Quando em campanha eleitoral, Obama
lembrou que um quarto da população prisional do mundo, 2,2 milhões de pessoas,
está nos cárceres norte-americanos.
(…)
A taxa de encarceração no país é de 730
por 100 mil habitantes (na Rússia é de 610, com 874 mil presos, na China é de
118, com 1,5 milhões de presos, em Portugal é maior)
(…)
O sistema tem que ser corrigido, dizia o
candidato. Não se passou nada.
(…)
Existe uma longa tradição de soluções
carcerárias nos Estados Unidos, que se alimenta de uma diferenciação: os negros
são 40% da população prisional.
(…)
Segundo um livro publicado há meses por
Fabrice Dhume, da Universidade de Paris Diderot, existe um enviesamento étnico
que leva a que, nas mesmas condições, um negro em Paris tenha cinco vezes mais
probabilidades de ser interpelado pelas autoridades na rua do que um branco, e
um magrebino nove vezes mais.
(…)
Em Portugal, onde os números da
criminalidade grave se reduziram em 42% entre 2008 e 2018 (em 2019 subiram 3%),
temos 125 presos por 100 mil habitantes, embora a média na Europa seja de 106.
(…)
E temos uma duração média de
encarceramento de 32 meses, na Europa é de oito meses.
(…)
Se algo nos ensina a crise de segurança
nos EUA ou em França, é que se se abandonam as políticas sociais não se
consegue correr atrás do prejuízo. A segurança começa antes da porta da prisão.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
A recente acusação do GES é um trabalho
notável do Ministério Público. São quatro mil páginas com pouquíssimas
suposições e muitíssimas provas documentais.
(…)
A investigação dos Panama Papers foi
essencial no deslindar da estrutura gigantesca de offshores, que, no fundo, era
o GES.
(…)
A queda do GES não mudou o regime, mudou
a estrutura de poder, o que já foi muito, mas não tudo. É uma pena.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Em Portugal, a principal debilidade das
políticas públicas está menos na identificação dos problemas e muito mais na
forma como operacionalizamos as respostas e cuidamos dos seus atributos
formais.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Não sou impressionável pela lisonja nem
pressionável pela ameaça. Vantagens de ser um radical mal-encarado e com longo
currículo de inimizades.
(…)
Tenho a minha opinião, vivo bem com a
dos outros e gosto pouco de passar a cúmplice dos que sempre denunciei.
(…)
Se resisto a superbanqueiros e
supergestores, também resisto a superjuízes.
(…)
Serve-nos um país onde a banca não manda
em políticos, os monopólios não são privados e os processos não morrem em
manchetes oferecidas por magistrados.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
[Na Polónia] o peso da
Igreja Católica é tão forte no país que se realizam manifestações contra o
aborto nas ruas, com padres e freiras à frente da marcha.
(…)
Confesso que é assustador
viver num país onde a democracia está a ser constantemente abalada, em que o
ultra nacionalismo cresce, em que ser-se “pessoa” já não é suficiente.
Ana
Isabel Tomatas, “Público” (sem
link)
Sim, porque antigamente é
que era bom. Antes da lei proibir que empresas financiassem partidos nada isto
era incorreto, quanto mais ilegal.
(…)
Os bons velhos tempos em
que o BES e o GES podiam financiar os partidos do regime sem esta publicidade
negativa, sem este mal estar.
(…)
Veja-se agora a cruz que
carrega Miguel Frasquilho, que tem uma declaração das finanças a dizer que está
tudo em ordem, mas o nome nos escaparates com as provas de ter recebido do tal
“saco azul”.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
O produto interno bruto
português foi em 2019 pouco mais de 212 mil milhões de euros. Logo, o valor da
fraude do caso GES/BES representa 5,6% do PIB.
(…)
A atividade criminal na
União Europeia representava em 2010 1% do PIB. A fraude do BES é um
buraco cinco vezes superior na economia nacional. É colossal.
(…)
O que falta, um pouco por
todo o lado, é melhorar os procedimentos para recuperar os ativos perdidos em
fraudes e atividades ilícitas.
(…)
Se os reguladores, o
sistema judicial e os responsáveis políticos fizessem o seu trabalho, estes
buracos negros aspiradores de valor, que sai diretamente do nosso bolso para o
dos donos disto tudo, não apareciam por aí como cogumelos.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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