Em conferência de imprensa, Louçã criticou o facto de Cavaco Silva ter apelado aos governantes para que «expliquem melhor» as medidas de austeridade.
«O Presidente da República, na cerimónia do dia 10 de Junho, voltou a insistir que é necessário explicar melhor a austeridade aos portugueses [considerando que] se lhes for melhor explicado por que aumentam os impostos, então, sentirão menos este aumento. Nada de mais errado e até nada de mais socialmente arrogante», afirmou o líder do BE.
Francisco Louça afirmou ainda que «estava exactamente à espera deste discurso»: «Creio que o PR convive, como sempre, muito bem com as medidas de austeridade europeias. Por isso, não tem uma palavra sobre o aumento dos impostos de ontem, não tem uma palavra sobre a redução dos salários e assinala que temos um problema gravíssimo de desemprego».
«Mas não estou à espera de ouvir do PR, nem do primeiro-ministro nem do doutor Passos Coelho nenhuma palavra que se levante contra a Comissão Europeia quando nos propõe que facilitemos os despedimentos e é por isso que o ministro das Finanças já abriu portas a um consenso para facilitar os despedimentos», acrescentou.
De acordo com Francisco Louçã, está na hora de «tomar as boas medidas», deixando uma proposta para «salvar o SNS», que considera ser uma prioridade para os portugueses. O líder bloquista defende que é preciso trazer para Portugal os estudantes [portugueses] de medicina que estão no estrangeiro.
«Há hoje 2.500 estudantes de medicina a estudar na República Checa, em Espanha e noutros países. O BE propõe que se abra a possibilidade de todos estes estudantes terem contrato garantido durante dez anos a partir do primeiro ano de especialidade, no âmbito do SNS, para que possam aprender, formar-se e devolver os cuidados e a entrega de que o SNS precisa para assegurar a sua cobertura universal», concluiu Francisco Louçã.
O Presidente da República defendeu hoje uma repartição justa e equitativa dos sacrifícios, sublinhando que «a coesão nacional exige que a sociedade se reveja no rumo da acção política».
Salientando que é necessário «deixar para trás divisões estéreis e sem sentido» para nos concentrarmos no essencial, Cavaco Silva não escondeu a «situação difícil» que o país atravessa, «um tempo em que muitos portugueses temem pelo seu emprego, em que muitos dos que estão desempregados receiam não voltar a encontrar trabalho, em que os jovens se interrogam sobre o seu futuro».
«Não se podem pedir sacrifícios sem se explicar a sua razão de ser, que finalidades e objectivos se perseguem, que destino irá ser dado ao produto daquilo de que abrimos mão. Quanto mais se exigir do povo, mais o povo exigirá dos que o governam», disse, considerando que a «coesão nacional exige que a sociedade se reveja no rumo da acção política».
Lusa / SOL
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