(…)
A generosidade da pensão atribuída depois disto [volumosas perdas
nunca ressarcidas] é um pálido retrato de um sistema corroído.
(…)
Se a generosa proposta dos partidos de extrema-direita um dia
vingar, a redução da taxa máxima de IRS para 15% pouparia por ano a este
denodado banqueiro uns módicos €808 mil (na versão anterior da sua pensão) ou
€226 mil (na versão cruelmente reduzida da sua pensão atual).
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Durante dois anos, Eduardo Cabrita ignorou avisos
e relatórios que indicavam uma cultura de abuso no CIT do Aeroporto.
(…)
O que faz agora, em desespero político, apenas confirma tudo
o que não tinha feito.
(…)
Mas só ela [demissão de Eduardo Cabrita] devolverá a autoridade do
poder político sobre as forças de segurança.
(…)
Em circunstâncias normais, o diretor da PSP seria imediatamente
demitido [depois do episódio de Magina da Siva em Belém].
(…)
É interessante comparar o comportamento de Costa com Cabrita com a
que teve com um outro ministro, que tem nas mãos um dossiê difícil: Pedro Nuno
Santos.
(…)
O tom acintoso com que [Costa] desautorizou o seu ministro, mais
parecendo que se dirigia a um membro da oposição, teve a intenção evidente de o
humilhar publicamente.
(…)
Um primeiro-ministro que esteja mais preocupado em comprometer o
futuro político desse ministro do que em garantir o futuro da TAP.
(…)
O que leva um primeiro-ministro a tentar tirar autoridade a um
ministro que a tem e a defender para lá do limite do razoável um ministro que a
perdeu?
(…)
[Pedro Nuno Santos é o único ministro] com peso próprio no PS
e que tem ambições independentes da vontade de Costa.
(…)
[Costa] não se importa que um ministro seja incompetente se lhe
for absolutamente leal. E isto tende a agravar-se com o tempo no poder.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A estabilidade dura até ao momento em que um evento que não
antecipámos desencadeia uma crise política.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Se [Ihor Homeniuk] tivesse sobrevivido, não haveria nada,
nem denúncia, nem notícia, nem IGAI, nem política, apenas um registo perdido de
um homem devolvido à proveniência.
(…)
Quantas vezes polícias abusaram do poder e agiram sem lei,
cobertos por uma cultura de silêncio de colegas?
(…)
Se privam os inquiridos de advogado e de intérprete, privam-nos da
lei, da dignidade e da civilização.
(…)
Para Ihor Homeniuk, aquela sala foi Guantánamo.
(…)
Quase tão chocante como a violência sádica foi a cumplicidade de
quem lá estava e se calou.
(…)
O que Eduardo Cabrita fez marca-se pelo que não fez.
(…)
É evidente que a cultura de calar perante a violação da lei tem de
mudar, mas não é evidente que isso acontecerá nem como.
(…)
[É preciso] recusar a proteção, pela ação e pelo silêncio, dos que,
tendo poder, abusam dele.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
2020 foi um ano tenso em que assistimos ao medo a uma escala
mundial que há gerações não se via.
(…)
Criou-se a consciência de que interferimos de uma forma perigosa
no sistema terrestre.
(…)
2020 foi ainda o ano de um salto decisivo na ciência, e isto
abrange as ciências todas, porque elas estão ligadas.
(…)
Houve danos que não se conseguiram evitar, mas também esperanças
que viram a sua dinâmica avançar.
(…)
Mas alguma coisa de fundamental ficou
gravado na consciência de todos perante o papel central que o ambiente
significa nas nossas vidas e na nossa segurança.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
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