(…)
Refiro-me antes a quem recebe uma pensão. Havia, em 2019, 2,9
milhões de pensões pagas em Portugal, e essas pessoas perceberão que, quando se
refere aos “subsidiodependentes” e “coitadinhos de Abril”, o dr. Ventura quer
tirar o pão a muitas delas.
(…)
Num debate recente com o primeiro-ministro, o dr. Ventura explicou
a sua ideia: é tudo simples, quer acabar com as pensões não contributivas.
(…)
No total, são 1,7 milhões de mulheres e homens, cujas pensões
seriam mutiladas pela vertigem venturista.
(…)
[Que essa proposta] atinja o princípio da solidariedade em que se
devem basear as comunidades sociais será unicamente uma confirmação do
fanatismo liberal.
(…)
O dr. Ventura devia ter cuidado com as pessoas de bem — é que elas
podem lembrar-se dele.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Não há razão nenhuma para que o acesso às redes
sociais não implique a obrigação de uma identificação de quem o faz, mesmo que
depois use um nome falso, ou pseudónimo.
(…)
Tenho consciência de que as coisas são mais
complicadas do que estas descrições, mas, mesmo assim, há pouca vontade de ir
contra os crimes cometidos.
(…)
Um dos aspectos mais relevantes é
responsabilizar as grandes empresas tecnológicas que controlam as redes sociais
pelo que nelas é colocado.
(…)
Tudo que disse sobre crimes “lá dentro”
aplica-se a Trump e aos seus apoiantes, que de há muito podiam e deviam ser
responsabilizados por muito do que escrevem nas redes sociais.
(…)
Quando Trump faz uma convocatória para 6 de
Janeiro em que apela aos seus seguidores para serem “wild”, selvagens, é difícil considerar que isto cabe no âmbito da
liberdade de expressão, porque tudo isto tem precedentes e contexto e vem de
quem vem.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
O Bem, para André Ventura, é a canalização das
energias primárias contra os outros numa espécie de guerra santa para legitimar
a violência contra os excomungados no plano social, para ir laminando por
camadas os diversos inimigos até ficarem só os eleitos da ditadura do Bem.
(…)
A “guerra” anunciada em cartazes por todo o
país é contra os mais fracos e desprotegidos para os eliminar por constituírem
um insucesso e darem prejuízo.
(…)
A sociedade dividida entre os puros e os
impuros com a ideia subjacente de que os puros têm o direito de se livrarem dos
impuros – ciganos, judeus, migrantes, refugiados, pobres e marginalizados e
outros.
Domingos Lopes, “Público”
(sem link)
Sejamos sérios: quem vota nos populistas gosta
deles, do que eles dizem, pensam e fazem.
(…)
Por cá, as alarvidades medievais e
anti-humanistas que Ventura propala, só têm impacto porque há muitos que pensam
como ele.
(…)
As pessoas que votam nos populistas estão mais
próximas do pensamento por eles verbalizado, do que de todas as outras
alternativas.
(…)
Na verdade, o populismo só existe porque há
muitas pessoas que se identificam com os valores e discursos defendidos pelos
seus protagonistas.
(…)
A globalização é, em certo sentido,
irreversível (embora transformável), mas que a democracia e o humanismo são as
estruturas indispensáveis a uma vida civilizada, e que as devemos consolidar,
nunca abandonar.
Gabriel Leite Mota,
“Público” (sem
link)
[Marcelo] não concorre, passeia-se.
(…)
Depois de uma inesperada segurança tática nos debates, Ana Gomes
falhou o tiro com Marcelo, fazendo tudo o que não podia fazer, e não voltou a
corrigir a mira.
(…)
Por medo de eleições, o PCP prepara-se para ser o seguro de vida
de um PS sem nenhum projeto em que os comunistas se revejam.
(…)
Ventura é o repositório de todas as coisas insensatas e
insensíveis que muitas pessoas pensam sem dizer ou dizem sem pensar.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Espiar jornalistas para descobrir as suas fontes não é atacar
jornalistas e fontes, é atacá-lo a si.
(…)
Uma notícia não interessa porque é escrita, interessa porque é
lida, como um ato ilícito pode não ganhar existência se ninguém souber que ele
aconteceu.
(…)
Arrancar a língua às fontes não é só desdentar as bocas dos
jornalistas, é arrancar-lhe os olhos a si.
(…)
Muitas fontes correm riscos profissionais e pessoais, mas sem
fontes não há informação e sem fontes anónimas faltariam denúncias que iniciam
investigações.
(…)
[Os jornalistas] são os primeiros responsáveis pela defesa da
liberdade de que dispõem, o que implica serem investigadores mas não juízes.
(…)
É essa também a nossa função numa democracia: informá-lo sobre o
que outros não querem que se saiba, se tiver interesse público.
(…)
Não falta quem queira usar o poder para limitar o contrapoder.
(…)
Política, Justiça e jornalismo são instituições democráticas em
permanente tensão. O que garante o equilíbrio é a lei.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Não demorará muito a assistirmos a desacordos entre uma
Procuradoria Europeia cada vez mais poderosa e Ministérios Públicos nacionais
mais frágeis, fustigados pela opinião pública do Norte da Europa.
(…)
A competição entre diferentes legitimidades para escolher o
procurador português foi uma nota de rodapé, comparado com o que discutiremos
no futuro.
Pedro Adão
e Silva, “Expresso” (sem link)
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