(…)
Parece que se está a chegar
finalmente a um consenso sobre o absurdo que é tratar a relação entre o Estado
e as pessoas migrantes como se fosse uma questão de polícia.
(…)
Ao SEF faltam meios, mas
abunda, também na componente administrativa, uma incompreensível arbitrariedade
e injustiça.
(…)
Portugal deve ter uma
polícia para investigar as redes de tráfico e essa é uma boa missão para o SEF,
em relação à qual não falta o que fazer.
(…)
Infelizmente, a
discriminação, a xenofobia e a violência racista não são casos isolados nas
polícias portuguesas.
(…)
Este organismo do Conselho
da Europa [Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância] tem insistindo
que o Estado português deveria por em marcha uma política de tolerância zero
relativamente ao racismo nos seus serviços.
(…)
Não é a primeira vez, aliás,
que Magina da Silva brinda o país com um discurso irresponsável de pistoleiro.
(…)
A reação das instituições ao
assassinato de Ihor Homenyuk esteve muito aquém do exigível.
(…)
A direção do SEF esteve
meses sem assumir que havia responsabilidades.
(…)
Este caso trágico, contudo,
tem de ser a oportunidade para mudar tudo no SEF.
(…)
E haverá pouco quem acredite
que Eduardo Cabrita tem ainda condições para conduzir tal empreendimento.
José Soeiro, “Expresso” Diário
A verdade
é que perdi a conta às comparações feitas com o modelo sueco [no combate à
pandemia] e às opiniões que elevavam aos píncaros as ideias das restrições
mínimas e da responsabilização individual.
(…)
Nas
últimas semanas, os números desmentiam o
sucesso escandinavo a cada dia, mas havia sempre alguém que ignorava os factos,
torcia as estatísticas, comparava o incomparável.
(…)
A frase
lapidar do Rei da Suécia arrumou o assunto: “Falhámos”
(…)
Estamos
na curva apertada da segunda vaga e com o horizonte carregado, tendo à vista
uma possível terceira vaga pandémica já para janeiro – não podemos facilitar.
(…)
Nos
internamentos ou em UCI o número de camas ocupadas [no início da segunda vaga]
era cinco vezes menor do que atualmente.
(…)
No
tocante aos nossos heróis da linha da frente, não tinham o cansaço acumulado de
nove meses de pandemia.
(…)
Não quero
ser portador de más notícias, mas ainda temos muitos dias difíceis pela frente.
(…)
Se a
terceira vaga nos ameaça, o Governo não se pode mostrar desprevenido como
aconteceu na segunda vaga.
(…)
Haja
coragem de colocar o interesse público à frente da pressão dos lobbies privados da saúde.
(…)
O modelo
sueco afirmou-se na desresponsabilização de um Estado perante os
mais velhos.
(…)
Temos de
defender o SNS para que ele nos proteja a todos.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Qualquer reaparecimento público de Cavaco Silva ou de Durão
Barroso é um acontecimento equiparável à permanência de crédito malparado:
convoca sempre um ajuste de contas com o passado.
(…)
O reaparecimento do ex-presidente é o melhor espelho sobre as
diferenças entre o passado e o presente.
(…)
Se as presidenciais fossem apenas um exercício de elogio à
memória, Marcelo desejaria a sombra de Cavaco como prenda de Natal e aspiração
de ano novo.
(…)
Durão Barroso, presidente da Goldman Sachs vindo da porta
giratória da Comissão Europeia, interpõe processo de 292 milhões de euros
contra a República Portuguesa.
(…)
Incapaz de confinar os vilões húngaros e polacos, Macron
permitiu o desrespeito pelos mecanismos do Estado de direito e consentiu, com
os seus pares, que a extrema-direita continue a condicionar a tomada de
decisões na União Europeia.
(…)
Resta saber se a António Costa e a UE irão continuar a olhar
serenamente para os vilões .
Deixando de lado a análise sobre onde nasce o dinheiro e como
lhe é deitada a mão, direi que é muito importante os nossos empresários
colocarem a falta de procura no topo das preocupações.
(…)
A aposta nas exportações - que de forma alguma deve deixar de
ser considerada - perspetiva-se como muito limitada por um período indefinido,
e as cadeias de valor vão ser sujeitas a mudanças.
(…)
É, pois, necessário dar redobrada atenção à procura interna.
Isso implica reforço do valor dos salários e de outros rendimentos.
(…)
Uma outra contradição tem a ver com a crença de que a
liberdade de iniciativa e a maximização do lucro tudo resolvem na economia.
(…)
Esta via é comprovadamente desastrosa.
(…)
Há que não desperdiçar tempo, mas é indispensável
planificação e estudos sérios.
(…)
As opções têm de ser integradas numa estratégia de
desenvolvimento do país, onde se consideram não apenas no objetivo do lucro
caso a caso, mas sim, nomeadamente, o emprego direto e indireto e a sua
qualidade.
Mais de
50% das pessoas trans são discriminadas, pelo menos uma vez, por um
profissional de saúde.
João Correia Rodrigues, “Público” (sem link)
Uma
década depois do seu gesto de herói romântico, Bouazizi, o herói popular
[tunisino], usado como inspiração para ousar, está hoje transformado para
muitos no bode expiatório dos fracassos posteriores.
(…)
Os pobres
e desesperados seguem hoje tão pobres e ainda mais desesperados porque antes
não sabiam o que era esperança e agora sabem que a perderam para sempre.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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