Surpreende pelo timing a
decisão concertada entre Marcelo e Costa que deu por terminados os encontros
regulares no Infarmed, mantidos entre políticos, especialistas em saúde
pública, conselheiros de Estado, sindicatos e patrões.
(…)
Apesar do exotismo da
facilidade com que Rui Rio prescinde da presença de António Costa nos debates
quinzenais no Parlamento, a cultura de confronto não se extingue e parece ter
migrado para o PS.
(…)
A incomodidade de tantos
socialistas perante a opinião própria de Pedro Nuno Santos relativamente ao tão
maltratado dossier das eleições presidenciais dá bem nota de como o PS se
prepara para apoiar mais uma decisão concertada entre Marcelo e Costa.
Estamos a caminho de sermos governados pelo centrão
político.
(…)
O centrão de interesses,
que viveu uns anos incomodado com uma governação um pouco mais à esquerda,
jamais abdicou do objetivo de dispor de um poder que lhe corresponda
plenamente.
(…)
Algumas medidas de combate
à austeridade e reposição de rendimentos, adotadas nos primeiros anos da
anterior legislatura, vingaram porque estavam plasmadas em acordos entre o PS,
o BE, o PCP e os Verdes.
(…)
O centrão político
prepara-se para manipular os medos que as pessoas sentem perante a desconjunção
da economia, as ameaças à saúde e a impossibilidade de termos uma noção do
tempo em que continuaremos prisioneiros.
(…)
Nos últimos dias foi
anunciada a convergência entre os dois partidos para a machadada final na
regionalização, quando é tão necessário organizar poderes dinâmicos.
Ser imigrante em Lisboa ou
Porto aumenta a probabilidade de ser infetado.
(…)
Os caminhos do vírus
percorrem agora as fragilidades das condições socioeconómicas mais vulneráveis.
O vírus explora os problemas que o modelo económico criou.
(…)
Os epidemiologistas
demonstraram como a sobrelotação de alojamentos, com a coabitação de famílias
no mesmo espaço, também faz parte do problema.
(…)
Combater o vírus passa por
combater a precariedade laboral, social e habitacional.
(…)
São os dados científicos
que mostram como o vírus está a percorrer os caminhos das nossas fragilidades
sociais e económicas e nos indicam quem está em situações de maior risco.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem link)
A narrativa oficial de que
o mercado se autorregula e assim se encontram alternativas de produção menos
poluentes através dos mecanismos de preço e concorrência é uma falsidade.
(…)
Para o bem e para o mal,
não há política para além do mercado.
(…)
O sistema económico que
polariza a acumulação de capital através da extração contínua dos recursos
naturais, e que com isso coloca o planeta à beira do abismo, é o mesmo que não
consegue resolver coisas simples como evitar que haja quem morra em casa ao
frio.
(…)
Em momento algum o
critério das emissões [de carbono] atribuídas é a supressão de necessidades
sociais - enquanto se cria alternativa - e a conservação da natureza.
(…)
[No momento atual] na
resposta climática a visão dominante continua a ser a do “negócio habitual” com
as pequenas mudanças para que tudo se mantenha.
(…)
Nelson
Peralta, “Público” (sem
link)
A generalidade dos economistas é
ignorante em relação ao pensamento económico e, por isso, ignorante em relação
à História e, por isso, ignorante em relação à Economia.
(…)
O monolitismo e falta de pluralismo do
pensamento económico é transposto para as instituições e para os media,
afunilando o debate e limitando a democracia.
(…)
A verdade é que uma faculdade que aceita
que aqueles que de alguma forma investiga lhe paguem as contas está condenada
na sua liberdade científica.
(…)
Dificilmente a SBE [School of Business
and Economics] poderá fazer um estudo que ponha em causa as vantagens de
continuar a dar tanto poder concorrencial a grandes distribuidores como a
Jerónimo Martins.
(…)
Um dos principais objetos de estudo da
Economia, como é tratada na Nova SBE, é a forma como funcionam os mercados.
Permitir que as maiores empresas paguem as contas implica um conflito de
interesses.
(…)
O dinheiro é, neste tempo, o mais forte
instrumento de censura e condicionamento.
Daniel
Oliveira, “Expresso” Diário (sem
link)
As violações em massa
[durante a Guerra na Bósnia] - cometidas por todos os exércitos mas
particularmente pelo exército sérvio contra as mulheres muçulmanas bósnias -
alertaram para a necessidade de pensar a violência sexual como parte de um
programa de limpeza étnica e genocídio.
(…)
Desde o início das
hostilidades nos Balcãs, as mulheres organizaram-se e insurgiram-se contra o
controlo da sua sexualidade e a violação dos seus direitos reprodutivos,
sexuais e da regressão do que haviam conquistado no pós-guerra.
Leonor Rosas, “Público” (sem link)
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