(…)
Portugal tem vindo a reduzir esse valor [do investimento líquido]
em todo o período do euro.
(…)
Se for bem usado, o momento excecional em que se pode fazer
investimentos com juros negativos é uma oportunidade para renovar
infraestruturas, criando emprego agora e poupando gastos futuros.
(…)
Depois será mais caro e a perda de tempo é também um preço para a
estupidez.
(…)
O FMI, (…), veio há um par de meses aplaudir esta viragem [defendendo
o investimento público].
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Em dezembro, segundo os números oficiais do portal Transparência —
SNS, temos no SNS muito menos médicos do que em janeiro de 2020.
(…)
O défice de profissionais no SNS é enorme.
(…)
O primeiro-ministro escolhe negar um problema que diz que não
existe, uma vez “alisados” os números.
(…)
Nos próximos três anos poderão sair mais 2800 médicos dos centros
de saúde e hospitais.
(…)
Há mesmo um problema. Torturar ou alisar os números não o resolve.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Qualquer análise séria dos resultados [de Ventura] mostra que uma
grande parte destes eleitores vem do campo da direita.
(…)
Mas a aliança social em torno de Ventura é, com adaptações
nacionais e temporais, semelhante às que então [anos 30] se formaram.
(…)
Com atualizações, já ouvia o discurso de Ventura nos cafés quando
era criança.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A condição dos trabalhadores húngaros tem sido
difícil ao longo dos anos, mas nos últimos meses tem mudado de uma forma muito
diferente dos sistemas democráticos.
(…)
[Pela Europa] poucos parecem ter notado
que o país [Hungria] se está a transformar numa espécie de colónia industrial
para investidores estrangeiros.
(…)
[O
Governo húngaro] privou os
trabalhadores das fábricas e mesmo os funcionários públicos do seu direito de
protesto ou greve.
(…)
A pandemia acabou por ser a ocasião perfeita
para Orbán mudar os direitos de milhões de trabalhadores para pior.
(…)
Nos últimos meses de Março e Abril, o Governo
decretou a suspensão do Código do Trabalho e cancelou as convenções colectivas
em vigor, justificando estas decisões com a necessidade de conter a pandemia.
(…)
Neste momento, cada trabalhador está vinculado
à empresa com um contrato individual, que já não é negociável pelos
representantes sindicais.
(…)
Nos últimos anos, houve mais de meio milhão de
pessoas (5% da população total) a emigrar da Hungria para a Europa Ocidental,
sendo a rápida substituição da mão-de-obra um dos maiores problemas para os
investidores estrangeiros.
(…)
Os contratos para as instalações das fábricas
são regularmente atribuídos a amigos e familiares do próprio primeiro-ministro.
(…)
A “lei de escravidão número um”, que
estabelece dez horas extraordinárias obrigatórias por semana, é claramente uma
violação da Directiva 2003/88/CE sobre o tempo de trabalho.
(…)
A Hungria de Orbán é o principal cliente da
indústria de armamento alemã.
(…)
Agora, os antigos funcionários públicos podem
ser despedidos no local e cada um deles está vinculado ao governo através de um
contrato individual.
Federico Fubini, “Público”
(sem link)
O sonho português era o facto de Portugal ser o
único país da Europa sem significativa força de extrema-direita.
(…)
A verdade é que, ao longo dos últimos cem anos,
a extrema-direita esteve quase cinquenta anos no poder.
(…)
Se algum sonho terminou, foi o da
clandestinidade e contenção da extrema-direita.
(…)
Para que o sonho não seja seguido de pesadelo,
é necessário analisar o que ocorreu nas eleições.
(…)
[O crescimento da extrema-direita] chega a
Portugal com algum atraso, e isso pode ser uma vantagem, dado que começam a ser
notórios os desastres sociais e políticos a que a extrema-direita conduz os
povos quando governa.
(…)
A nova geração de fascistas chega ao poder
democraticamente, mas, uma vez no poder, não o exerce democraticamente, nem o
abandona democraticamente, se perder as eleições.
(…)
[Outro pilar da extrema-direita é] o
aprofundamento repugnante das desigualdades sociais, a erosão das expectativas
de vida digna da grande maioria da população, o medo abissal da pobreza
abrupta, o abandono das populações do interior, a falta de acesso aos serviços
públicos, nomeadamente de saúde.
(…)
[Em Portugal não foi] feito um julgamento das
atrocidades e violências do fascismo e do colonialismo nem [se educaram] as
novas gerações sobre esse período obscuro da nossa história.
(…)
A relação da extrema-direita com os media convencionais tem seguido o mesmo padrão em todo o
mundo: um período inicial de deslumbramento seguido de hostilização e recurso
predominante às redes sociais.
(…)
O deslumbramento só começou a vacilar quando os
jornalistas passaram a ser insultados como inimigos e houve limpa-pára-brisas
partidos.
(…)
Na ausência de alternativas ao neoliberalismo,
à injustiça, ao racismo e ao sexismo, as populações vulnerabilizadas tendem a
pensar que os seus agressores são os que estão ainda mais vitimizados que eles,
sejam eles ciganos ou imigrantes ou populações negras.
(…)
O grande derrotado das eleições foi o PSD.
(…) [Rui Rio] Devia saber que, quer na Europa, quer no mundo, da Hungria e da
Polónia aos EUA e ao Brasil e à Índia, a extrema-direita não tem soluções para
proteger a vida ou melhorar a economia.
(…)
[A extrema-direita] é eficaz a destruir, mas
nada pode construir em democracia. Pela simples razão de que a sua solução é a
destruição da democracia.
(…)
A luta da esquerda deve ser hoje a de
aprofundar as virtudes e neutralizar os vícios.
Boaventura Sousa Santos,
“Público” (sem
link)
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