Os resultados de 6 de outubro negaram a
maioria absoluta desejada pelos que viram no peso do Bloco e do PCP empecilhos
à governação “natural” do PS.
(…)
Os socialistas ficam menos vinculados a
metas de transformação a que a esquerda dá voz.
(…)
O que tem continuidade depois das
eleições são os problemas das pessoas e do país e a diferenciação entre uma
resposta a esses problemas fundada em mais direitos e uma resposta fundada em
defesa da concentração de riqueza e de poder.
(…)
Não muda o desafio político fundamental
de fazer justiça nas carreiras da administração pública e aos trabalhadores do
setor privado.
O BE e o PCP saberão, por certo, encontrar
formas de afirmar o seu espaço e as suas agendas, que se perspetivam
consistentes e ofensivas.
(…)
Na anterior legislatura
encontrou-se uma solução política com base em acordos minimalistas, entre
grandes desacordos.
(…)
Os portugueses estão hoje
mais despertos para as falsas bondades das precariedades, das políticas
económicas e sociais assentes na desvalorização interna, da modernidade da
emigração.
(…)
O programa continuará a
sobrepor as "contas certas" ao aumento de investimento em setores
fundamentais, à recuperação do SNS e à melhoria das pensões?
Uma rosa só dura um dia, e tanto bastou para
que o PS batesse com a porta nas negociações para um acordo de legislatura.
(…)
Não houve maioria absoluta, é certo, e
isso foi uma derrota para os vencedores da noite, que sabem que tiveram todas
as condições para o conseguirem e falharam.
(…)
Nas negociações ensaiadas na
quarta-feira e fechadas precipitadamente por um comunicado do PS na
quinta-feira à noite, ficou a saber-se que o Governo não quer maioria, quer
jogo político.
(…)
O BE, ao propor uma discussão sobre
temas definidores da política para quatro anos, elevou a exigência da discussão
para prioridades nacionais.
(…)
Alguém acredita em soluções para o
investimento, a saúde e a habitação neste mundo de jogos de curto prazo?
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Há boas razões para supor que os eleitores
do PS, do BE e do PCP, votaram, também, na continuidade da “geringonça”.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
As diferenças entre mulheres e homens
não são justificadas apenas pelo sexo com que nasceram, mas que são também influenciadas
pelo ambiente (género).
Carla Bernardo, “Expresso”
(sem link)
Querendo fazer que uma coisa pareça o
seu contrário, os socialistas acabaram com a geringonça. Nem uma nem meia. Nenhuma.
(…)
Em política os acordos que envolvem a
nossa vida fazem-se por escrito. Para BE e PCP eles correspondem a conquistas
que arrancaram ao PS.
(…)
[Quanto às leis do trabalho] o BE até
foi comedido, exigindo apenas o regresso ao código laboral de Vieira da Silva.
(…)
[O PS] não pode exigir lealdade aos
partidos á sua esquerda sem lhes ter dado nada em troca.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
O antissistema vive do sistema que
agride ou ficará sem nutriente para discursar contra o inimigo interno que
assim recria.
(…)
O populismo não é em si um fim, mas um
meio para servir uma ideologia.
(…)
Neste jogo sem regras de Ventura, a
primeira regra é dar-lhe a importância proporcional à sua representação.
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Só uma sociedade de informação,
conhecimento e cultura pode lidar com o impulso da violência política.
(…)
O populismo é demasiado fácil para ser
combatido sem trabalho.
Pedro
Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
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