo.

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[No que respeita à contratação coletiva] o Governo prefere andar de moratória em moratória do que acabar de vez com a caducidade que ameaça os direitos dos trabalhadores.

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É na submissão a esta Europa que não está prevista nos tratados que parte das divergências se acumulam à esquerda.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

A pobreza é, talvez depois da guerra, o maior obstáculo ao desenvolvimento.

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Persiste um grupo social amplo pobre, que engloba mais de 10 % do total dos trabalhadores, uma parte significativa de idosos pensionistas, e as crianças das famílias destes dois conjuntos de pessoas.

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A pobreza é uma desgraça, tem de ser tratada como tal, mas jamais pode ser aceite como fatalidade. 

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Numa perspetiva conjuntural são louváveis as ações que atenuam as carências e os sofrimentos causados pela pobreza, mas confundir tais atitudes com o combate estrutural é hipocrisia pura.

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É preciso tratar o pilar das políticas sociais respondendo às manifestações da pobreza com respostas robustas.

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Os Orçamentos do Estado são expressões das nossas escolhas como sociedade e da coerência política com que encaramos os problemas.

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A tese de que primeiro se trata da criação da riqueza e depois das formas de a distribuir é uma das maiores trapaças com que se alimentam as políticas de baixos salários, a libertinagem contratual que raia o criminoso, as desigualdades e a pobreza.

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A destruição progressiva da negociação coletiva [entre outros fatores provocando] uma harmonização no retrocesso, mais alimentam a "eternização" da pobreza no nosso país.

Carvalho da Silva, JN

 

Há um país que pode estar suspenso por um primeiro-ministro que analisa o poder como uma circunstância do momento e não como o dever de serviço de que está incumbido. 

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Após uma vitória algo tímida nas autárquicas, onde a perda de autarquias simbólicas afectou a moral socialista e acrescentou pontos às dúvidas, Costa parece ainda viver numa zona de conforto muito sua.

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Há uma parte do país que não lhe perdoou não ter tido a humildade de remodelar o Governo.

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Há uma parte substancial do país que já percebeu que, como em alguns momentos do passado recente, Costa só não negoceia porque não quer.

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É demasiado evidente a sua falta de vontade, pelo que já não consegue passar o odioso para o BE e PCP por uma eventual não aprovação do OE22. 

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E a questão que se coloca é se o PS que suporta esta governação quer tanto ir a eleições como António Costa aparentemente deseja.

Miguel Guedes, JN

 

A radicalização não é a insubmissão, nem a justa revolta, é outra coisa: é a substituição do indivíduo e da sua liberdade pela ordem de marcha.

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Vivemos há anos sob a ditadura de algumas expressões que fazem estragos na política, porque de há muito o seu significado original se perdeu ou deixou de ter sentido.

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Mas a substância da democracia perde quando a ecologia do combate, o desespero da impotência, a fragilidade do cansaço, se misturam para criar este caldo de cultura.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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