[O fim dos debates quinzenais dá um
sinal] altamente negativo, de desapego ao debate e ao confronto democrático e à
fiscalização do Governo [por parte de PS e PSD].
(…)
[No lay-off] há uma gritante
desigualdade no modo como a medida trata o trabalho e o capital.
(…)
Os sacrifícios imputados a quem trabalha
contrastam com a ausência de contribuição exigida às empresas que acumularam
lucros.
(…)
A simplificação do lay-off deu azo a uma
vaga de abusos laborais, que o Governo não preveniu no modo como desenhou a lei
e que a inoperacionalidade da Autoridade para as Condições de Trabalho não
trava.
(…)
A pandemia revelou os efeitos da
precarização das relações de trabalho, que o PS não quis inverter até agora.
(…)
Garantir agora a proteção social implica
combater a precariedade, fazer uma alteração estrutural à proteção no
desemprego e ter uma proteção social que permita às pessoas sair da pobreza.
(…)
[Ao apoios criados no Orçamento
Suplementar] além de temporários, têm um problema de fundo: nenhum deles tem
sequer como referência o limiar de pobreza.
A saída da crise em que
estamos mergulhados impõe alterações no padrão de especialização que tínhamos
antes da pandemia.
(…)
Não podemos continuar a
depender tanto do turismo e do imobiliário e é necessário colocar o futuro
destes setores associado à melhoria das condições de vida dos portugueses.
(…)
Sem dúvida que o volume e
as condições gerais das verbas aprovadas para a reconstrução económica e social
mais imediata (com realce para os 750 mil milhões) não são o mesmo que os
planos de ajustamento impostos pela UE na crise anterior, mas não são, de
certeza, um plano Marshall.
(…)
Não se inculque na cabeça
dos portugueses a ideia de que vamos ter todos os dias à nossa disposição um
pote de muitos milhões de euros para gerirmos como quisermos.
(…)
A distribuição de apoios
às empresas sem critérios tem de terminar.
(…)
É imprescindível
salvaguardar meios para o reforço da capacidade do Estado com vista a garantir
aos portugueses direitos fundamentais, como a saúde e o ensino.
(…)
A proteção das pessoas, do
emprego e do sistema da Segurança Social tem de ser prioritária.
A velha luta entre
hedonistas latinos e holandeses frugais está ao rubro.
(…)
É apenas um empréstimo dos
frugais DDE à comunidade despesista que alimenta as contas do paraíso fiscal
holandês com 10 mil milhões de euros/ano de impostos sobre o lucro, desviados
das economias reais.
(…)
O Parlamento era para ser
a casa do debate em democracia, mas passa da abundância de um debate quinzenal
com o primeiro-ministro para a frugalidade da presença de António Costa em
formato bimestral.
(…)
Os "vistos gold"
eram para ser uma ferramenta para a captação de investimento e para a criação
de postos de trabalho, mas, nos últimos oito anos, só 0,19% deram origem a
empregos.
Chegaram ao fim os debates quinzenais, criaram-se obstáculos na apresentação de petições ao
Parlamento, levantaram-se dificuldades para a apresentação de candidaturas
autárquicas.
(…)
A nossa democracia já não
anda para a frente, meteu a marcha atrás. PS e PSD uniram-se para esses recuos.
(…)
Escrutínio, fiscalização,
debate e transparência, nada disto lhe toca ao coração, bem
pelo contrário. Foge que nem diabo da cruz.
(…)
[Nesses dias da “geringonça”
os debates quinzenais] foram fundamentais para a criação de uma nova Lei de Bases da Saúde, para o aumento das pensões ou do Salário Mínimo
Nacional e outros avanços.
(…)
O ataque ao direito de petição também não tem justificação. PS e PSD elevaram de 4 mil
para 10 mil o número de assinaturas necessárias para que o Parlamento discuta
uma petição apresentada.
(…)
No caso da lei eleitoral
para as autarquias, a história repetiu-se. PS e PSD uniram-se para criar regras
que dificultam a apresentação de candidaturas de cidadãos, defendendo o
monopólio dos partidos e das máquinas partidárias.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
Embora o custo desse
dinheiro nestes dias seja muito indiferente a quase todos, dos de cima aos de
baixo, esse dinheiro tem um enorme preço: o pouco que já sobrava de Portugal
como país independente.
(…)
[Tal como já acontece com
a política fiscal Portugal] vai agora ter a sua política económica e social
igualmente controlada.
(…)
O princípio de que quem
paga manda é uma receita para o desastre, vai alimentar o populismo, tornar
indiferente em quem se vota, erodindo a democracia.
(…)
Uma coisa é ser pequeno e
fraco e outra é ser subserviente.
(…)
E se há coisa que se pode
dizer desde já é que exactamente o dinheiro funciona contra a mudança, tende a
solidificar tudo o que está mal.
(…)
O nosso patronato não é
particularmente competente, gere mal e considera que as empresas são uma
extensão do seu cofre.
(…)
Já o que demos em troca de
soberania e democracia, isso vai ser muito difícil de recuperar.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
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