(…)
Não é
o SNS que tem a capacidade de, em nome do bem comum, definir o que é e não é
prioritário a nível nacional, o que é mais urgente e essencial, a partir de uma
visão de conjunto?
(…)
Tenho
também dificuldade em aceitar que não tenha havido mais empenho e coragem para
fixar mais profissionais, em vez de se andar à pressa a fazer contratos de
quatro meses com enfermeiros, ou contratos temporários com médicos, que só
agora estão em regularização.
(…)
Inquieta-me
a falta de urgência que tem sido posta na revisão das regras das carreiras.
José Soeiro, “Expresso” Diário
O confinamento das famílias
propiciou as condições perfeitas para um maior controlo dos agressores sobre as
vítimas, para a vigilância apertada e permanente dos seus movimentos, contactos
e comportamentos.
(…)
A estratégia, para muitas
vítimas, tornou-se assim mais do que nunca a permanente tentativa de ‘acalmar
as coisas’, não responder, não fazer nada que pudesse espoletar a raiva e a
violência, aguentar.
(…)
A desconfiança na capacidade
das instituições, em especial da Justiça, para as proteger eficazmente, limita
a iniciativa das vítimas [de violência doméstica] denunciarem e pedirem ajuda.
(…)
Continuamos, sim, a ter uma
justiça machista que coloca todo o ónus da prova na vítima e continua, tantas
vezes, a desvalorizar e a desculpabilizar a violência contra as mulheres.
(…)
Mas os resultados do estudo [
da Escola Nacional de Saúde Pública] revelam outra realidade devastadora: “34%
das pessoas inquiridas foram vítimas de violência doméstica pela primeira vez
durante a pandemia”.
(…)
A diminuição de denúncias [de
violência doméstica durante a pandemia], como suspeitávamos, não significa uma
diminuição da violência, mas sim mais invisibilidade.
(…)
Fica claro que a pandemia e a
crise que arrastou consigo agravaram os contextos e fatores promotores da
violência doméstica, como agravam qualquer desigualdade estrutural da
sociedade.
Sandra Cunha, dep BE, “Público” (sem link)
Os computadores prometidos pelo Governo continuam longe da
realidade que milhares de estudantes irão enfrentar.
(…)
E agora que os computadores eram fundamentais, continuam em
falta.
(…)
Faltam os computadores às
famílias, sobram as despesas.
(…)
A insustentável leveza da carteira torna-se peso na
consciência.
(…)
Ficar em casa para cuidar das crianças é uma obrigação que
leva parte do salário. O fecho das creches ou do ensino básico leva
33% do rendimento.
(…)
Na bula do teletrabalho não vinha a contraindicação do seu
lado lunar. As contas que antes eram da empresa, agora são partilhadas pelo
trabalhador.
(…)
Onde antes havia um padrão, agora há o trabalho que não
acaba, o o email que chega a qualquer hora, o telefone que já não se desliga.
(…)
Os médicos que não soubemos agarrar no SNS espreitam agora
nas olheiras de quem resiste de forma sobrehumana.
(…)
Os técnicos auxiliares que não contratamos são os que falham
para ultrapassar o tsunami.
(…)
As desigualdades crescem a cada sobressalto. Isso é porque as
políticas públicas, que seriam fundamentais para responder às várias necessidades
neste período de crise, pecam sempre por defeito.
(…)
Hoje já sabemos que não precisava de ser assim. As contas
públicas de 2020 mostram como o Governo não gastou sequer o que tinha previsto.
(…)
[Isso] foi porque o Governo deixou mais famílias abandonadas
à sua sorte, deixou a economia mais desprotegida do que prometeu ou os serviços
públicos sem o investimento necessário.
(…)
Já sabemos de crises anteriores: respostas mínimas dão origem
à crise máxima. Porquê teimar em cometer os mesmos erros?
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
As eleições são marcadas pela fuga do PS
à sua responsabilidade ao não ter apresentado candidato próprio ou apoiado
explicitamente algum.
(…)
Um partido fundador da democracia falta à
chamada no momento em que a democracia mais exigia a sua presença.
(…)
A falta de comparência do PS criou um
perigoso puzzle político em que as peças não encaixam.
(…)
Este tacticismo irresponsável do PS pode
não penalizar o partido nas urnas mas penalizará irremediavelmente a democracia.
O cenário político que vivemos é marcado por um movimento tectónico de
perigoso deslize para a Direita.
(…)
O Partido Socialista parece contentar-se em estacionar na dita direita
social do PR.
(…)
As dinâmicas políticas corrosivas e
destruidoras de valores, que a extrema-direita prossegue, ameaçam a
estabilização da sociedade, a dignidade humana e a democracia.
(…)
A pandemia, pela surpresa com que emergiu
e pelos seus impactos imediatos, provocou forte alerta sobre o valor da vida.
(…)
Os poderes dominantes querem fazer da
gestão da pandemia uma oportunidade para executar os seus programas e tolher o
futuro.
(…)
Acelera-se a concentração da riqueza, o
domínio de grandes plataformas e grupos empresariais sobre a estrutura da
economia.
(…)
Os jovens estão a ser muito sacrificados,
mas não há sinais de políticas novas que os venham a beneficiar.
(…)
Prossegue a precariedade, a redução de
direitos laborais e de salários e surgem novas formas de exploração.
(…)
A pandemia evidenciou a centralidade do
trabalho e a necessidade de se valorizarem os trabalhadores, todavia
intensifica-se a campanha para apoucar o conceito trabalhador.
(…)
Na política, para além do voto, tem de
estar uma agenda laboral e sindical ofensiva, enquanto eixo fundamental na
construção de alternativas à Esquerda.
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